quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Resumo do livro: Dona Flor e os seus Dois Maridos

Jorge Amado, um nome maior da literatura contemporânea brasileira e mundial consegue, com Dona Flor e os seus Dois Maridos, uma crítica mordaz à sociedade brasileira, estreita em seus costumes e de anseios limitados. As aspirações de uma bela cozinheira e dos seus 'quituques', bem balançadas por um samba que ecoa entre as linhas, reflectem, de forma despudorada, as contradições de uma sociedade de vícios secretos e públicas virtudes. A jovem viúva Flor precisa de sexo - e sexo é aquilo que não terá - enquanto não se libertar da carga pesada que envolve as tramas da vizinhança e o conservadorismo vigente Para tal, só no Além, no inantigível, no impossível, consegue - assim já não é pecado - assim é só visão do amor - assumida pela realização do desejo através do marido morto e não do namorado vivo. A sociedade observa por detrás das cortinas, critica em segredinhos, comenta a todas as horas, nas ruas e na igreja, o sexo é entendido como tabu, como proibido até mesmo em pensamento, Dona Flor floresce. O prazer é o prazer da vida, do sexo, da boa comida, do sol sempre eterno que jorra sobre ela. A roda do destino deu uma segunda oportunidade a Flor. Devolveu-lhe o marido morto e, melhor, devolveu-o só para ela - não tem já de o partilhar com as inúmeras concorrentes que o levaram à morte, num Carnaval sem fim. O namorado vivo ajusta-se também à menina-criança na dança de roda que é Flor - a mulher que ama e respeita transforma-se na mulher que deseja - ele próprio cresce, transforma-se, evolui. Do homem sério ao Amante. O prazer - entendido por Dona Flor como realização da sua feminilidade, vai ter então de despontar. E é um milagre da criação.

0 Comments: