tag:blogger.com,1999:blog-63764335682876881232024-03-18T19:47:23.687-07:00Literaturaaprendendo e viajando no mundo da imagunação ...com os livrosLiteraturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.comBlogger58125tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-74667646314397298392009-06-10T05:13:00.000-07:002009-06-10T05:14:37.643-07:00Resumo do livro: O Amor de Capitu<div align="justify">A história se passa no Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX, na rua de Montecavalos (tudo começa em novembro de 1857). Vivia-se então o império e a escravidão. Bento e Capitu, desde cedo, demostravam um grande afeto um pelo outro. Mas ele todavia, tem seu destino traçado por uma promessa da mãe; ela perdera um filho anteriormente e jurou que se lhe nascesse novamente um filho, sendo menino, iria fazê-lo padre.Bentinho parece ser um menino inseguro excessivamente protegido pelo mãe, talvez até porque fora criado sem um pai ( perdera-o aos 4 anos), cujo modelo pudesse seguir. Capitu era uma menina determinada, segura de si, firme de suas decisões que sabe muito bem disfarçar intenções com seu "olhar resaca". O amor entre eles, todavia, cresce dia após dia.Bento, enfim vai para o seminário, muito a contragosto, mas contado que tudo seria por um período curto, até que ele conseguisse sair de lá. No seminário conhece Escobar, um menino calado e inteligente, que logo torna amigo íntimo seu e de sua família. Escobar tem grande carinho por Capitu.Bento e Escobar deixam o seminário. Aquele vai estudar Direito e forma-se advogado; este por sua vez, torna-se um bom comerciante. Bento casa-se com Capitu e Escobar com Sancha. Os dois casais passam a freqüentar e a manter fortes laços de amizade. Escobar e Sancha logo tem uma filha, que se chama Capitolina também. Bento e Capitu só terão um filho mais tarde. Deram-lhe o nome de Ezequiel, primeiro nome de Escobar.O tempo vai passando e Bento passa e perceber as semelhanças físicas e psicológicas entre Ezequiel e Escobar. Os casais numa noite, planejam uma viagem à Europa. Mas Escobar morre afogado. Em seu velório, Bento se assusta com os olhares apaixonados que Capitu lança ao cadáver. As desconfianças de Bento crescem vertiginosamente, a ponto de ele pensar em suicidar-se ou em matar Ezequiel por envenenamento. Não faz nenhuma das duas coisas. Manda a esposa e o menino para a Suíça, e passa a viver sozinho, "casmurro", fechado em sua eterna e amarga dúvida.Todos estão mortos. Capitu morre na suíça. Então, Ezequiel, um arqueólogo agora, volta e mora algum tempo com seu pai, que mais tarde lhe paga uma viagem para Jerusalém, onde Ezequiel vem a morrer de febre tifóide.Agora, sozinho, Bento muda para o Engenho Novo, onde mandou reconstruir sua antiga casa e resolve escrever um livro revivendo suas memórias. Resumo 2 (apenas uma versão mais curta) : Amor de Capitu - Fernando Sabino "Além de romances, novelas, contos e crônicas consagrados pela crítica e pelo público, a versátil criatividade de Fernando Sabino já o levou a diversas incursões em áreas inexploradas da literatura, com senso imaginativo e pleno domínio da expressão verbal.Em "Amor de Capitu" ele realiza uma experiência inédita, ao recriar "Dom Casmurro" sem o narrador original. "O que sempre me atraiu neste romance admirável", afirma, "foi descobrir até que ponto a dúvida sobre a infidelidade de Capitu teria sido premeditada pelo autor através de narrador tão evasivo e casmurro...".Transpor o romance de Machado de Assis para a terceira pessoa, Fernando Sabino consegue como enriquecer o mistério, abrindo uma nova possibilidade de leitura de um dos nossos gênios literários. Essa foi a forma encontrada para homenagear o escritor a quem admira desde a juventude. Homenagem que, para o público, traduz-se em duplo prazer: apreciar o encontro de dois grandes romancistas brasileiros." </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-12061954031499973822009-06-10T05:06:00.000-07:002009-06-10T05:13:30.949-07:00Resumo do livro: A Metamorfose<div align="justify">Publicada pela primeira vez em outubro de 1915, na revista Die weissen Blatter(“As folhas brancas”), pela Editora Kurt Wolf em Leipzig, “A Metamorfose” é um dos trabalhos de Franz Kafka mais cultuados por várias gerações de leitores. Aliás, toda obra de Kafka, judeu-tcheco, de língua alemã, é motivo de admiração para muitos escritores das mais diversas nacionalidades. O autor nos coloca, enquanto leitores, nos estertores da existência ao narrar a história de Gregor Samsa que ao acordar, certa manhã, descobre-se transmutado num inseto indescritível. Ancorado numa espécie de realismo fantástico, para não dizer num surrealismo, Kafka desfia o infortúnio do caixeiro-viajante que vive com seus pais e uma irmã num apartamento. Numa reação que pode oscilar entre o riso fácil e o assombro, o leitor acompanha o martírio de Gregor que, num primeiro momento, descobre-se como tal: um inseto. Assim, até um fato corriqueiro como se levantar de uma cama torna-se motivo de angústia. Segue-se a descoberta da “metamorfose” pela família. A figura paterna é quem mais o despreza, enquanto a mãe revela uma certa indiferença e sua irmã é quem passa a alimentá-lo. São notáveis o conflito existencial, o jogo familiar e o desprezo ao qual Gregor Samsa é relegado. Sequer a faxineira nutre por ele algum <a oncontextmenu="return false;" onmouseover="hw363073638127(event, this, '2045170801'); this.style.cursor='hand'; this.style.textDecoration='underline'; this.style.borderBottom='solid';" style="CURSOR: hand; COLOR: #006600; BORDER-BOTTOM: 1px dotted; TEXT-DECORATION: underline" onclick="hwClick363073638127(2045170801);return false;" onmouseout="hideMaybe(event, this); this.style.cursor='hand'; this.style.textDecoration='underline'; this.style.borderBottom='dotted 1px'; " href="http://www.mundocultural.com.br/resumos/metamorfose.htm#">sentimento</a> piedoso. O desfecho da história, desaprovada pelo próprio autor, surpreende pela naturalidade com que a família recebe a notícia do triste fim de Gregor Samsa, anunciado pela faxineira, sem a menor cerimônia. Ao longo dos anos, “A Metamorfose” passou por diversas traduções e adaptações. Uma delas foi a sua transposição para os quadrinhos. Franz Kafka é um caso sui generis na história da literatura ou na literatura da História como queira. </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-49021763562045402092009-04-18T04:32:00.000-07:002009-04-18T04:36:50.082-07:00A Carta (na íntegra) de Pero Vaz de Caminha<a href="http://www.brasilazul.com.br/imagensBAZ/caminhaeprimeiramissa.jpg"><img style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 302px; CURSOR: hand; HEIGHT: 231px" alt="" src="http://www.brasilazul.com.br/imagensBAZ/caminhaeprimeiramissa.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Senhor,<br /><br />posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer! Todavia tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que, para aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu. Da marinhagem e das singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza - porque o não saberei fazer - e os pilotos devem ter este cuidado. E portanto, Senhor, do que hei de falar começo: E digo quê: A partida de Belém foi -- como Vossa Alteza sabe, segunda-feira 9 de março. E sábado, 14 do dito mês, entre as 8 e 9 horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grande Canária. E ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, a saber da ilha de São Nicolau, segundo o dito de Pero Escolar, piloto. Na noite seguinte à segunda-feira amanheceu, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com a sua nau, sem haver tempo forte ou contrário para poder ser ! Fez o capitão suas diligências para o achar, em umas e outras partes. Mas... não apareceu mais ! E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, estando da dita Ilha -- segundo os pilotos diziam, obra de 660 ou 670 léguas -- os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, e assim mesmo outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam furabuchos. Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz! Mandou lançar o prumo. Acharam vinte e cinco braças. E ao sol-posto umas seis léguas da terra, lançamos ancoras, em dezenove braças -- ancoragem limpa. Ali ficamo-nos toda aquela noite. E quinta-feira, pela manhã, fizemos vela e seguimos em direitura à terra, indo os navios pequenos diante -- por dezessete, dezesseis, quinze, catorze, doze, nove braças -- até meia légua da terra, onde todos lançamos ancoras, em frente da boca de um rio. E chegaríamos a esta ancoragem às dez horas, pouco mais ou menos. E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos que chegaram primeiro. Então lançamos fora os batéis e esquifes. E logo vieram todos os capitães das naus a esta nau do Capitão-mor. E ali falaram. E o Capitão mandou em terra a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou a ir-se para lá, acudiram pela praia homens aos dois e aos três, de maneira que, quando o batel chegou à boca do rio, já lá estavam dezoito ou vinte. Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas não pôde deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, por o mar quebrar na costa. Somente arremessou-lhe um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe arremessou um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de papagaio. E outro lhe deu um ramal grande de continhas brancas, miúdas que querem parecer de aljôfar, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza. E com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar. À noite seguinte ventou tanto sueste com chuvaceiros que fez caçar as naus. E especialmente a Capitaina. E sexta pela manhã, às oito horas, pouco mais ou menos, por conselho dos pilotos, mandou o Capitão levantar ancoras e fazer vela. E fomos de longo da costa, com os batéis e esquifes amarrados na popa, em direção norte, para ver se achávamos alguma abrigada e bom pouso, onde nós ficássemos, para tomar água e lenha. Não por nos já minguar, mas por nos prevenirmos aqui. E quando fizemos vela estariam já na praia assentados perto do rio obra de sessenta ou setenta homens que se haviam juntado ali aos poucos. Fomos ao longo, e mandou o Capitão aos navios pequenos que fossem mais chegados à terra e, se achassem pouso seguro para as naus, que amainassem. E velejando nós pela costa, na distância de dez léguas do sítio onde tínhamos levantado ferro, acharam os ditos navios pequenos um recife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, com uma mui larga entrada. E meteram-se dentro e amainaram. E as naus foram-se chegando, atrás deles. E um pouco antes de sol-pôsto amainaram também, talvez a uma légua do recife, e ancoraram a onze braças. E estando Afonso Lopez, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos, foi, por mandado do Capitão, por ser homem vivo e destro para isso, meter-se logo no esquife a sondar o porto dentro. E tomou dois daqueles homens da terra que estavam numa almadia: mancebos e de bons corpos. Um deles trazia um arco, e seis ou sete setas. E na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas não os aproveitou. Logo, já de noite, levou-os à Capitaina, onde foram recebidos com muito prazer e festa. A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E trazem-no ali encaixado de sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem no comer e beber. Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do que sobre-pente, de boa grandeza, rapados todavia por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte, na parte detrás, uma espécie de cabeleira, de penas de ave amarela, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena por pena, com uma confeição branda como, de maneira tal que a cabeleira era mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar. O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata! Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não queríamos nós entender, por que lho não havíamos de dar! E depois tornou as contas a quem lhas dera. E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir sem procurarem maneiras de encobrir suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas. O Capitão mandou pôr por baixo da cabeça de cada um seu coxim; e o da cabeleira esforçava-se por não a estragar. E deitaram um manto por cima deles; e consentindo, aconchegaram-se e adormeceram. Sábado pela manhã mandou o Capitão fazer vela, fomos demandar a entrada, a qual era mui larga e tinha seis a sete braças de fundo. E entraram todas as naus dentro, e ancoraram em cinco ou seis braças -- ancoradouro que é tão grande e tão formoso de dentro, e tão seguro que podem ficar nele mais de duzentos navios e naus. E tanto que as naus foram distribuídas e ancoradas, vieram os capitães todos a esta nau do Capitão-mor. E daqui mandou o Capitão que Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias fossem em terra e levassem aqueles dois homens, e os deixassem ir com seu arco e setas, aos quais mandou dar a cada um uma camisa nova e uma carapuça vermelha e um rosário de contas brancas de osso, que foram levando nos braços, e um cascavel e uma campainha. E mandou com eles, para lá ficar, um mancebo degredado, criado de dom João Telo, de nome Afonso Ribeiro, para lá andar com eles e saber de seu viver e maneiras. E a mim mandou que fosse com Nicolau Coelho. Fomos assim de frecha direitos à praia. Ali acudiram logo perto de duzentos homens, todos nus, com arcos e setas nas mãos. Aqueles que nós levamos acenaram-lhes que se afastassem e depusessem os arcos. E eles os depuseram. Mas não se afastaram muito. E mal tinham pousado seus arcos quando saíram os que nós levávamos, e o mancebo degredado com eles. E saídos não pararam mais; nem esperavam um pelo outro, mas antes corriam a quem mais correria. E passaram um rio que aí corre, de água doce, de muita água que lhes dava pela braga. E muitos outros com eles. E foram assim correndo para além do rio entre umas moitas de palmeiras onde estavam outros. E ali pararam. E naquilo tinha ido o degredado com um homem que, logo ao sair do batel, o agasalhou e levou até lá. Mas logo o tornaram a nós. E com ele vieram os outros que nós leváramos, os quais vinham já nus e sem carapuças. E então se começaram de chegar muitos; e entravam pela beira do mar para os batéis, até que mais não podiam. E traziam cabaças d'água, e tomavam alguns barris que nós levávamos e enchiam-nos de água e traziam-nos aos batéis. Não que eles de todo chegassem a bordo do batel. Mas junto a ele, lançavam-nos da mão. E nós tomávamo-los. E pediam que lhes dessem alguma coisa. Levava Nicolau Coelho cascavéis e manilhas. E a uns dava um cascavel, e a outros uma manilha, de maneira que com aquela encarna quase que nos queriam dar a mão. Davam-nos daqueles arcos e setas em troca de sombreiros e carapuças de linho, e de qualquer coisa que a gente lhes queria dar. Dali se partiram os outros, dois mancebos, que não os vimos mais. Dos que ali andavam, muitos -- quase a maior parte --traziam aqueles bicos de osso nos beiços. E alguns, que andavam sem eles, traziam os beiços furados e nos buracos traziam uns espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha. E alguns deles traziam três daqueles bicos, a saber um no meio, e os dois nos cabos. E andavam lá outros, quartejados de cores, a saber metade deles da sua própria cor, e metade de tintura preta, um tanto azulada; e outros quartejados d'escaques. Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam. Ali por então não houve mais fala ou entendimento com eles, por a barbana deles ser tamanha que se não entendia nem ouvia ninguém. Acenamos-lhes que se fossem. E assim o fizeram e passaram-se para além do rio. E saíram três ou quatro homens nossos dos batéis, e encheram não sei quantos barris d'água que nós levávamos. E tornamo-nos às naus. E quando assim vínhamos, acenaram-nos que voltássemos. Voltamos, e eles mandaram o degredado e não quiseram que ficasse lá com eles, o qual levava uma bacia pequena e duas ou três carapuças vermelhas para lá as dar ao senhor, se o lá houvesse. Não trataram de lhe tirar coisa alguma, antes mandaram-no com tudo. Mas então Bartolomeu Dias o fez outra vez tornar, que lhe desse aquilo. E ele tornou e deu aquilo, em vista de nós, a aquele que o da primeira agasalhara. E então veio-se, e nós levamo-lo. Esse que o agasalhou era já de idade, e andava por galanteria, cheio de penas, pegadas pelo corpo, que parecia seteado como São Sebastião. Outros traziam carapuças de penas amarelas; e outros, de vermelhas; e outros de verdes. E uma daquelas moças era toda tingida de baixo a cima, daquela tintura e certo era tão bem feita e tão redonda, e sua vergonha tão graciosa que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhe tais feições envergonhara, por não terem as suas como ela. Nenhum deles era fanado, mas todos assim como nós. E com isto nos tornamos, e eles foram-se. À tarde saiu o Capitão-mor em seu batel com todos nós outros capitães das naus em seus batéis a folgar pela baía, perto da praia. Mas ninguém saiu em terra, por o Capitão o não querer, apesar de ninguém estar nela. Apenas saiu -- ele com todos nós -- em um ilhéu grande que está na baía, o qual, aquando baixamar, fica mui vazio. Com tudo está de todas as partes cercado de água, de sorte que ninguém lá pode ir, a não ser de barco ou a nado. Ali folgou ele, e todos nós, bem uma hora e meia. E pescaram lá, andando alguns marinheiros com um chinchorro; e mataram peixe miúdo, não muito. E depois volvemo-nos às naus, já bem noite. Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão ir ouvir missa e sermão naquele ilhéu. E mandou a todos os capitães que se arranjassem nos batéis e fossem com ele. E assim foi feito. Mandou armar um pavilhão naquele ilhéu, e dentro levantar um altar mui bem arranjado. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual disse o padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes que todos assistiram, a qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção. Ali estava com o Capitão a bandeira de Cristo, com que saíra de Belém, a qual esteve sempre bem alta, da parte do Evangelho. Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação, da história evangélica; e no fim tratou da nossa vida, e do achamento desta terra, referindo-se à Cruz, sob cuja obediência viemos, que veio muito a propósito, e fez muita devoção. Enquanto assistimos à missa e ao sermão, estaria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos, como a de ontem, com seus arcos e setas, e andava folgando. E olhando-nos, sentaram. E depois de acabada a missa, quando nós sentados atendíamos a pregação, levantaram-se muitos deles e tangeram corno ou buzina e começaram a saltar e dançar um pedaço. E alguns deles se metiam em almadias -- duas ou três que lá tinham -- as quais não são feitas como as que eu vi; apenas são três traves, atadas juntas. E ali se metiam quatro ou cinco, ou esses que queriam, não se afastando quase nada da terra, só até onde podiam tomar pé. Acabada a pregação encaminhou-se o Capitão, com todos nós, para os batéis, com nossa bandeira alta. Embarcamos e fomos indo todos em direção à terra para passarmos ao longo por onde eles estavam, indo na dianteira, por ordem do Capitão, Bartolomeu Dias em seu esquife, com um pau de uma almadia que lhes o mar levara, para o entregar a eles. E nós todos trás dele, a distância de um tiro de pedra. Como viram o esquife de Bartolomeu Dias, chegaram-se logo todos à água, metendo-se nela até onde mais podiam. Acenaram-lhes que pousassem os arcos e muitos deles os iam logo pôr em terra; e outros não os punham. Andava lá um que falava muito aos outros, que se afastassem. Mas não já que a mim me parecesse que lhe tinham respeito ou medo. Este que os assim andava afastando trazia seu arco e setas. Estava tinto de tintura vermelha pelos peitos e costas e pelos quadris, coxas e pernas até baixo, mas os vazios com a barriga e estômago eram de sua própria cor. E a tintura era tão vermelha que a água lha não comia nem desfazia. Antes, quando saía da água, era mais vermelho. Saiu um homem do esquife de Bartolomeu Dias e andava no meio deles, sem implicarem nada com ele, e muito menos ainda pensavam em fazer-lhe mal. Apenas lhe davam cabaças d'água; e acenavam aos do esquife que saíssem em terra. Com isto se volveu Bartolomeu Dias ao Capitão. E viemo-nos às naus, a comer, tangendo trombetas e gaitas, sem os mais constranger. E eles tornaram-se a sentar na praia, e assim por então ficaram. Neste ilhéu, onde fomos ouvir missa e sermão, espraia muito a água e descobre muita areia e muito cascalho. Enquanto lá estávamos foram alguns buscar marisco e não no acharam. Mas acharam alguns camarões grossos e curtos, entre os quais vinha um muito grande e muito grosso; que em nenhum tempo o vi tamanho. Também acharam cascas de berbigões e de amêijoas, mas não toparam com nenhuma peça inteira. E depois de termos comido vieram logo todos os capitães a esta nau, por ordem do Capitão-mor, com os quais ele se aportou; e eu na companhia. E perguntou a todos se nos parecia bem mandar a nova do achamento desta terra a Vossa Alteza pelo navio dos mantimentos, para a melhor mandar descobrir e saber dela mais do que nós podíamos saber, por irmos na nossa viagem. E entre muitas falas que sobre o caso se fizeram foi dito, por todos ou a maior parte, que seria muito bem. E nisto concordaram. E logo que a resolução foi tomada, perguntou mais, se seria bem tomar aqui por força um par destes homens para os mandar a Vossa Alteza, deixando aqui em lugar deles outros dois destes degredados. E concordaram em que não era necessário tomar por força homens, porque costume era dos que assim à força levavam para alguma parte dizerem que há de tudo quanto lhes perguntam; e que melhor e muito melhor informação da terra dariam dois homens desses degredados que aqui deixássemos do que eles dariam se os levassem por ser gente que ninguém entende. Nem eles cedo aprenderiam a falar para o saberem tão bem dizer que muito melhor estoutros o não digam quando cá Vossa Alteza mandar. E que portanto não cuidássemos de aqui por força tomar ninguém, nem fazer escândalo; mas sim, para os de todo amansar e apaziguar, unicamente de deixar aqui os dois degredados quando daqui partíssemos. E assim ficou determinado por parecer melhor a todos. Acabado isto, disse o Capitão que fôssemos nos batéis em terra. E ver-se-ia bem, quejando era o rio. Mas também para folgarmos. Fomos todos nos batéis em terra, armados; e a bandeira conosco. Eles andavam ali na praia, à boca do rio, para onde nós íamos; e, antes que chegássemos, pelo ensino que dantes tinham, puseram todos os arcos, e acenaram que saíssemos. Mas, tanto que os batéis puseram as proas em terra, passaram-se logo todos além do rio, o qual não é mais ancho que um jogo de mancal. E tanto que desembarcamos, alguns dos nossos passaram logo o rio, e meteram-se entre eles. E alguns aguardavam; e outros se afastavam. Com tudo, a coisa era de maneira que todos andavam misturados. Eles davam desses arcos com suas setas por sombreiros e carapuças de linho, e por qualquer coisa que lhes davam. Passaram além tantos dos nossos e andaram assim misturados com eles, que eles se esquivavam, e afastavam-se; e iam alguns para cima, onde outros estavam. E então o Capitão fez que o tomassem ao colo dois homens e passou o rio, e fez tornar a todos. A gente que ali estava não seria mais que aquela do costume. Mas logo que o Capitão chamou todos para trás, alguns se chegaram a ele, não por o reconhecerem por Senhor, mas porque a gente, nossa, já passava para aquém do rio. Ali falavam e traziam muitos arcos e continhas, daquelas já ditas, e resgatavam-nas por qualquer coisa, de tal maneira que os nossos levavam dali para as naus muitos arcos, e setas e contas. E então tornou-se o Capitão para aquém do rio. E logo acudiram muitos à beira dele. Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma. Também andava lá outra mulher, nova, com um menino ou menina, atado com um pano aos peitos, de modo que não se lhe viam senão as perninhas. Mas nas pernas da mãe, e no resto, não havia pano algum. Em seguida o Capitão foi subindo ao longo do rio, que corre rente à praia. E ali esperou por um velho que trazia na mão uma pá de almadia. Falou, enquanto o Capitão estava com ele, na presença de todos nós; mas ninguém o entendia, nem ele a nós, por mais coisas que a gente lhe perguntava com respeito a ouro, porque desejávamos saber se o havia na terra. Trazia este velho o beiço tão furado que lhe cabia pelo buraco um grosso dedo polegar. E trazia metido no buraco uma pedra verde, de nenhum valor, que fechava por fora aquele buraco. E o Capitão lha fez tirar. E ele não sei que diabo falava e ia com ela para a boca do Capitão para lha meter. Estivemos rindo um pouco e dizendo chalaças sobre isso. E então enfadou-se o Capitão, e deixou-o. E um dos nossos deu-lhe pela pedra um sombreiro velho; não por ela valer alguma coisa, mas para amostra. E depois houve-a o Capitão, creio, para mandar com as outras coisas a Vossa Alteza. Andamos por aí vendo o ribeiro, o qual é de muita água e muito boa. Ao longo dele há muitas palmeiras, não muito altas; e muito bons palmitos. Colhemos e comemos muitos deles. Depois tornou-se o Capitão para baixo para a boca do rio, onde tínhamos desembarcado. E além do rio andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante os outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então para a outra banda do rio Diogo Dias, que fora almoxarife de Sacavém, o qual é homem gracioso e de prazer. E levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se a dançar com eles, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem fez ali muitas voltas ligeiras, andando no chão, e salto real, de que se eles espantavam e riam e folgavam muito. E conquanto com aquilo os segurou e afagou muito, tomavam logo uma esquiveza como de animais montezes, e foram-se para cima. E então passou o rio o Capitão com todos nós, e fomos pela praia, de longo, ao passo que os batéis iam rentes à terra. E chegamos a uma grande lagoa de água doce que está perto da praia, porque toda aquela ribeira do mar é apaulada por cima e sai a água por muitos lugares. E depois de passarmos o rio, foram uns sete ou oito deles meter-se entre os marinheiros que se recolhiam aos batéis. E levaram dali um tubarão que Bartolomeu Dias matou. E levavam-lho; e lançou-o na praia. Bastará que até aqui, como quer que se lhes em alguma parte amansassem, logo de uma mão para outra se esquivavam, como pardais do cevadouro. Ninguém não lhes ousa falar de rijo para não se esquivarem mais. E tudo se passa como eles querem -- para os bem amansarmos ! Ao velho com quem o Capitão havia falado, deu-lhe uma carapuça vermelha. E com toda a conversa que com ele houve, e com a carapuça que lhe deu tanto que se despediu e começou a passar o rio, foi-se logo recatando. E não quis mais tornar do rio para aquém. Os outros dois o Capitão teve nas naus, aos quais deu o que já ficou dito, nunca mais aqui apareceram -- fatos de que deduzo que é gente bestial e de pouco saber, e por isso tão esquiva. Mas apesar de tudo isso andam bem curados, e muito limpos. E naquilo ainda mais me convenço que são como aves, ou alimárias montezinhas, as quais o ar faz melhores penas e melhor cabelo que às mansas, porque os seus corpos são tão limpos e tão gordos e tão formosos que não pode ser mais! E isto me faz presumir que não tem casas nem moradias em que se recolham; e o ar em que se criam os faz tais. Nós pelo menos não vimos até agora nenhumas casas, nem coisa que se pareça com elas. Mandou o Capitão aquele degredado, Afonso Ribeiro, que se fosse outra vez com eles. E foi; e andou lá um bom pedaço, mas a tarde regressou, que o fizeram eles vir: e não o quiseram lá consentir. E deram-lhe arcos e setas; e não lhe tomaram nada do seu. Antes, disse ele, que lhe tomara um deles umas continhas amarelas que levava e fugia com elas, e ele se queixou e os outros foram logo após ele, e lhas tomaram e tornaram-lhas a dar; e então mandaram-no vir. Disse que não vira lá entre eles senão umas choupaninhas de rama verde e de feteiras muito grandes, como as de Entre Douro e Minho. E assim nos tornamos às naus, já quase noite, a dormir. Segunda-feira, depois de comer, saímos todos em terra a tomar água. Ali vieram então muitos; mas não tantos como as outras vezes. E traziam já muito poucos arcos. E estiveram um pouco afastados de nós; mas depois pouco a pouco misturaram-se conosco; e abraçavam-nos e folgavam; mas alguns deles se esquivavam logo. Ali davam alguns arcos por folhas de papel e por alguma carapucinha velha e por qualquer coisa. E de tal maneira se passou a coisa que bem vinte ou trinta pessoas das nossas se foram com eles para onde outros muitos deles estavam com moças e mulheres. E trouxeram de lá muitos arcos e barretes de penas de aves, uns verdes, outros amarelos, dos quais creio que o Capitão há de mandar uma amostra a Vossa Alteza. E segundo diziam esses que lá tinham ido, brincaram com eles. Neste dia os vimos mais de perto e mais à nossa vontade, por andarmos quase todos misturados: uns andavam quartejados daquelas tinturas, outros de metades, outros de tanta feição como em pano de ras, e todos com os beiços furados, muitos com os ossos neles, e bastantes sem ossos. Alguns traziam uns ouriços verdes, de árvores, que na cor queriam parecer de castanheiras, embora fossem muito mais pequenos. E estavam cheios de uns grãos vermelhos, pequeninos que, esmagando-se entre os dedos, se desfaziam na tinta muito vermelha de que andavam tingidos. E quanto mais se molhavam, tanto mais vermelhos ficavam. Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos. E o Capitão mandou aquele degredado Afonso Ribeiro e a outros dois degredados que fossem meter-se entre eles; e assim mesmo a Diogo Dias, por ser homem alegre, com que eles folgavam. E aos degredados ordenou que ficassem lá esta noite. Foram-se lá todos; e andaram entre eles. E segundo depois diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as quais diziam que eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitaina. E eram de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoável altura; e todas de um só espaço, sem repartição alguma, tinham de dentro muitos esteios; e de esteio a esteio uma rede atada com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam. E de baixo, para se aquentarem, faziam seus fogos. E tinha cada casa duas portas pequenas, uma numa extremidade, e outra na oposta. E diziam que em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os encontraram; e que lhes deram de comer dos alimentos que tinham, a saber muito inhame, e outras sementes que na terra dá, que eles comem. E como se fazia tarde fizeram-nos logo todos tornar; e não quiseram que lá ficasse nenhum. E ainda, segundo diziam, queriam vir com eles. Resgataram lá por cascavéis e outras coisinhas de pouco valor, que levavam, papagaios vermelhos, muito grandes e formosos, e dois verdes pequeninos, e carapuças de penas verdes, e um pano de penas de muitas cores, espécie de tecido assaz belo, segundo Vossa Alteza todas estas coisas verá, porque o Capitão vo-las há de mandar, segundo ele disse. E com isto vieram; e nós tornamo-nos às naus. Terça-feira, depois de comer, fomos em terra, fazer lenha, e para lavar roupa. Estavam na praia, quando chegamos, uns sessenta ou setenta, sem arcos e sem nada. Tanto que chegamos, vieram logo para nós, sem se esquivarem. E depois acudiram muitos, que seriam bem duzentos, todos sem arcos. E misturaram-se todos tanto conosco que uns nos ajudavam a acarretar lenha e metê-las nos batéis. E lutavam com os nossos, e tomavam com prazer. E enquanto fazíamos a lenha, construíam dois carpinteiros uma grande cruz de um pau que se ontem para isso cortara. Muitos deles vinham ali estar com os carpinteiros. E creio que o faziam mais para verem a ferramenta de ferro com que a faziam do que para verem a cruz, porque eles não tem coisa que de ferro seja, e cortam sua madeira e paus com pedras feitas como cunhas, metidas em um pau entre duas talas, mui bem atadas e por tal maneira que andam fortes, porque lhas viram lá. Era já a conversação deles conosco tanta que quase nos estorvavam no que havíamos de fazer. E o Capitão mandou a dois degredados e a Diogo Dias que fossem lá à aldeia e que de modo algum viessem a dormir às naus, ainda que os mandassem embora. E assim se foram. Enquanto andávamos nessa mata a cortar lenha, atravessavam alguns papagaios essas árvores; verdes uns, e pardos, outros, grandes e pequenos, de sorte que me parece que haverá muitos nesta terra. Todavia os que vi não seriam mais que nove ou dez, quando muito. Outras aves não vimos então, a não ser algumas pombas-seixeiras, e pareceram-me maiores bastante do que as de Portugal. Vários diziam que viram rolas, mas eu não as vi. Todavia segundo os arvoredos são mui muitos e grandes, e de infinitas espécies, não duvido que por esse sertão haja muitas aves! E cerca da noite nós volvemos para as naus com nossa lenha. Eu creio, Senhor, que não dei ainda conta aqui a Vossa Alteza do feitio de seus arcos e setas. Os arcos são pretos e compridos, e as setas compridas; e os ferros delas são canas aparadas, conforme Vossa Alteza verá alguns que creio que o Capitão a Ela há de enviar. Quarta-feira não fomos em terra, porque o Capitão andou todo o dia no navio dos mantimentos a despejá-lo e fazer levar às naus isso que cada um podia levar. Eles acudiram à praia, muitos, segundo das naus vimos. Seriam perto de trezentos, segundo Sancho de Tovar que para lá foi. Diogo Dias e Afonso Ribeiro, o degredado, aos quais o Capitão ontem ordenara que de toda maneira lá dormissem, tinham voltado já de noite, por eles não quererem que lá ficassem. E traziam papagaios verdes; e outras aves pretas, quase como pegas, com a diferença de terem o bico branco e rabos curtos. E quando Sancho de Tovar recolheu à nau, queriam vir com ele, alguns; mas ele não admitiu senão dois mancebos, bem dispostos e homens de prol. Mandou pensar e curá-los mui bem essa noite. E comeram toda a ração que lhes deram, e mandou dar-lhes cama de lençóis, segundo ele disse. E dormiram e folgaram aquela noite. E não houve mais este dia que para escrever seja. Quinta-feira, derradeiro de abril, comemos logo, quase pela manhã, e fomos em terra por mais lenha e água. E em querendo o Capitão sair desta nau, chegou Sancho de Tovar com seus dois hóspedes. E por ele ainda não ter comido, puseram-lhe toalhas, e veio-lhe comida. E comeu. Os hóspedes, sentaram-no cada um em sua cadeira. E de tudo quanto lhes deram, comeram mui bem, especialmente lacão cozido frio, e arroz. Não lhes deram vinho por Sancho de Tovar dizer que o não bebiam bem. Acabado o comer, metemo-nos todos no batel, e eles conosco. Deu um grumete a um deles uma armadura grande de porco montês, bem revolta. E logo que a tomou meteu-a no beiço; e porque se lhe não queria segurar, deram-lhe uma pouca de cera vermelha. E ele ajeitou-lhe seu adereço da parte de trás de sorte que segurasse, e meteu-a no beiço, assim revolta para cima; e ia tão contente com ela, como se tivesse uma grande jóia. E tanto que saímos em terra, foi-se logo com ela. E não tornou a aparecer lá. Andariam na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e de aí a pouco começaram a vir. E parece-me que viriam este dia a praia quatrocentos ou quatrocentos e cinqüenta. Alguns deles traziam arcos e setas; e deram tudo em troca de carapuças e por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco do que lhes dávamos, e alguns deles bebiam vinho, ao passo que outros o não podiam beber. Mas quer-me parecer que, se os acostumarem, o hão de beber de boa vontade! Andavam todos tão bem dispostos e tão bem feitos e galantes com suas pinturas que agradavam. Acarretavam dessa lenha quanta podiam, com mil boas vontades, e levavam-na aos batéis. E estavam já mais mansos e seguros entre nós do que nós estávamos entre eles. Foi o Capitão com alguns de nós um pedaço por este arvoredo até um ribeiro grande, e de muita água, que ao nosso parecer é o mesmo que vem ter à praia, em que nós tomamos água. Ali descansamos um pedaço, bebendo e folgando, ao longo dele, entre esse arvoredo que é tanto e tamanho e tão basto e de tanta qualidade de folhagem que não se pode calcular. Há lá muitas palmeiras, de que colhemos muitos e bons palmitos. Ao sairmos do batel, disse o Capitão que seria bom irmos em direitura à cruz que estava encostada a uma árvore, junto ao rio, a fim de ser colocada amanhã, sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para eles verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. E a esses dez ou doze que lá estavam, acenaram-lhes que fizessem o mesmo; e logo foram todos beijá-la. Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E portanto se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho que lhe quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o Ele nos para aqui trazer creio que não foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, pois tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim! Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao viver do homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos. Nesse dia, enquanto ali andavam, dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som de um tamboril nosso, como se fossem mais amigos nossos do que nós seus. Se lhes a gente acenava, se queriam vir às naus, aprontavam-se logo para isso, de modo tal, que se os convidáramos a todos, todos vieram. Porém não levamos esta noite às naus senão quatro ou cinco; a saber, o Capitão-mor, dois; e Simão de Miranda, um que já trazia por pagem; e Aires Gomes a outro, pagem também. Os que o Capitão trazia, era um deles um dos seus hóspedes que lhe haviam trazido a primeira vez quando aqui chegamos -- o qual veio hoje aqui vestido na sua camisa, e com ele um seu irmão; e foram esta noite mui bem agasalhados tanto de comida como de cama, de colchões e lençóis, para os mais amansar. E hoje que é sexta-feira, primeiro dia de maio, pela manhã, saímos em terra com nossa bandeira; e fomos desembarcar acima do rio, contra o sul onde nos pareceu que seria melhor arvorar a cruz, para melhor ser vista. E ali marcou o Capitão o sítio onde haviam de fazer a cova para a fincar. E enquanto a iam abrindo, ele com todos nós outros fomos pela cruz, rio abaixo onde ela estava. E com os religiosos e sacerdotes que cantavam, à frente, fomos trazendo-a dali, a modo de procissão. Eram já aí quantidade deles, uns setenta ou oitenta; e quando nos assim viram chegar, alguns se foram meter debaixo dela, ajudar-nos. Passamos o rio, ao longo da praia; e fomos colocá-la onde havia de ficar, que será obra de dois tiros de besta do rio. Andando-se ali nisto, viriam bem cento cinqüenta, ou mais. Plantada a cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, que primeiro lhe haviam pregado, armaram altar ao pé dela. Ali disse missa o padre frei Henrique, a qual foi cantada e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco, a ela, perto de cinqüenta ou sessenta deles, assentados todos de joelho assim como nós. E quando se veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco, e alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao fim; e então tornaram-se a assentar, como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim como nós estávamos, com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados que certifico a Vossa Alteza que nos fez muita devoção. Estiveram assim conosco até acabada a comunhão; e depois da comunhão, comungaram esses religiosos e sacerdotes; e o Capitão com alguns de nós outros. E alguns deles, por o Sol ser grande, levantaram-se enquanto estávamos comungando, e outros estiveram e ficaram. Um deles, homem de cinqüenta ou cinqüenta e cinco anos, se conservou ali com aqueles que ficaram. Esse, enquanto assim estávamos, juntava aqueles que ali tinham ficado, e ainda chamava outros. E andando assim entre eles, falando-lhes, acenou com o dedo para o altar, e depois mostrou com o dedo para o céu, como se lhes dissesse alguma coisa de bem; e nós assim o tomamos! Acabada a missa, tirou o padre a vestimenta de cima, e ficou na alva; e assim se subiu, junto ao altar, em uma cadeira; e ali nos pregou o Evangelho e dos Apóstolos cujo é o dia, tratando no fim da pregação desse vosso prosseguimento tão santo e virtuoso, que nos causou mais devoção. Esses que estiveram sempre à pregação estavam assim como nós olhando para ele. E aquele que digo, chamava alguns, que viessem ali. Alguns vinham e outros iam-se; e acabada a pregação, trazia Nicolau Coelho muitas cruzes de estanho com crucifixos, que lhe ficaram ainda da outra vinda. E houveram por bem que lançassem a cada um sua ao pescoço. Por essa causa se assentou o padre frei Henrique ao pé da cruz; e ali lançava a sua a todos -- um a um -- ao pescoço, atada em um fio, fazendo-lha primeiro beijar e levantar as mãos. Vinham a isso muitos; e lançavam-nas todas, que seriam obra de quarenta ou cinqüenta. E isto acabado -- era já bem uma hora depois do meio dia -- viemos às naus a comer, onde o Capitão trouxe consigo aquele mesmo que fez aos outros aquele gesto para o altar e para o céu, (e um seu irmão com ele). A aquele fez muita honra e deu-lhe uma camisa mourisca; e ao outro uma camisa destoutras. E segundo o que a mim e a todos pareceu, esta gente, não lhes falece outra coisa para ser toda cristã, do que entenderem-nos, porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer como nós mesmos; por onde pareceu a todos que nenhuma idolatria nem adoração têm. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem entre eles mais devagar ande, que todos serão tornados e convertidos ao desejo de Vossa Alteza. E por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para os batizar; porque já então terão mais conhecimentos de nossa fé, pelos dois degredados que aqui entre eles ficam, os quais hoje também comungaram. Entre todos estes que hoje vieram não veio mais que uma mulher, moça, a qual esteve sempre à missa, à qual deram um pano com que se cobrisse; e puseram-lho em volta dela. Todavia, ao sentar-se, não se lembrava de o estender muito para se cobrir. Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal que a de Adão não seria maior -- com respeito ao pudor. Ora veja Vossa Alteza quem em tal inocência vive se se convertera, ou não, se lhe ensinarem o que pertence à sua salvação. Acabado isto, fomos perante eles beijar a cruz. E despedimo-nos e fomos comer. Creio, Senhor, que, com estes dois degredados que aqui ficam, ficarão mais dois grumetes, que esta noite se saíram em terra, desta nau, no esquife, fugidos, os quais não vieram mais. E cremos que ficarão aqui porque de manhã, prazendo a Deus fazemos nossa partida daqui. Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas, e outras brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos -- terra que nos parecia muito extensa. Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé! E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo. E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro -- o que d'Ela receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza. Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500. </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-10645082852315692192009-03-18T17:23:00.000-07:002009-03-18T17:28:16.106-07:00José de Alencar fala sobre a luta pela vida<center><object width="480" height="392"><param value="http://video.globo.com/Portal/videos/cda/player/player.swf" name="movie" /><param value="high" name="quality" /><param value="midiaId=974782&autoStart=false&width=480&height=392" name="FlashVars" /><embed width="480" height="392" flashvars="midiaId=974782&autoStart=false&width=480&height=392" type="application/x-shockwave-flash" quality="high" src="http://video.globo.com/Portal/videos/cda/player/player.swf"></embed></object></center>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-78775268591185832092009-03-18T17:02:00.000-07:002009-03-18T17:11:04.600-07:00resumo do Livro: Helena (Machado de Assis)<a href="http://i.s8.com.br/images/books/cover/img3/182053_4.jpg"><img style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 300px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px" alt="" src="http://i.s8.com.br/images/books/cover/img3/182053_4.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">O conselheiro Vale havia falecido, era uma grande perca. Ele era um homem admirável, pertencente à elite. Restaram apenas Estácio, seu filho, e D. Úrsula, sua irmã. Depois da morte, Dr.Camargo, amigo da família, tentou preveni-los sobre o conteúdo do testamento, deixando-os mais preparados para certa cláusula presente no documento. </div><br /><div align="justify">Quando o testamento foi aberto, os bens foram entregues aos herdeiros, algumas coisas foram destinadas a afilhados e uma filha, Helena, fora reconhecida. O conselheiro a reconhecia, dividia entre ela e Estácio os bens herdados e pedia para que a menina fosse recebida e tratada como nova integrante da família. Estácio, devido a seu caráter, aceitou a irmã instantaneamente, mas sua tia e Dr. Camargo eram contrários à idéia. </div><br /><div align="justify">Helena chegou à casa em Andaraí. Estácio a recebeu e logo se tornaram íntimos e amigos. D.Úrsula se mantinha desligada da moça. Passou a ceder, aos poucos, aos encantos de Helena, mas enterneceu-se de vez quando, ao adoecer, viu a menina cuidar da casa e de seu leito. Dr. Camargo, no entanto, mantinha sua opinião e por isso ele e Helena não se davam bem. </div><br /><div align="justify">Em um dia, Estácio e ela saíram em uma cavalgada. Quando passaram por uma casinha simples onde uma bandeira azul enfeitava o telhado, Helena buscou saber quem morava ali, mas não teve sucesso, e assim eles voltaram para casa. </div><br /><div align="justify">Eles seguiam a vida. Estácio vinha já há algum tempo planejando pedir a mão de Eugênia, filha de Dr. Camargo, em casamento. Helena encorajava-o, mas ele não tomava atitude. Foi também nesses tempos que Estácio viu Helena receber uma carta que lhe despertou um grande interesse, pensava que a irmã vivia um romance e a idéia não lhe agradava. Foi por essa curiosidade que arrancou dela uma confissão: amava a alguém e amava muito. </div><br /><div align="justify">No aniversário de Estácio, Helena deu a ele um quadro onde pintara o caminho que fizeram naquela primeira cavalgada e a casa da bandeira azul, mas mais tarde a presença daquela casa perturbou Estácio. À noite foi oferecido um baile a ele. Já quase no final da comemoração, Dr. Camargo teve com Helena e revelou-lhe o desejo de ver Eugênia casada com seu irmão, e usou isto para chantageá-la, referindo-se às idas dela à casa da bandeira azul. </div><br /><div align="justify">Logo nos dias seguintes Estácio e Eugênia ficaram noivos. Seguido do noivado, uma tia de Eugênia adoeceu e ela, juntamente com a família, tinha que visitá-la. No entanto, Eugênia só se dispôs a ir depois que Estácio, vendo-se forçado, aceitou ir com eles. Para ele era um tremendo sacrifício separar-se de Helena, sua tia e sua casa. Nos dias em que ele se ausentou, Helena ficou noiva. </div><br /><div align="justify">O noivo era Mendonça, amigo de Estácio e recém-chegado da Europa. Ele era filho de um comerciante, não tinha riquezas, mas amava Helena. Ela aceitou o noivado mesmo não gostando tanto dele. Quando o noivado foi concretizado, Mendonça escreveu a Estácio contando a novidade e ele voltou para casa rapidamente. O casamento lhe agradava um pouco, mas a confissão de tempos atrás de Helena influenciava sua resolução quanto a conceder a mão da irmã ao amigo. </div><br /><div align="justify">Helena queria o casamento, julgava sua paixão confessada impossível e assim preferia o certo ao duvidoso. No entanto, Estácio não se sentia confortável com tal situação. A esse ponto Mendonça já se sentia desinteressado pelo casamento, pois surgiram insinuações de que estaria se casando por interesse. </div><br /><div align="justify">Durante tais conflitos, Estácio viu, numa manhã em que saiu para caçar, Helena saindo da casa da bandeira azul. Surpreso, escondeu-se e, depois que ela foi embora, foi até a casa em que ela acabara de sair. Quando se escondera, cortara a mão e usou isso como pretexto para conhecer o morador da casa. Conversaram enquanto ele tratava do corte e um pouco mais depois. </div><br /><div align="justify">Quando Estácio foi embora, acretidava que havia se enganado com Helena. O padre Melchior foi chamado e as relações na casa se tornaram tensas. Estácio duvidava dos atos de Helena, não sabia o que pensar sobre o que acontecia. Melchior foi o primeiro a entender, Estácio amava Helena e descobrir os encontros dela com aquele homem o abalou. Logo a verdade foi revelada. O homem que habitava aquela casa tratava-se do pai de Helena, Salvador. A história de Helena era a seguinte: Ângela e Salvador fugiram para poderem viver seu romance e da união dos dois nascera Helena. Quando o pai de Salvador adoeceu, ele viajou para poder vê-lo, mas quando voltou para sua casa não encontrou sua mulher nem sua filha. Ângela havia se apaixonado pelo conselheiro Vale e agora vivia numa casa mantida por ele. O conselheiro tomara Helena como filha, pois acreditava que Salvador estava morto. </div><br /><div align="justify">Com a morte de Ângela, Helena morava na escola e recebia visitas do conselheiro. Durante este tempo, Salvador subornava uma escrava da escola e assim ele e a filha mantiveram contato. Quando o conselheiro morreu e Helena foi reconhecida, ela quis revelar a verdade, mas Salvador sabia da condição de vida que teria a filha vivendo com ele. Por esse motivo, mandou Helena para ir viver na casa de Andaraí e os dois se encontravam sempre que era possível. </div><br /><div align="justify">Diante tais revelações, Estácio preferiu deixar a situação como era. Eles agora podiam viver o amor que nutriam um pelo outro, mas provar que não eram irmãos seria desastroso demais. Nos dias seguintes o casamento de Helena com Mendonça ressurgiu, mas ela adoecera. Ela foi tratada, mas não surtia efeitos. Estácio havia decidido buscar pelo pai da “irmã”, que havia ido embora para que a menina seguisse com a vida, mas não foi preciso. Helena falecera, e, no instante em que ficara a sós com a falecida, Estácio deu-lhe o primeiro beijo de amor e partiu. Quando chegou em casa, conclui ao padre: perdera tudo. </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-74007525440098020912009-03-04T15:25:00.000-08:002009-03-06T14:49:57.746-08:00Biografia: Luis Fernando Verissimo<a href="http://stapafurdius.net/wp-content/uploads/2008/09/lfv.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 265px; CURSOR: hand; HEIGHT: 307px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://stapafurdius.net/wp-content/uploads/2008/09/lfv.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Luis Fernando Verissimo nasceu em 26 de setembro 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filho do grande escritor Érico Veríssimo, iniciou seus estudos no Instituto Porto Alegre, tendo passado por escolas nos Estados Unidos quando morou lá, em virtude de seu pai ter ido lecionar em uma universidade da Califórnia, por dois anos. Voltou a morar nos EUA quando tinha 16 anos, tendo cursado a Roosevelt High School de Washington, onde também estudou música, sendo até hoje inseparável de seu saxofone.<br /><br />É casado com Lúcia e tem três filhos.<br /><br />Jornalista, iniciou sua carreira no jornal Zero Hora, em Porto Alegre, em fins de 1966, onde começou como copydesk mas trabalhou em diversas seções ("editor de frescuras", redator, editor nacional e internacional). Além disso, sobreviveu um tempo como tradutor, no Rio de Janeiro. A partir de 1969, passou a escrever matéria assinada, quando substituiu a coluna do Jockyman, na Zero Hora. Em 1970 mudou-se para o jornal Folha da Manhã, mas voltou ao antigo emprego em 1975, e passou a ser publicado no Rio de Janeiro também. O sucesso de sua coluna garantiu o lançamento, naquele ano, do livro "A Grande Mulher Nua", uma coletânea de seus textos.<br /><br />Participou também da televisão, criando quadros para o programa "Planeta dos Homens", na Rede Globo e, mais recentemente, fornecendo material para a série "Comédias da Vida Privada", baseada em livro homônimo.<br /><br />Escritor prolífero, são de sua autoria, dentre outros, O Popular, A Grande Mulher Nua, Amor Brasileiro, publicados pela José Olympio Editora; As Cobras e Outros Bichos, Pega pra Kapput!, Ed Mort em "Procurando o Silva", Ed Mort em "Disneyworld Blues", Ed Mort em "Com a Mão no Milhão", Ed Mort em "A Conexão Nazista", Ed Mort em "O Seqüestro do Zagueiro Central", Ed Mort e Outras Histórias, O Jardim do Diabo, Pai não Entende Nada, Peças Íntimas, O Santinho, Zoeira , Sexo na Cabeça, O Gigolô das Palavras, O Analista de Bagé, A Mão Do Freud, Orgias, As Aventuras da Família Brasil, O Analista de Bagé,O Analista de Bagé em Quadrinhos, Outras do Analista de Bagé, A Velhinha de Taubaté, A Mulher do Silva, O Marido do Doutor Pompeu, publicados pela L&PM Editores, e A Mesa Voadora, pela Editora Globo e Traçando Paris, pela Artes e Ofícios.<br /><br />Além disso, tem textos de ficção e crônicas publicadas nas revistas Playboy, Cláudia, Domingo (do Jornal do Brasil), Veja, e nos jornais Zero Hora, Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e, a partir de junho de 2.000, no jornal O Globo.<br /><br />Na opinião de Jaguar "Verissimo é uma fábrica de fazer humor. Muito e bom. Meu consolo — comparando meu artesanato de chistes e cartuns com sua fábrica — era que, enquanto eu rodo pelaí com minha grande capacidade ociosa pelos bares da vida, na busca insaciável do prazer (B.I.P.), o campeão do humor trabalha como um mouro (se é que os mouros trabalham). Pensava que, com aquela vasta produção, ele só podia levantar os olhos da máquina de escrever para pingar colírio, como dizia o Stanislaw Ponte Preta. Boemia, papos furados pela noite a dentro, curtir restaurantes malocados, lazer em suma, nem pensar. De manhã à noite, sempre com a placa "Homens Trabalhando" pendurada no pescoço."<br /><br />Extremamente tímido, foi homenageado por uma escola de samba de sua terra natal no carnaval de 2.000.<br /><br />BIBLIOGRAFIA :<br /><br />Crônicas e Contos:<br /><br />- A Grande Mulher Nua (7)<br /><br />- Amor brasileiro (7)<br /><br />- Aquele Estranho Dia que Nunca Chega (2)<br /><br />- A Mãe de Freud (1)<br /><br />- A Mãe de Freud (1) (ed. de bolso)<br /><br />- A Mesa Voadora (6)<br /><br />- A Mulher do Silva (1)<br /><br />- As Cobras (1)<br /><br />- A velhinha de Taubaté (1)<br /><br />- A versão dos afogados – Novas comédias da vida pública (1)<br /><br />- Comédias da Vida Privada (1)<br /><br />- Comédias da Vida Privada (1) (ed. de bolso)<br /><br />- Comédias da Vida Pública (1)<br /><br />- Ed Mort em “O seqüestro o zagueiro central” (ilust. de Miguel Paiva) (1)<br /><br />- Ed Mort em “Com a Mão no Milhão” (ilust. de Miguel Paiva) (1)<br /><br />- Ed Mort e Outras Histórias (1)<br /><br />- Ed Mort em “Procurando o Silva” (ilust. de Miguel Paiva) (1)<br /><br />- Ed Mort em Disneyworld Blues (ilust. de Miguel Paiva) (1)<br /><br />- As Cobras em “Se Deus existe que eu seja atingido por um raio” (1)<br /><br />- As Aventuras da Família Brasil, Parte II (1)<br /><br />- História de Amor 22 (com Elias José e Orlando Bastos) (3)<br /><br />- Ler Faz a Cabeça, V.1 (com Paulo Mendes Campos) (5)<br /><br />- Ler Faz a Cabeça, V.3 (com Dinah S. de Queiroz) (5)<br /><br />- Novas Comédias da Vida Privada (1)<br /><br />- O Analista de Bagé em Quadrinhos (1)<br /><br />- O Marido do Dr. Pompeu (1)<br /><br />- O Popular (7)<br /><br />- O Rei do Rock (6)<br /><br />- Orgias (1)<br /><br />- Orgias (1) (ed. de bolso)<br /><br />- O Suicida e o Computador (1)<br /><br />- O Suicida e o Computador (1) (ed. bolso)<br /><br />- Outras do Analista de Bagé (1)<br /><br />- Para Gostar de Ler, V.13 - "Histórias Divertidas", com F. Sabino e M. Scliar (3)<br /><br />- Para Gostar de Ler, V.14 (3)<br /><br />- Para Gostar de Ler, V.7 – "Crônicas", com L. Diaféria e J.Carlos Oliveira (3)<br /><br />- Peças Íntimas (1)<br /><br />- Separatismo; Corta Essa! (1)<br /><br />- Sexo na Cabeça (1)<br /><br />- Sexo na Cabeça (1) (ed. de bolso)<br /><br />- Todas as comédias (1)<br /><br />- Zoeira (1)<br /><br />- A eterna privação do zagueiro absoluto (2)<br /><br />- Comédias para se ler na escola (2)<br /><br />- As mentiras que os homens contam (2)<br /><br />- Histórias brasileiras de verão (2)<br /><br />- Aquele estranho dia que nunca chega (2)<br /><br />- Banquete com os Deuses (2)<br /><br />Romances:<br /><br />- Borges e os Orangotangos Eternos (8)<br />- Gula - O Clube dos Anjos (2)<br />- O Jardim do Diabo (1)<br />- O opositor (2)<br /><br />Poesia:<br /><br />- Poesia numa hora dessas?! (2)<br /><br />Infanto-Juvenis:<br /><br />- O arteiro e o tempo (ilust. de Glauco Rodrigues (9)<br />- O Santinho (ilust. de Edgar Vasques e Glenda Rubinstein) (1)<br />- Pof (ilust. do autor) (10)<br /><br />Viagens – Culinária:<br /><br />- América (ilustrações de Eduardo Reis de Oliveira) (4)<br />- Traçando Japão (ilust. de Joaquim da Fonseca) (4)<br />- Traçando Madrid (ilust. de Joaquim da Fonseca) (4)<br />- Traçando New York (ilust. de Joaquim da Fonseca) (4)<br />- Traçando Paris (com Joaquim da Fonseca) (4)<br />- Traçando Ponto de Embarque para Viajar 1 (4)<br />- Traçando Ponto de Embarque para Viajar 2 (4)<br />- Traçando Porto Alegre (ilust. de Joaquim da Fonseca) (4)<br />- Traçando Roma (ilust. de Joaquim da Fonseca) (4)<br /><br />Antologias:<br /><br />- Para gostar de ler Júnior - Festa de criança (ilust. de Caulos) – (3)<br />- As noivas do Grajaú – (11).<br />- Todas as histórias do Analista de Bagé (1)<br />- Ed Mort - Todas as histórias (1)<br />- Comédias da vida privada (edição especial para escolas) – (1)<br />- Para gostar de ler, v. 14 - O nariz e outras crônicas (3)<br />- Pai não entende nada - Coleção Jovem – (1)<br />- Zoeira (seleção de Lucia Helena Verissimo e Maria da Glória Bordini)- (1)<br />- O gigolô das palavras (seleção de Maria da Glória Bordini). (1)<br /><br />Participações em Coletâneas:<br /><br />Para entender o Brasil - Organização de Luiz Antonio Aguiar. Alegro, 2001. Texto: “O cinismo de (todos) nós”.<br /><br />Os cem melhores contos brasileiros do século - Organização de Ítalo Moriconi. Objetiva, 2000. Texto: “Conto de verão nº 2 - Bandeira branca”.<br /><br />O desafio ético - Organização de Ari Roitman. Garamond, 2000. Texto: “O poder do nada”.<br /><br />Para gostar de ler, volume 22 - Histórias de amor - Ática, 1999. Texto: “Uma surpresa para Daphne”.<br /><br />Porto Alegre - Memória escrita - Organização Zilá Bernd. Universidade Editorial, 1998. Texto: “Bola de cristal”.<br /><br />Contos para um Natal brasileiro - Relume Dumará, 1996. Texto: “White Christmas”.<br /><br />Contos brasileiros - Organização de Sérgio Faraco. L&PM, 1996. Texto: “A missão”.<br /><br />Democracia: Cinco princípios e um fim - Ilustrações de Siron Franco. Organização de Carla Rodrigues. Moderna, Coleção Polêmica, 1996. Texto: “Igualdade”.<br /><br />Continente Sul/Sur - IEL, 1996. Texto: “Conversa de velho”.<br />O Rio de Janeiro continua lindo - Memória Viva, 1995. Texto: “Vitória carioca”.<br /><br />Passeios pela Zona Norte - Centro Cultural Gama Filho, 1995. Texto: “As noivas do Grajaú”.<br /><br />E o Bento levou (charges) - Mercado Aberto, 1995.<br /><br />Amigos secretos - Artes e Ofícios, 1994. Texto: “Casados x solteiros”.<br /><br />A cidade de perfil - Organização de Sérgio Faraco. Centro Cultural Porto Alegre, 1994. Textos: “A mal entendida”, “A compulsão” e “Soluções”.<br /><br />Separatismo - Corta essa! (cartuns) - L&PM, 1993.<br /><br />Para gostar de ler, volume 13 - Histórias divertidas - Ática, 1993. Textos: “Atitude suspeita” e “O casamento”.<br /><br />O humor nos tempos do Collor - Com Jô Soares e Millôr Fernandes. L&PM, 1992.<br /><br />Nós, os gaúchos - Editora da Universidade, 1992. Texto: “A cidade que não está no mapa”.<br /><br />Cronistas do Estadão - Organização de Moacir Amâncio. O Estado de S. Paulo, 1991.Texto: “Negociações”.<br /><br />A palavra é humor - Scipione, 1990. Texto: “Lixo”.<br /><br />Ler faz a cabeça, volumes 1, 2 e 3 - Pedagógica e Universitária, 1990.<br /><br />Crônicas de amor - Ceres, 1989. Textos: “Amores”.<br /><br />Sombras e luzes - Um olhar sobre o século - Organização de Hélio Nardi Filho. L&PM, 1989. Texto: “À beira do tapete, à beira do espaço”.<br /><br />O novo conto brasileiro - Nova Fronteira, 1985.<br /><br />Rodízio de contos - Mercado Aberto, 1985. Texto: “Tronco”.<br /><br />Memórias (Revista Oitenta nº6) - L&PM, 1982.<br /><br />Temporal na Duque (Revista Oitenta nº 5) - L&PM, 1981.<br /><br />Para gostar de ler, volume 7 - Crônicas. Ática, 1981. Textos: “Confuso”, “Futebol de rua”, “Comunicação”, “Emergência” e “Matemática”.<br /><br />Toda a verdade sobre Brigitte D’Anjou (Revista Oitenta nº 3) - L&PM, 1980.<br /><br />Condomínio (Revista Oitenta nº 2) - L&PM, 1980.<br /><br />Humor de sete cabeças (charges e cartuns) - Sulbrasileiro Seguros Gerais, 1978.<br /><br />Antologia brasileira do humor - L&PM, 1976.<br /><br />O tubarão - L&PM, 1976.<br /><br />QI 14 - Garatuja, 1975.<br /><br />Editoras:<br /><br />(1) – L&PM Editores, Porto Alegre (RS)<br />(2) – Editora Objetiva, Rio de Janeiro (RJ)<br />(3) – Ática, São Paulo (SP)<br />(4) – Artes e Ofícios, Rio (RJ)<br />(5) – Epu, São Paulo (SP)<br />(6) – Globo, Porto Alegre (RS)<br />(7) – José Olympio, Rio de Janeiro (RJ)<br />(8) – Cia. das Letras, São Paulo (SP)<br />(9) – Berlendis, São Paulo (SP)<br />(10) – Projeto, Porto Alegre (RS)<br />(11) – Mercado Aberto, Porto Alegre (RS)<br /><br /><br />Após mais de 20 anos tendo seus trabalhos publicados pela L&PM Editores, de Porto Alegre (RS), foi anunciada, em 05/07/2000, sua contratação pela Editora Objetiva, do Rio de Janeiro (RJ). </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-90164130048649950922009-03-04T15:24:00.000-08:002009-03-06T14:51:06.695-08:00Biografia: Raul Pompéia<a href="http://www.passeiweb.com/saiba_mais/biografias/r/imagens/raul_pompeia.jpg"><img style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 150px; CURSOR: hand; HEIGHT: 176px" alt="" src="http://www.passeiweb.com/saiba_mais/biografias/r/imagens/raul_pompeia.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Raul Pompéia (R. de Ávila P.), jornalista, contista, cronista, novelista e romancista, nasceu em Jacuecanga, Angra dos Reis, RJ, em 12 de abril de 1863, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 25 de dezembro de 1895. É o patrono da Cadeira nº 33, por escolha do fundador Domício da Gama.<br /><br />Era filho de Antônio de Ávila Pompéia, homem de recursos e advogado, e de Rosa Teixeira Pompéia. Transferiu-se cedo, com a família, para a Corte e foi internado no Colégio Abílio, dirigido pelo educador Abílio César Borges, o barão de Macaúbas, estabelecimento de ensino que adquirira grande nomeada. Passando do ambiente familiar austero e fechado para a vida no internato, recebeu Raul Pompéia um choque profundo no contato com estranhos. Logo se distingue como aluno aplicado, com o gosto dos estudos e leituras, bom desenhista e caricaturista, que redigia e ilustrava do próprio punho o jornalzinho O Archote. Em 1879, transferiu-se para o Colégio Pedro II, para fazer os preparatórios, e onde se projetou como orador e publicou o seu primeiro livro, Uma tragédia no Amazonas (1880).<br /><br />Em 1881 começou o curso de Direito em São Paulo, entrando em contato com o ambiente literário e as idéias reformistas da época. Engajou-se nas campanhas abolicionista e republicana, tanto nas atividades acadêmicas como na imprensa. Tornou-se amigo de Luís Gama, o famoso abolicionista. Escreveu em jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro, freqüentemente sob o pseudônimo "Rapp", um dentre os muitos que depois adotaria: Pompeu Stell, Um moço do povo, Y, Niomey e Hygdard, R., ?, Lauro, Fabricius, Raul D., Raulino Palma. Ainda em São Paulo publicou, no Jornal do Commercio, as "Canções sem metro", poemas em prosa, parte das quais foi reunida em volume, de edição póstuma. Também, em folhetins da Gazeta de Notícias, publicou a novela As jóias da Coroa.<br /><br />Reprovado no 3º ano (1883), seguiu com 93 acadêmicos para o Recife e ali concluiu o curso de Direito, mas não exerceu a advocacia. De volta ao Rio de Janeiro, em 1885, dedicou-se ao jornalismo, escrevendo crônicas, folhetins, artigos, contos e participando da vida boêmia das rodas intelectuais. Nos momentos de folga, escreveu O Ateneu, "crônica de saudades", romance de cunho autobiográfico, narrado em primeira pessoa, contando o drama de um menino que, arrancado ao lar, é colocado num internato da época. Publicou-o em 1888, primeiro em folhetins, na Gazeta de Notícias, e, logo a seguir, em livro, que o consagra definitivamente como escritor.<br /><br />Decretada a abolição, em que se empenhara, passou a dedicar-se à campanha favorável à implantação da República. Em 1889, colaborou em A Rua, de Pardal Mallet, e no Jornal do Commercio. Proclamada a República, foi nomeado professor de mitologia da Escola de Belas Artes e, logo a seguir, diretor da Biblioteca Nacional. No jornalismo, revelou-se um florianista exaltado, em oposição a intelectuais do seu grupo, como Pardal Mallet e Olavo Bilac. Numa das discussões, surgiu um duelo entre Bilac e Pompéia. Combatia o cosmopolitismo, achando que o militarismo, encarnado por Floriano Peixoto, constituía a defesa da pátria em perigo. Referindo-se à luta entre portugueses e ingleses, desenhou uma de suas melhores charges: "O Brasil crucificado entre dois ladrões". Com a morte de Floriano, em 1895, foi demitido da direção da Biblioteca Nacional, acusado de desacatar a pessoa do Presidente no explosivo discurso pronunciado em seu enterro. Rompido com amigos, caluniado em artigo de Luís Murat, sentindo-se desdenhado por toda parte, inclusive dentro do jornal A Notícia, que não publicara o segundo artigo de sua colaboração, pôs fim à vida no dia de Natal de 1895.<br /><br />A posição de Raul Pompéia na literatura brasileira é controvertida. A princípio a crítica o julgou pertencente ao Naturalismo, mas as qualidades artísticas presentes em sua obra fazem-no aproximar-se do Simbolismo, ficando a sua arte como a expressão típica, na literatura brasileira, do estilo impressionista.<br /><br />Obras: Uma tragédia no Amazonas, novela (1880); As jóias da coroa, novela (1882); Canções sem metro, poemas em prosa (1883); O Ateneu, romance (1888). A obra completa de Raul Pompéia está reunida em Obras, org. de Afrânio Coutinho, 10 vols. (1981-1984). </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-52646136029927371722009-03-04T15:22:00.000-08:002009-03-06T14:52:02.634-08:00Biografia: Aluísio Azevedo<a href="http://contosdocovil.files.wordpress.com/2008/06/aluisio-azevedo.jpg"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 210px; CURSOR: hand; HEIGHT: 298px" alt="" src="http://contosdocovil.files.wordpress.com/2008/06/aluisio-azevedo.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Aluísio Azevedo (A. Tancredo Gonçalves de A.), caricaturista, jornalista, romancista e diplomata, nasceu em São Luís, MA, em 14 de abril de 1857, e faleceu em Buenos Aires, Argentina, em 21 de janeiro de 1913. É o fundador da Cadeira n. 4 da Academia Brasileira de Letras.<br /><br />Era filho do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo e de d. Emília Amália Pinto de Magalhães e irmão mais moço do comediógrafo Artur Azevedo. Sua mãe havia casado, aos 17 anos, com um rico e ríspido comerciante português. O temperamento brutal do marido determinou o fim do casamento. Emília refugiou-se em casa de amigos, até conhecer o vice-cônsul de Portugal, o jovem viúvo David. Os dois passaram a viver juntos, sem contraírem segundas núpcias, o que à época foi considerado um escândalo na sociedade maranhense.<br /><br />Da infância à adolescência, Aluísio estudou em São Luís e trabalhou como caixeiro e guarda-livros. Desde cedo revelou grande interesse pelo desenho e pela pintura, o que certamente o auxiliou na aquisição da técnica que empregará mais tarde ao caracterizar os personagens de seus romances. Em 1876, embarcou para o Rio de Janeiro, onde já se encontrava o irmão mais velho, Artur. Matriculou-se na Imperial Academia de Belas Artes, hoje Escola Nacional de Belas Artes. Para manter-se, fazia caricaturas para os jornais da época, como O Figaro, O Mequetrefe, Zig-Zag e A Semana Ilustrada. A partir desses “bonecos” que conservava sobre a mesa de trabalho, escrevia cenas de romances.<br /><br />A morte do pai, em 1878, obrigou-o a voltar a São Luís, para tomar conta da família. Ali começou a carreira de escritor, com a publicação, em 1879, do romance Uma lágrima de mulher, típico dramalhão romântico. Ajuda a lançar e colabora com o jornal anticlerical O Pensador, que defendia a abolição da escravatura, enquanto os padres mostravam-se contrários a ela. Em 1881, Aluísio lança O mulato, romance que causou escândalo entre a sociedade maranhense, não só pela crua linguagem naturalista, mas sobretudo pelo assunto de que tratava: o preconceito racial. O romance teve grande sucesso, foi bem recebido na Corte como exemplo de Naturalismo, e Aluísio pôde fazer o caminho de volta para o Rio de Janeiro, embarcando em 7 de setembro de 1881, decidido a ganhar a vida como escritor.<br /><br />Quase todos os jornais da época tinham folhetins, e foi num deles que Aluísio passou a publicar seus romances. A princípio, eram obras menores, escritas apenas para garantir a sobrevivência. Depois, surgiu nova preocupação no universo de Aluísio: a observação e análise dos agrupamentos humanos, a degradação das casas de pensão e sua exploração pelo imigrante, principalmente o português. Dessa preocupação resultariam duas de suas melhores obras: Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890). De 1882 a 1895 escreveu sem interrupção romances, contos e crônicas, além de peças de teatro em colaboração com Artur de Azevedo e Emílio Rouède.<br /><br />Em 1895 encerrou a carreira de romancista e ingressou na diplomacia. O primeiro posto foi em Vigo, na Espanha. Depois serviu no Japão, na Argentina, na Inglaterra e na Itália. Passara a viver em companhia de D. Pastora Luquez, de nacionalidade argentina, junto com os dois filhos, Pastor e Zulema, que Aluísio adotou. Em 1910, foi nomeado cônsul de 1a classe, sendo removido para Assunção. Depois foi para Buenos Aires, seu último posto. Ali faleceu, aos 56 anos. Foi enterrado naquela cidade. Seis anos depois, por uma iniciativa de Coelho Neto, a urna funerária de Aluísio Azevedo chegou a São Luís, onde o escritor foi sepultado definitivamente. Obras: Uma lágrima de mulher, romance de estréia (1880); O mulato, romance (1881); Mistério da Tijuca, romance (1882; reeditado: Girândola de amores); Memórias de um condenado (1882; reeditado: A condessa Vésper); Casa de pensão, romance (1884); Filomena Borges, romance (publicado em folhetins na Gazeta de Notícias, 1884); O homem, romance (1887); O coruja, romance (1890); O cortiço, romance (1890); Demônios, contos (1895); A mortalha de Alzira, romance (1894); Livro de uma sogra, romance (1895). </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-75564732511780164002009-03-04T15:21:00.000-08:002009-03-06T14:52:49.064-08:00Biografia: Bernardo Guiãrães<a href="http://www.passeiweb.com/saiba_mais/biografias/b/imagens/bernardo_guimaraes.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 150px; CURSOR: hand; HEIGHT: 197px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://www.passeiweb.com/saiba_mais/biografias/b/imagens/bernardo_guimaraes.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Biografia<br />Bernardo Guimarães (B. Joaquim da Silva G.), magistrado, jornalista, professor, romancista e poeta, nasceu em Ouro Preto, MG, em 15 de agosto de 1825, e faleceu na mesma cidade, em 10 de março de 1884. É o patrono da Cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Raimundo Correia.<br /><br />Era filho de Joaquim da Silva Guimarães e Constança Beatriz de Oliveira. Dos 4 aos 16 anos viveu em Uberaba e Campo Belo, impregnando-se das paisagens que mais tarde descreveria em seus romances e em alguns poemas. Antes dos 17 estava de volta a Ouro Preto, onde terminou os preparatórios. Tem-se como certa a sua participação, em 1842, na revolução liberal. (Seu biógrafo Basílio de Magalhães deduziu, de informações que obteve da viúva Bernardo Guimarães, que ele não servira aos rebeldes e sim aos legalistas.) Matriculou-se, em 47, na Faculdade de Direito de São Paulo, onde se tornou amigo íntimo e inseparável de Álvares de Azevedo e Aureliano Lessa, com os quais chegou Bernardo Guimarães a projetar a publicação de uma obra que se chamaria Três liras. Fundaram os três, com outros estudantes, a “Sociedade Epicuréia”, a que se atribuíram “coisas fantásticas”, que ganharam fama no meio paulistano.<br /><br />Bacharelou-se, em 2a época, no começo de 1852. Nesse ano publicou Cantos da solidão, poesia. Exerceu o cargo de juiz municipal e de órfãos de Catalão, em Goiás, por duas vezes, em 1852-54 e 1861-64. De permeio, fez jornalismo e crítica literária no Rio de Janeiro. Magistrado rigoroso mas humano, promoveu, no segundo período de judicatura, um júri sumário para libertar os presos, pessimamente instalados e, intervindo motivos de conflito com o presidente da província, sofreu processo, do qual saiu triunfante. Em 1864-65, de novo o poeta viveu na Corte, onde publicou o volume Poesias, contendo “Cantos da solidão”, “Inspirações da tarde”, “Poesias diversas”, “Evocações” e “A baía de Botafogo”. Fixou-se, a partir de 1866, em Ouro Preto, onde foi nomeado professor de retórica e poética no Liceu Mineiro. Casou-se no ano seguinte com Teresa Maria Gomes. Teve o casal oito filhos. Uma das duas filhas foi Constança, falecida aos 17 anos, quando noiva de seu primo, o poeta Alphonsus de Guimaraens, que a imortalizou na literatura como a que “se morreu fulgente e fria”.<br /><br />Extinta a cadeira, Bernardo Guimarães viu-se, já casado, sem colocação. Entre 1869 e 72 escreveu várias obras. Em 73, foi nomeado professor de latim e francês em Queluz, atual Lafayette, MG. Também esta cadeira foi extinta. Basílio de Magalhães sugere que o motivo deve ter sido, em ambos os casos, ineficácia e pouca assiduidade do poeta. Em 1875 publicou o romance que melhor o situaria na campanha abolicionista e viria a ser a mais popular das suas obras: A escrava Isaura. Dedicando-se inteiramente à literatura, escreveu ainda quatro romances e mais duas coletâneas de versos. A visita de Dom Pedro II a Minas Gerais, em 1881, deu motivo a que o Imperador prestasse expressiva homenagem a Bernardo Guimarães, a quem admirava.<br /><br />Embora tenha começado a escrever ficção nos fins do decênio de 50, e tenha feito poesias até os últimos anos, a sua melhor produção poética vai até o decênio de 60; a partir daí, realizou-se de preferência na ficção. Estreando com os Cantos da solidão em 1852, reuniu-se com outros, em 1865, nas Poesias. Na ficção, distinguem-se: O ermitão de Muquém (escrito em 1858 e publicado em 69); Lendas e romances (1871); O seminarista e Histórias e tradições de Minas Gerais (1872); O índio Afonso (1873); A escrava Isaura (1875); Maurício (1877); Rosaura, a enjeitada (1883). Publicou mais duas coletâneas de versos: Novas poesias (1876) e Folhas de outono (1883). Postumamente apareceram O bandido do Rio das Mortes (1905) e o drama A voz do Pajé. Deve-se registrar, além disso, a sua produção de poesias obscenas. A sua produção poética conhecida foi reunida em Poesias completas de Bernardo Guimarães. Organização, introdução, cronologia e notas de Alphonsus de Guimaraens Filho, edição do Ministério da Educação e Cultura/Instituto Nacional do Livro (1959). </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-67285473018633299682009-03-04T15:19:00.000-08:002009-03-04T15:20:37.382-08:00Biografia: Luís de Camões<div align="justify">Poeta português (1525?-1580). Luís Vaz de Camões é autor de Os Lusíadas , considerada uma das obras mais importantes da Literatura portuguesa. De família da pequena nobreza, ingressa no Exército da Coroa de Portugal e participa da guerra contra Ceuta, no Marrocos, durante a qual perde o olho direito. Boêmio, de volta a Lisboa freqüenta tanto os serões da nobreza como as noitadas populares. Embarca para a Índia em 1553 e para a China em 1556. Em 1560, o navio em que viaja naufraga na foz do Rio Mekong. Camões salva os originais de Os Lusíadas nadando até a terra com o manuscrito embaixo do braço. Nove anos depois, retorna a Lisboa com a intenção de publicar o poema, o que só acontece em 1572, graças a um financiamento concedido pelo rei Dom Sebastião. Os Lusíadas funde elementos épicos e líricos e sintetiza as principais marcas do Renascimento português: o humanismo e as expedições ultramarinas. Sua base narrativa é a expedição de Vasco da Gama em busca de um caminho marítimo para as Índias. Nela, mescla fatos da História portuguesa a intrigas dos deuses gregos, que procuram ajudar ou atrapalhar o navegador. Morre em Portugal, em absoluta pobreza.<br /></div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-29820377643810088762009-03-04T15:16:00.000-08:002009-03-06T14:54:04.002-08:00Biografia: José de Alencar<a href="http://www.enaol.com.br/disciplinas/literatura/figuras/José%20de%20Alencar.jpg"><img style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 186px; CURSOR: hand; HEIGHT: 200px" alt="" src="http://www.enaol.com.br/disciplinas/literatura/figuras/José%20de%20Alencar.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">José Martiniano de Alencar (Fortaleza, 1 de maio de 1829 — Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1877) foi jornalista, político, advogado, orador, crítico, cronista, polemista, romancista e dramaturgo brasileiro. Filho de influente senador, José de Alencar formou-se em Direito, iniciando-se na atividade literária através dos jornais Correio Mercantil e Diário do Rio de Janeiro. Foi casado com Ana Cochrane. Irmão do diplomata Leonel Martiniano de Alencar, barão de Alencar, e pai de Augusto Cochrane de Alencar.<br /><br />Nascido em Messejana, na época um municipio vizinho a Fortaleza, a família transfere-se para a capital do Brasil Império e Alencar, então com onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar. Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo, começando o curso em 1846. Fundou, na época, a revista Ensaios Literários, onde publicou o artigo Questões de estilo. Formou-se em Direito, em 1850, e, em 1854, estreou como folhetinista no Correio Mercantil. Em 1856 publica o primeiro romance, Cinco Minutos, seguido de A Viuvinha, em 1857. Mas é com O Guarani (1857) que alcançará notoriedade.<br /><br />José de Alencar foi mais longe nos romances que completam a trilogia indigenista: Iracema (1865) e Ubirajara (1874). O primeiro, epopéia sobre a origem do Ceará, tem como personagem principal a índia Iracema, a "virgem dos lábios de mel" e "cabelos tão escuros como a asa da graúna". O segundo tem por personagem Ubirajara, valente guerreiro indígena que durante a história cresce em direção à maturidade.<br /><br />Em 1859, tornou-se Chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 1860 José de Alencar havia ingressado na política, como deputado. Em 1868, tornou-se Ministro da Justiça e, em 1869, candidatou-se ao Senado. Em 1877 viria a ocupar um ministério no governo do Imperado. Em 1872 se tornou pai de Mário de Alencar, o qual, segundo uma história nunca totalmente confirmada, seria na verdade filho de Machado de Assis, dando respaldo para o romance Dom Casmurro. Viajou para a Europa em 1877 para tentar um tratamento, porém não teve sucesso. Faleceu no Rio de Janeiro no mesmo ano de tuberculose.<br />Vida<br />Produziu também romances urbanos (Senhora, 1875; Encarnação, escrito em 1877, ano de sua morte e divulgado em 1893), regionalistas (O Gaúcho, 1870; O Sertanejo, 1875) e históricos (A Guerra dos Mascates, 1873), além de peças para o teatro. Característica de sua obra é o nacionalismo, tanto nos temas quanto nas inovações no uso da língua. Em um momento de consolidação da Independência, Alencar representou um dos mais sinceros esforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e cultura próprios, em construir novos caminhos para a literatura no país. Em sua homenagem foi erigida uma estátua no Rio de Janeiro.<br /><br />José de Alencar é o grande nome da prosa romântica brasileira, tendo escrito obras representativas para todos os tipos de ficção românticos: passadista e colonial (O Guarani, 1857), indianista (Iracema, 1865), sertaneja (O Sertanejo, 1875).<br /><br />Pode-se dividir, didaticamente, a obra de Alencar em indianista (O Guarani, 1857; Iracema, 1865; Ubirajara, 1874); urbana (Lucíola, 1862; Diva, 1864; Senhora, 1875), regionalista (O Gaúcho, 1870; O Sertanejo, 1875) e históricos (Guerra dos Mascates (primeiro volume), 1873).<br />Literatura<br />Seus grandes mestres são o francês Chateubriand e o escocês Walter Scott. Mas também o influenciaram muito os escritores Balzac e Alexandre Dumas.<br /><br />Características da obra de Alencar<br />A obra de José de Alencar pode ser dividida em dois grupos distintos<br /><br />Quanto ao espaço geográfico<br />O sertão do Nordeste - O Sertanejo<br />O litoral cearense - Iracema<br />O pampa gaúcho - O Gaúcho<br />A zona rural - Til (interior paulista), O Tronco do Ipê (zona da mata fluminense)<br />A cidade, a sociedade burguesa do Segundo Reinado - Diva, Lucíola, Senhora e os demais romances urbanos.<br />Quanto à evolução histórica<br />O período pré-cabralino - Ubirajara.<br />A fase de formação da nacionalidade - Iracema e O Guarani.<br />A ocupação do território, a colonização e o sentimento nativista - As Minas de Prata (o bandeirantismo) e A Guerra dos Mascates (rebelião colonial).<br />O presente, a vida urbana de seu tempo, a burguesia fluminense do século XIX - os romances urbanos Diva, Lucíola, Senhora e outros.<br />Obras<br />Romances<br />Cinco minutos, 1856<br />A viuvinha, 1857<br />O guarani, 1857<br />Lucíola, 1862<br />Diva, 1864<br />Iracema, 1865<br />As minas de prata - 1º vol., 1865<br />As minas de prata - 2.º vol., 1866<br />O gaúcho, 1870<br />A pata da gazela, 1870<br />O tronco do ipê, 1871<br />Guerra dos mascates - 1º vol., 1871<br />Til, 1871<br />Sonhos d'ouro, 1872<br />Alfarrábios, 1873<br />Guerra dos mascates - 2º vol., 1873<br />Ubirajara, 1874<br />O sertanejo, 1875<br />Senhora, 1875<br />Encarnação, 1893<br /><br /><br />Teatro<br />O crédito, 1857<br />Verso e reverso, 1857<br />Demônio familiar, 1857<br />As asas de um anjo, 1858<br />Mãe, 1860<br />A expiação, 1867<br />O jesuíta, 1875<br /><br />Crônica<br />Ao correr da pena, 1874<br /><br />Autobiografia<br />Como e por que sou romancista, 1873<br /><br />Crítica e polêmica<br />Cartas sobre a confederação dos tamoios, 1856<br />Ao imperador:cartas políticas de Erasmo e Novas cartas políticas de Erasmo, 1865<br />Ao povo:cartas políticas de Erasmo, 1866<br />O sistema representativo, 1866<br /><br />[ Bibliografia </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-35255908738079476362009-03-04T15:13:00.000-08:002009-03-06T14:55:36.813-08:00Biografia: Monteiro Lobato<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLcIxncd7-tMfwF3xP9hZnDVSDoLi2cKfyypHuwAYvyx5EtoV2zIegNLaB1QiJNlj_VabRG1_dTYalYDIes4KD9ZvfPFbfBnDbX0Tu1qacIOW7vPSQhnOFAt3Jin7qRyx9cLrNWJJ8pcxX/s1600-h/images.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5310212179040979042" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 184px; CURSOR: hand; HEIGHT: 167px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLcIxncd7-tMfwF3xP9hZnDVSDoLi2cKfyypHuwAYvyx5EtoV2zIegNLaB1QiJNlj_VabRG1_dTYalYDIes4KD9ZvfPFbfBnDbX0Tu1qacIOW7vPSQhnOFAt3Jin7qRyx9cLrNWJJ8pcxX/s200/images.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Monteiro Lobato: o precursor da literatura infantil no Brasil<br /><br />Contista, ensaísta e tradutor, este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma série deles em Urupês, obra prima deste famoso escritor.<br /><br />Em uma época em que os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-se também editor, passando a editar livros também no Brasil. Com isso, ele implantou uma série de renovações nos livros didáticos e infantis.<br /><br />Este notável escritor é bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado. Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil.<br /><br />Suas personagens mais conhecidas são: Emília, uma boneca de pano com sentimento e idéias independentes; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando criança; Visconde de Sabugosa, a sabia espiga de milho que tem atitudes de adulto, Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio, Saci Pererê e outras personagens que fazem parte da inesquecível obra: O Sítio do Pica-Pau Amarelo, que até hoje encanta muitas crianças e adultos.<br /><br />Escreveu ainda outras incríveis obras infantis, como: A Menina do Nariz Arrebitado, O Saci, Fábulas do Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho, O Pó de Pirlimpimpim, Reinações de Narizinho, As Caçadas de Pedrinho, Emília no País da Gramática, Memórias da Emília, O Poço do Visconde, O Pica-Pau Amarelo e A Chave do Tamanho.<br /><br />Fora os livros infantis, este escritor brasileiro escreveu outras obras literárias, tais como: O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e o Escândalo do Petróleo. Neste último livro, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável a exploração do petróleo apenas por empresas brasileiras.<br /><br />No ano de 1948, o Brasil perdeu este grande talento que tanto contribuiu com o desenvolvimento de nossa literatura.<br /><br />Literatura Infantil<br /><br />1920 - A menina do narizinho arrebitado<br />1921 - Fábulas de Narizinho<br />1921 - Narizinho arrebitado<br />1921 - O Saci<br />1922 - O marquês de Rabicó<br />1922 - Fábulas<br />1924 - A caçada da onça<br />1924 - Jeca Tatuzinho<br />1924 - O noivado de Narizinho<br />1927 - As aventuras de Hans Staden<br />1928 - Aventuras do príncipe<br />1928 - O Gato Félix<br />1928 - A cara de coruja<br />1929 - O irmão de Pinóquio<br />1929 - O circo de escavalinho<br />1930 - Peter Pan<br />1930 - A pena de papagaio<br />1931 - Reinações de Narizinho<br />1931 - O pó de pirlimpimpim<br />1932 - Viagem ao céu<br />1933 - Caçadas de Pedrinho<br />1933 - Novas reinações de Narizinho<br />1933 - História do mundo para as crianças<br />1934 - Emília no país da gramática<br />1935 - Aritmética da Emília<br />1935 - Geografia de Dona Benta<br />1935 - História das invenções<br />1936 - Dom Quixote das crianças<br />1936 - Memórias da Emília<br />1937 - Serões de Dona Benta<br />1937 - O poço do Visconde<br />1937 - Histórias de Tia Nastácia<br />1938 - O museu da Emília<br />1939 - O Picapau Amarelo<br />1939 - O minotauro<br />1941 - A reforma da natureza<br />1942 - A chave do tamanho<br />1944 - Os doze trabalhos de Hércules<br />1947 - Histórias diversas<br /><br />Outras obras - temática adulta<br /><br />O Saci Pererê: resultado de um inquérito (1918)<br />Urupês (1918)<br />Problema vital (1918)<br />Cidades mortas (1919)<br />Idéias de Jeca Tatu (1919)<br />Negrinha (1920)<br />A onda verde (1921)<br />O macaco que se fez homem (1923)<br />Mundo da lua (1923)<br />Contos escolhidos (1923)<br />O garimpeiro do Rio das Garças (1924)<br />O choque (1926)<br />Mr. Slang e o Brasil (1927)<br />Ferro (1931)<br />América (1932)<br />Na antevéspera (1933)<br />Contos leves (1935)<br />O escândalo do petróleo (1936)<br />Contos pesados (1940)<br />O espanto das gentes (1941)<br />Urupês, outros contos e coisas (1943)<br />A barca de Gleyre (1944)<br />Zé Brasil (1947)<br />Prefácios e entrevistas (1947)<br />Literatura do minarete (1948)<br />Conferências, artigos e crônicas (1948)<br />Cartas escolhidas (1948)<br />Críticas e Outras notas (1948)<br />Cartas de amor (1948) </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-80562053155811154972009-03-04T15:12:00.001-08:002009-03-06T14:57:44.283-08:00Biografia: Graciliano Ramos<a href="http://1.bp.blogspot.com/_nqrSpgABloc/SAtIQV72NUI/AAAAAAAAAGg/GZCCxJezJXU/s400/135_GR1947.jpg"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 259px; CURSOR: hand; HEIGHT: 267px" alt="" src="http://1.bp.blogspot.com/_nqrSpgABloc/SAtIQV72NUI/AAAAAAAAAGg/GZCCxJezJXU/s400/135_GR1947.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Graciliano Ramos nasceu no dia 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, sertão de Alagoas, filho primogênito dos dezesseis que teriam seus pais, Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos. Viveu sua infância nas cidades de Viçosa, Palmeira dos Índios (AL) e Buíque (PE), sob o regime das secas e das suas que lhe eram aplicadas por seu pai, o que o fez alimentar, desde cedo, a idéia de que todas as relações humanas são regidas pela violência. Em seu livro autobiográfico "Infância", assim se referia a seus pais: "Um homem sério, de testa larga (...), dentes fortes, queixo rijo, fala tremenda; uma senhora enfezada, agressiva, ranzinza (...), olhos maus que em momentos de cólera se inflamavam com um brilho de loucura".<br /><br />Em 1894, a família muda-se para Buíque (PE), onde o escritor tem contacto com as primeiras letras.<br /><br />Em 1904, retornam ao Estado de Alagoas, indo morara em Viçosa. Lá, Graciliano cria um jornalzinho dedicado às crianças, o "Dilúculo". Posteriormente, redige o jornal "Echo Viçosense", que tinha entre seus redatores seu mentor intelectual, Mário Venâncio.<br /><br />Em 1905 vai para Maceió, onde freqüenta, por pouco tempo, o Colégio Quinze de Março, dirigido pelo professor Agnelo Marques Barbosa.<br /><br />Com o suicídio de Mário Venâncio, em fevereiro de 1906, o "Echo" deixa de circular. Graciliano publica na revista carioca "O Malho" sonetos sob o pseudônimo de Feliciano de Olivença.<br /><br />Em 1909, passa a colaborar com o "Jornal de Alagoas", de Maceió, publicando o soneto "Céptico" sob o pseudônimo de Almeida Cunha. Até 1913, nesse jornal, usa outros pseudônimos: S. de Almeida Cunha, Soares de Almeida Cunha e Lambda, este usado em trabalhos de prosa. Até 1915 colabora com "O Malho", usando alguns dos pseudônimos citados e o de Soeiro Lobato.<br /><br />Em 1910, responde a inquérito literário movido pelo Jornal de Alagoas, de Maceió. Em outubro, muda-se para Palmeira dos Índios, onde passa a residir.<br /><br />Passa a colaborar com o "Correio de Maceió", em 1911, sob o pseudônimo de Soares Lobato.<br /><br />Em 1914, embarca para o Rio de Janeiro (RJ) no vapor Itassuoê. Nesse ano e parte do ano seguinte, trabalha como revisor de provas tipográficas nos jornais cariocas "Correio da Manhã", "A Tarde" e "O Século". Colaborando com o "Jornal de Alagoas" e com o fluminense "Paraíba do Sul", sob as iniciais R.O. (Ramos de Oliveira). Volta a Palmeira dos Índios, em meados de 1915, onde trabalha como jornalista e comerciante. Casa-se com Maria Augusta Ramos.<br /><br />Sua esposa falece em 1920, deixando quatro filhos menores.<br /><br />Em 1927, é eleito prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, cargo no qual é empossado em 1928. Ao escrever o seu primeiro relatório ao governador Álvaro Paes, “um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928”, publicado pela Imprensa Oficial de Alagoas em 1929, a verve do escritor se revela ao abordar assuntos rotineiros de uma administração municipal. No ano seguinte, 1930, volta o então prefeito Graciliano Ramos com um novo relatório ao governador que, ainda em nossos dias, não se pode ler sem um sorriso nos lábios, tal a forma sui generis em que é apresentado. Dois anos depois, renuncia ao cargo de prefeito e se muda para a cidade de Maceió, onde é nomeado diretor da Imprensa Oficial. Casa-se com Heloisa Medeiros. Colabora com jornais usando o pseudônimo de Lúcio Guedes.<br /><br />Demite-se do cargo de diretor da Imprensa Oficial e volta a Palmeira dos Índios, onde funda urna escola no interior da sacristia da igreja Matriz e inicia os primeiros capítulos do romance São Bernardo.<br /><br />O ano de 1933 marca o lançamento de seu primeiro livro, "Caetés", que já trazia consigo o pessimismo que marcou sua obra. Esse romance Graciliano vinha escrevendo desde 1925.<br /><br />No ano seguinte, publica "São Bernardo". Falece seu pai, em Palmeira dos Índios.<br /><br />Em março de 1936, acusado — sem que a acusação fosse formalizada — de ter conspirado no malsucedido levante comunista de novembro de 1935, é demitido, preso em Maceió e enviado a Recife, onde é embarcado com destino ao Rio de Janeiro no navio "Manaus". com outros 115 presos. O país estava sob a ditadura de Vargas e do poderoso coronel Filinto Müller. No período em que esteve preso no Rio, até janeiro de 1937, passou pelo Pavilhão dos Primários da Casa de Detenção, pela Colônia Correcional de Dois Rios (na Ilha Grande), voltou à Casa de Detenção e, por fim, pela Sala da Capela de Correção. Seu livro "Angústia" é lançado no mês de agosto daquele ano. Esse romance é agraciado, nesse mesmo ano, com o prêmio "Lima Barreto", concedido pela "Revista Acadêmica".<br /><br />Foi libertado e passou a trabalhar como copidesque em jornais do Rio de Janeiro, em 1937. Em maio, a "Revista Acadêmica" dedica-lhe uma edição especial, de número 27 - ano III, com treze artigos sobre o autor. Recebe o prêmio "Literatura Infantil", do Ministério da Educação", com "A terra dos meninos pelados."<br /><br />Em 1938, publica seu famoso romance "Vidas secas". No ano seguinte é nomeado Inspetor Federal do Ensino Secundário no Rio de Janeiro.<br /><br />Em 1940, freqüenta assiduamente a sede da revista "Diretrizes", junto de Álvaro Moreira, Joel Silveira, José Lins do Rego e outros "conhecidos comunistas e elementos de esquerda", como consta de sua ficha na polícia política. Traduz "Memórias de um negro", do americano Booker T. Washington, publicado pela Editora Nacional, S. Paulo.<br /><br />Publica uma série de crônicas sob o título "Quadros e Costumes do Nordeste" na revista "Política", do Rio de Janeiro.<br /><br />Em 1942, recebe o prêmio "Felipe de Oliveira" pelo conjunto de sua obra, por ocasião do jantar comemorativo a seus 50 anos. O romance "Brandão entre o mar e o amor", escrito em parceria com Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz é publicado pela Livraria Martins, S. Paulo.<br /><br />Em 1943, falece sua mãe em Palmeira dos Índios.<br /><br />Lança, em 1944, o livro de literatura infantil "Histórias de Alexandre". Seu livro "Angústia" é publicado no Uruguai.<br /><br />Filia-se ao Partido Comunista, em 1945, ano em que são lançados "Dois dedos" e o livro de memórias "Infância".<br /><br />O escritor Antônio Cândido publica, nessa época, uma série de cinco artigos sobre a obra de Graciliano no jornal "Diário de São Paulo", que o autor responde por carta. Esse material transformou-se no livro "Ficção e Confissão".<br /><br />Em 1946, publica "Histórias incompletas", que reúne os contos de "Dois dedos", o conto inédito "Luciana", três capítulos de "Vidas secas" e quatro capítulos de "Infância".<br /><br />Os contos de "Insônia" são publicados em 1947.<br /><br />O livro "Infância" é publicado no Uruguai, em 1948.<br /><br />Traduz, em 1950, o famoso romance "A Peste", de Albert Camus, cujo lançamento se dá nesse mesmo ano pela José Olympio.<br /><br />Em 1951, elege-se presidente da Associação Brasileira de Escritores, tendo sido reeleito em 1962. O livro "Sete histórias verdadeiras", extraídas do livro "Histórias de Alexandre", é publicado.<br /><br />Em abril de 1952, viaja em companhia de sua segunda esposa, Heloísa Medeiros Ramos, à Tcheco-Eslováquia e Rússia, onde teve alguns de seus romances traduzidos. Visita, também, a França e Portugal. Ao retornar, em 16 de junho, já enfermo, decide ir a Buenos Aires, Argentina, onde se submete a tratamento de pulmão, em setembro daquele ano. É operado, mas os médicos não lhe dão muito tempo de vida. A passagem de seus sessenta anos é lembrada em sessão solene no salão nobre da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em sessão presidida por Peregrino Júnior, da Academia Brasileira de Letras. Sobre sua obra e sua personalidade falaram Jorge Amado, Peregrino Júnior, Miécio Tati, Heraldo Bruno, José Lins do Rego e outros. Em seu nome, falou sua filha Clara Ramos.<br /><br />No janeiro ano seguinte, 1953, é internado na Casa de Saúde e Maternidade S. Vitor, onde vem a falecer, vitimado pelo câncer, no dia 20 de março, às 5:35 horas de uma sexta-feira. É publicado o livro "Memórias do cárcere", que Graciliano não chegou a concluir, tendo ficado sem o capítulo final.<br /><br />Postumamente, são publicados os seguintes livros: "Viagem", 1954, "Linhas tortas", "Viventes das Alagoas" e "Alexandre e outros heróis", em 1962, e "Cartas", 1980, uma reunião de sua correspondência.<br /><br />Seus livros "São Bernardo" e "Insônia" são publicados em Portugal, em 1957 e 1962, respectivamente. O livro "Vidas secas" recebe o prêmio "Fundação William Faulkner", na Virginia, USA.<br /><br />Em 1963, o 10º aniversário da morte de Mestre Graça, como era chamado pelos amigos, é lembrado com as exposições "Retrospectiva das Obras de Graciliano Ramos", em Curitiba (PR), e "Exposição Graciliano Ramos", realizada pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.<br /><br />Em 1965, seu romance "Caetés" é publicado em Portugal.<br /><br />Seus livros "Vidas secas" e "Memórias do cárcere" são adaptados para o cinema por Nelson Pereira dos Santos, em 1963 e 1983, respectivamente. O filme "Vidas secas" obtem os prêmios "Catholique International du Cinema" e "Ciudad de Valladolid" (Espanha). Leon Hirszman dirige "São Bernardo", em 1980.<br /><br />Em 1970, "Memórias do cárcere" é publicado em Portugal.<br /><br />Bibliografia:<br /><br />- Caetés - romance<br /><br />- São Bernardo - romance<br /><br />- Angústia - romance<br /><br />- Vidas secas - romance<br /><br />- Infância - memórias<br /><br />- Dois dedos - contos<br /><br />- Insônia - contos<br /><br />- Memórias do cárcere - memórias<br /><br />- Viagem - impressões sobre a Tcheco-Eslováquia e a URSS.<br /><br />- Linhas tortas - crônicas<br /><br />- Viventes das Alagoas - crônicas<br /><br />- Alexandre e outros irmãos (Histórias de Alexandre, A terra dos meninos pelados e Pequena história da República).<br /><br />- Cartas - correspondência pessoal.<br /><br /><br />Dados extraídos de livros do autor, internet e caderno "Mais!", da Folha de São Paulo, edição de 09/03/2003.<br /></div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-76159514048355734102009-03-04T15:10:00.000-08:002009-03-06T14:59:10.104-08:00<a href="http://blogdoestudante.files.wordpress.com/2008/12/machado_de_assis.jpg"><img style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 245px; CURSOR: hand; HEIGHT: 287px" alt="" src="http://blogdoestudante.files.wordpress.com/2008/12/machado_de_assis.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que freqüentará o autodidata Machado de Assis.<br /><br />De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.<br /><br />Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender. Consta que, em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a proteção da madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde foram agregados seus pais.<br /><br />Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito. A Livraria Paula Brito acolhia novos talentos da época, tendo publicado o citado poema e feito de Machado de Assis seu colaborador efetivo.<br /><br />Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, e começa a escrever durante o tempo livre. Conhece o então diretor do órgão, Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, que se torna seu protetor.<br /><br />Em 1858 volta à Livraria Paula Brito, como revisor e colaborador da Marmota, e ali integra-se à sociedade lítero-humorística Petalógica, fundada por Paula Brito. Lá constrói o seu círculo de amigos, do qual faziam parte Joaquim Manoel de Macedo, Manoel Antônio de Almeida, José de Alencar e Gonçalves Dias.<br /><br />Começa a publicar obras românticas e, em 1859, era revisor e colaborava com o jornal Correio Mercantil. Em 1860, a convite de Quintino Bocaiúva, passa a fazer parte da redação do jornal Diário do Rio de Janeiro. Além desse, escrevia também para a revista O Espelho (como crítico teatral, inicialmente), A Semana Ilustrada(onde, além do nome, usava o pseudônimo de Dr. Semana) e Jornal das Famílias.<br /><br />Seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título Queda que as mulheres têm para os tolos, onde aparece como tradutor. No ano de 1862 era censor teatral, cargo que não rendia qualquer remuneração, mas o possibilitava a ter acesso livre aos teatros. Nessa época, passa a colaborar em O Futuro, órgão sob a direção do irmão de sua futura esposa, Faustino Xavier de Novais.<br /><br />Publica seu primeiro livro de poesias em 1864, sob o título de Crisálidas.<br /><br />Em 1867, é nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial.<br /><br />Agosto de 1869 marca a data da morte de seu amigo Faustino Xavier de Novais, e, menos de três meses depois, em 12 de novembro de 1869, casa-se com Carolina Augusta Xavier de Novais.<br /><br />Nessa época, o escritor era um típico homem de letras brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um cargo público e por um casamento feliz que durou 35 anos. D. Carolina, mulher culta, apresenta Machado aos clássicos portugueses e a vários autores da língua inglesa.<br /><br />Sua união foi feliz, mas sem filhos. A morte de sua esposa, em 1904, é uma sentida perda, tendo o marido dedicado à falecida o soneto Carolina, que a celebrizou.<br /><br />Seu primeiro romance, Ressurreição, foi publicado em 1872. Com a nomeação para o cargo de primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, estabiliza-se na carreira burocrática que seria o seu principal meio de subsistência durante toda sua vida.<br /><br />No O Globo de então (1874), jornal de Quintino Bocaiúva, começa a publicar em folhetins o romance A mão e a luva. Escreveu crônicas, contos, poesias e romances para as revistas O Cruzeiro, A Estação e Revista Brasileira.<br /><br />Sua primeira peça teatral é encenada no Imperial Teatro Dom Pedro II em junho de 1880, escrita especialmente para a comemoração do tricentenário de Camões, em festividades programadas pelo Real Gabinete Português de Leitura.<br /><br />Na Gazeta de Notícias, no período de 1881 a 1897, publica aquelas que foram consideradas suas melhores crônicas.<br /><br />Em 1881, com a posse como ministro interino da Agricultura, Comércio Obras Públicas do poeta Pedro Luís Pereira de Sousa, Machado assume o cargo de oficial de gabinete.<br /><br />Publica, nesse ano, um livro extremamente original , pouco convencional para o estilo da época: Memórias Póstumas de Brás Cubas -- que foi considerado, juntamente com O Mulato, de Aluísio de Azevedo, o marco do realismo na literatura brasileira.<br /><br />Extraordinário contista, publica Papéis Avulsos em 1882, Histórias sem data (1884), Vária Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1889), e Relíquias da casa velha (1906).<br /><br />Torna-se diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia, no ano de 1889.<br /><br />Grande amigo do escritor paraense José Veríssimo, que dirigia a Revista Brasileira, em sua redação promoviam reuniões os intelectuais que se identificaram com a idéia de Lúcio de Mendonça de criar uma Academia Brasileira de Letras. Machado desde o princípio apoiou a idéia e compareceu às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, cargo que ocupou até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908. Sua oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico Rui Barbosa.<br /><br />É o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de José de Alencar, seu grande amigo, para ser seu patrono.<br /><br />Por sua importância, a Academia Brasileira de Letras passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.<br /><br />Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. ... A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica. ... Sua obra divide-se em duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu inconfundível estilo desiludido, sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem com que se afaste de seus contemporâneos."<br /><br />BIBLIOGRAFIA:<br /><br />Comédia<br /><br />Desencantos, 1861.<br />Tu, só tu, puro amor, 1881.<br /><br />Poesia<br /><br />Crisálidas, 1864.<br />Falenas, 1870.<br />Americanas, 1875.<br />Poesias completas, 1901.<br /><br />Romance<br /><br />Ressurreição, 1872.<br />A mão e a luva, 1874.<br />Helena, 1876.<br />Iaiá Garcia, 1878.<br />Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.<br />Quincas Borba, 1891.<br />Dom Casmurro, 1899.<br />Esaú Jacó, 1904.<br />Memorial de Aires, 1908.<br /><br />Conto:<br /><br />Contos Fluminenses,1870.<br />Histórias da meia-noite, 1873.<br />Papéis avulsos, 1882.<br />Histórias sem data, 1884.<br />Várias histórias, 1896.<br />Páginas recolhidas, 1899.<br />Relíquias de casa velha, 1906.<br /><br />Teatro<br /><br />Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861<br />Desencantos, 1861<br />Hoje avental, amanhã luva, 1861.<br />O caminho da porta, 1862.<br />O protocolo, 1862.<br />Quase ministro, 1863.<br />Os deuses de casaca, 1865.<br />Tu, só tu, puro amor, 1881.<br /><br />Algumas obras póstumas<br /><br />Crítica, 1910.<br />Teatro coligido, 1910.<br />Outras relíquias, 1921.<br />Correspondência, 1932.<br />A semana, 1914/1937.<br />Páginas escolhidas, 1921.<br />Novas relíquias, 1932.<br />Crônicas, 1937.<br />Contos Fluminenses - 2º. volume, 1937.<br />Crítica literária, 1937.<br />Crítica teatral, 1937.<br />Histórias românticas, 1937.<br />Páginas esquecidas, 1939.<br />Casa velha, 1944.<br />Diálogos e reflexões de um relojoeiro, 1956.<br />Crônicas de Lélio, 1958.<br />Conto de escola, 2002.<br /><br />Antologias<br /><br />Obras completas (31 volumes), 1936.<br />Contos e crônicas, 1958.<br />Contos esparsos, 1966.<br />Contos: Uma Antologia (02 volumes), 1998<br /><br />Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministério da Educação e Cultura, organizou e publicou as Edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 volumes.<br /><br />Seus trabalhos são constantemente republicados, em diversos idiomas, tendo ocorrido a adaptação de alguns textos para o cinema e a televisão. </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-50261485621851692032009-03-04T15:07:00.000-08:002009-03-06T15:00:19.845-08:00Biografia: Jorge Amado<a href="http://www.apenasbahia.blogger.com.br/Jorge%20Amado%20-%20maio%20de%201998%20-%20Foto%20Adenor%20Gondim.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 319px; CURSOR: hand; HEIGHT: 385px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://www.apenasbahia.blogger.com.br/Jorge%20Amado%20-%20maio%20de%201998%20-%20Foto%20Adenor%20Gondim.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Filho de João Amado de Faria e de D. Eulália Leal, Jorge Amado de Faria nasceu no dia 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, em Ferradas, distrito de Itabuna - Bahia. O casal teve mais três filhos: Jofre (1915), Joelson (1920) e James (1922).<br /><br />Com apenas dez meses, vê seu pai ser ferido numa tocaia dentro de sua própria fazenda. No ano seguinte uma epidemia de varíola obriga a família a deixar a fazenda e se estabelecer em Ilhéus. Em 1917 a família muda-se para a Fazenda Taranga, em Itajuípe, onde seu pai volta à lida na lavoura de cacau.<br /><br />Em 1918, já alfabetizado por sua mãe, Jorge retorna a Ilhéus e passa a freqüentar a escola de D. Guilhermina, professora que não hesitava usar a palmatória e impor outros castigos a seus alunos. No ano de 1922 cria um jornalzinho, "A Luneta", que é distribuído para vizinhos e parentes. Nessa época vai estudar em Salvador, em regime de internato, no Colégio Antonio Vieira, de padres jesuítas.<br /><br />A bela redação que apresentou ao padre Luiz Gonzaga Cabral, com o título de "O Mar", lhe rende elogios e faz com que o religioso passe a lhe emprestar livros de autores portugueses e de outras partes do mundo. Dois anos depois, seu pai vai levá-lo até o colégio após as férias. Despedem-se e Jorge, ao invés de entrar nele, foge. Viaja por dois meses até chegar à casa de seu avô paterno, José Amado, em Itaporanga, no Sergipe. A pedido de seu pai, seu tio Álvaro o leva de volta para a fazenda em Itajuípe.<br /><br />É matriculado no Ginásio Ipiranga, novamente como interno. Conhece Adonias Filho e dirige o jornal do grêmio da escola, "A Pátria". Pouco tempo depois funda "A Folha", que fazia oposição ao primeiro. No ano de 1927, passa para o regime de externato e vai morar num casarão no Pelourinho. Emprega-se como repórter policial no "Diário da Bahia". Pouco depois vai para o jornal "O Imparcial". Uma poesia de sua autoria, "Poema ou prosa", é publicada na revista "A Luva". Conhece o pai-de-santo Procópio, que o nomeará ogã (protetor), o primeiro de seus muitos títulos no candomblé.<br /><br />Reúnem-se em torno do experimentado jornalista e poeta Pinheiro da Veiga os integrantes da Academia dos Rebeldes, grupo literário do qual, além de Jorge, faziam parte Clóvis Amorim, Guilherme Dias Gomes, João Cordeiro, Alves Ribeiro, Edison Carneiro, Aydano do Couto Ferraz, Emanuel Assemany, Sosígenes Costa e Walter da Silveira. A Academia fazia oposição ao grupo Arco & Flexa e pregava, no dizer de Jorge Amado, "uma arte moderna sem ser modernista". Os trabalhos de seus integrantes são publicados nas revistas "Meridiano" e "O Momento", ambas fundadas por eles.<br /><br />Em 1929, começa a trabalhar em “O Jornal” onde publica, sob o pseudônimo de Y. Karl, a novela "Lenita", escrita em parceria com Dias da Costa e Edison Carneiro, que assinavam como Glauter Duval e Juan Pablo.<br /><br />No ano seguinte transfere-se para o Rio de Janeiro para estudar. Conhece Vinicius de Moraes, Otávio de Faria e outros nomes importantes da literatura. "Lenita" é editada em livro por A. Coelho Branco Filho, do Rio de Janeiro.<br /><br />Aprovado, entre os primeiros colocados, na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, em 1931, Jorge vê publicado pela Editora Schmidt seu primeiro romance, "O país do carnaval", com prefácio de Augusto Frederico Schmidt e tiragem de mil exemplares. O livro recebe elogios dos críticos e torna-se um sucesso de público.<br /><br />No ano de 1932, muda-se para um apartamento em Ipanema com o poeta Raul Bopp. Conhece José Américo de Almeida, Amando Fontes, Rachel de Queiroz (através de quem se aproxima dos comunistas) e Gilberto Freyre. Sai a segunda edição de "O país do carnaval", desta vez com tiragem de dois mil exemplares. Aconselhado por Otávio de Faria e Gastão Cruls, desiste de publicar o romance "Rui Barbosa nº. 2"; para eles, o livro não passava de uma cópia de "O país do carnaval". Viaja para Pirangi, na Bahia; impressionado com a vida dos trabalhadores da região, começa a escrever "Cacau".<br /><br />A Ariel Editora, do Rio, em 1933, publica "Cacau", com tiragem de dois mil exemplares e capa e ilustrações de Santa Rosa. O livro esgota-se em um mês; a segunda edição sai com três mil exemplares. Entre a primeira e a segunda edição de Cacau, Jorge tem acesso, através de José Américo de Almeida, aos originais de "Caetés", romance de Graciliano Ramos. Empolgado com o talento do escritor alagoano, viaja para Maceió só para conhecê-lo, iniciando uma amizade que duraria até a morte de Graciliano. Conhece também José Lins do Rego, Aurélio Buarque de Holanda e Jorge de Lima. Torna-se redator­chefe da revista "Rio Magazine". Casa-se em dezembro, em Estância, Sergipe, com Matilde Garcia Rosa. Juntos, eles lançam, pela Schmidt, o livro infantil Descoberta do mundo.<br /><br />Em 1934, publica — também pela Ariel — o romance "Suor". Trabalha na Livraria José Olympio Editora, do Rio de janeiro, primeiro escrevendo releases e depois na parte editorial propriamente dita; tendo influenciado na publicação de "O conde e o passarinho", primeiro livro de Rubem Braga, e no lançamento de autores latino-americanos como o uruguaio Enrique Amorim, o equatoriano Jorge Icaza, o peruano Ciro Alegría e o venezuelano Rómulo Gallegos (de quem traduziu o romance "Dona Bárbara").<br /><br />Nasce sua filha Eulália Dalila Amado, em 1935. Escreve em "A Manhã", jornal da Aliança Nacional Libertadora, pelo qual cobre a viagem do presidente Getúlio Vargas ao Uruguai e à Argentina. "Cacau" é publicado pela Editorial Claridad, de Buenos Aires. Neste mesmo ano "Cacau" e "Suor" seriam lançados em Moscou. Conclui o curso de Direito. Lança "Jubiabá" pela José Olympio Editora.<br /><br />Sofre sua primeira prisão em 1936, por motivos políticos: acusado de participar do levante ocorrido em novembro do ano anterior em Natal — chamado de "Intentona Comunista” — é detido no Rio. Publica “Mar morto”, que recebe o Prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras.<br /><br />No ano seguinte faz papel de pescador no filme “Itapuã”, de Ruy Santos, no qual também colabora com o argumento. Viaja pela América Latina e depois vai aos Estados Unidos. Enquanto está fora, sai no Brasil “Capitães da areia”. Quando chega a Belém, vindo do exterior, é avisado pelo escritor paraense Dalcídio Jurandir do golpe de Vargas. Foge para Manaus, mas lá é preso. Seus livros, considerados subversivos, são queimados em plena Salvador por determinação da Sexta Região Militar. Segundo as atas militares, foram queimados 1.694 exemplares de "O país do carnaval", "Cacau", "Suor", "Jubiabá", "Mar morto" e "Capitães da areia".<br /><br />Liberto, em 1938, o escritor é mandado para o Rio. Muda-se para São Paulo, onde reside com Rubem Braga. Depois vai para a Bahia e em seguida, Sergipe; aqui imprime uma pequena edição do livro de poemas “A estrada do mar”, que distribui para os amigos. Estréia em dois consagrados idiomas literários do Ocidente: "Suor " sai em inglês pela pequena New America, de Nova York, e "Jubiabá" em francês pela prestigiosa Gallimard.<br /><br />Retorna ao Rio no ano de 1939. Exerce intensa atividade política, em decorrência das torturas de presos e a desarticulação do Partido Comunista. Torna-se redator-chefe das revistas Dom Casmurro e Diretrizes. Inicia colaboração com a revista Vamos ler; que manterá até 1941. Compõe, com Dorival Caymmi e Carlos Lacerda, a serenata "Beijos pela noite". O escritor franco-argelino Albert Camus, futuro Nobel de Literatura (1957), escreve artigo no jornal Alger Républicain classificando "Jubiabá" de "magnífico e assombroso".<br /><br />Diretrizes publica o primeiro capítulo de "ABC de Castro Alves", em 1940, e edita também, em forma de folhetim, a novela "Brandão entre o mar e o amor", iniciada por Jorge Amado e continuada por José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz. Trabalha no jornal Meio-Dia.<br /><br />Decide escrever, em 1941, um livro sobre Luís Carlos Prestes, pensando numa possível campanha por sua anistia. Viaja para o Uruguai a fim de recolher material; também faz pesquisas sobre o tema na Argentina. Lança "ABC de Castro Alves", pela Livraria Martins Editora, de São Paulo.<br /><br />Publica em Buenos Aires "A vida de Luís Carlos Prestes", em 1942. Embora editado em espanhol, o livro é vendido clandestinamente no Brasil. Volta ao país, mas é preso ao desembarcar em Porto Alegre. De lá é enviado para o Rio. Não permanece, porém, na então capital federal: a polícia decide despachá-lo para Salvador, onde fica confinado.<br /><br />1943 marca sua volta às páginas de O Imparcial assinando a seção "Hora da guerra" e escrevendo pequenas histórias na coluna "José, o ingênuo", que reveza com o jornalista e escritor baiano Wilson Lins. Sai "Terras do sem fim", seu primeiro livro a ser vendido livremente após seis anos de censura.<br /><br />Em 1944, a pedido de Bibi Ferreira escreve a peça "O amor de Castro Alves", mas a companhia teatral da atriz é desfeita antes da encenação. Lança "São Jorge dos Ilhéus". Desquita-se de Matilde.<br /><br />Participa, em janeiro de 1945, na condição de chefe da delegação baiana, do I Congresso de Escritores, em São Paulo. O encontro termina com uma manifestação contra o Estado Novo. Jorge é preso por um breve período juntamente com Caio Prado Jr. O Barão de Itararé apresenta o romancista a Zélia Gattai na Boate Bambu, durante jantar em homenagem aos participantes do Congresso de Escritores. Passa a viver em São Paulo, onde chefia a redação do jornal Hoje, do Partido Comunista Brasileiro. Escreve também na Folha da Manhã. Torna-se secretário do Instituto Cultural Brasil-URSS, cujo diretor era Monteiro Lobato. Sai no Brasil "A vida de Luís Carlos Prestes", rebatizado de "O cavaleiro da esperança". Em julho, passa a viver com Zélia. No mesmo mês participa, ao lado do poeta chileno Pablo Neruda (que em 1971 ganharia o Nobel de Literatura), do comício de Luís Carlos Prestes no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Lança "Bahia de Todos os Santos". É eleito, com 15.315 votos, deputado federal pelo PCB. Publica o conto "História de carnaval" na revista O Cruzeiro. "Terras do sem fim" sai pela respeitada editora A. Knopf, de Nova York.<br /><br />No ano seguinte assume o mandato na Assembléia Constituinte e passa a residir no Rio de Janeiro. Várias de suas emendas, como a da liberdade de culto religioso e a que dispõe sobre direitos autorais, são aprovadas. Lança "Seara vermelha", pela Martins e, pela Edições Horizonte, do Rio de Janeiro, "Homens e coisas do Partido Comunista". Entusiasmado com a leitura de "Jubiabá", chega à Bahia o fotógrafo e etnólogo francês Pierre Verger, que acabaria se radicando em Salvador e se tornando um dos amigos mais íntimos de Jorge Amado.<br /><br />Publica, em 1947, pela Editora do Povo, do Rio de Janeiro, "O amor de Castro Alves". É um ano de vários acontecimentos na área do cinema para o escritor: a Atlântida compra os direitos de "Terras do sem fim"; ele escreve os diálogos do filme "O cavalo número 13", uma produção de Fernando de Barros e ainda o argumento de "Estrela da manhã", que seria dirigido por Mário Peixoto, encarregado também do roteiro (o filme acabou sendo feito, mas não por Peixoto). Nasce, no Rio de Janeiro, o filho João Jorge.<br /><br />Com o cancelamento, em janeiro de 1948, do registro do Partido Comunista, o mandato de Jorge Amado é cassado. Sem assento na Câmara Federal e tendo seus livros considerados como "material subversivo", o escritor, ainda no mês de janeiro, parte sozinho em exílio voluntário para Paris. Em fevereiro, sua casa no Rio é invadida por agentes federais, que apreendem livros, fotos e documentos. Logo após o episódio, Zélia e o filho partem para Gênova, Itália, onde Jorge os apanha, levando-os a residir com ele em Paris. É nesta ocasião que o escritor trava amizade com Jean-Paul Sartre, Picasso e outros expoentes da literatura e da arte mundial. Na Polônia, participa do Congresso Mundial de Escritores e Artistas pela Paz. Com o título de "Terras violentas", estréia no Rio a adaptação da Atlântida do romance "Terras do sem fim". Para comemorar o primeiro aniversário do filho, escreve a história "O gato Malhado e a andorinha Sinhá". Viaja pela Europa e União Soviética.<br /><br />Em 1949, dirigindo-se para a Tchecoslováquia, onde participaria de um congresso de escritores, sofre um acidente de avião na cidade de Frankfurt, Alemanha; escapa ileso. Morre no Rio, "de repente", conforme conta o escritor, sua filha Eulália.<br /><br />Por motivos políticos, em 1950, o governo francês expulsa Jorge Amado e sua família do país. O escritor, Zélia e João Jorge passam a residir em Dobris, Tchecoslováquia, no castelo da União dos Escritores. Realiza viagens políticas pela Europa Central e União Soviética. Escreve "O mundo da paz", livro sobre os países socialistas.<br /><br />No ano seguinte escreve o romance tripartido "Os subterrâneos da liberdade" (Os ásperos tempos, Agonia da noite e A luz no túnel). Sai no Brasil, pela Editorial Vitória, do Rio, o livro "O mundo da paz" pelo qual Jorge Amado seria processado e enquadrado na lei de segurança. Nasce em Praga sua filha Paloma. Recebe, em Moscou, o Prêmio Internacional Stalin.<br /><br />Vai à China e à Mongólia, em 1952. Volta ao Brasil com a família fixando residência no apartamento de seu pai, no Rio de Janeiro. Responde ao processo por "O mundo da paz". O juiz responsável pelo caso arquiva o processo, dizendo que o livro "é sectário e não subversivo". Com a aprovação, nos Estados Unidos, da lei anticomunista, o escritor é proibido de entrar naquele país; seus livros também são vetados por lá.<br /><br />Viaja à Europa, Argentina e Chile, em 1953. Na última etapa do giro, é informado sobre a doença de Graciliano Ramos. Volta ao Brasil para rever o amigo, que acabaria morrendo em seguida. Jorge Amado faz então o discurso de despedida à beira do túmulo de Graciliano, a quem substitui na presidência da Associação Brasileira de Escritores. Dirige a coleção "Romances do povo", da Editorial Vitória; acabará fazendo este trabalho até 1956. Sai a quinta edição de "O mundo da paz"; o escritor proíbe reedições da obra, por acreditar que o livro "trazia uma visão desatualizada da realidade dos países socialistas".<br /><br />O romance "Os subterrâneos da liberdade" é lançado em três volumes, em 1954. A trilogia provoca uma dura reação dos trotskistas brasileiros, gerando polêmica com o jornalista Hermínio Sacchetta (o "Abelardo Saquilá" do romance). Sai em Portugal, pela Editorial Avante, um folheto de seis páginas assinado por Jorge Amado e Pablo Neruda, cujo objetivo era contribuir para a libertação do líder comunista Álvaro Cunhal e marcar posição contra o salazarismo.<br /><br />De janeiro a março de 1955, permanece em Viena. Em dezembro faz rápida viagem à Bahia.<br /><br />É lançada, pela Ricordi brasileira, em 1956, a partitura de "Não te digo adeus", com letra de Jorge Amado e música do músico e maestro amazonense Cláudio Santoro. Assume no Rio a chefia de redação do quinzenário Para-todos, ao lado do irmão James, de Oscar Niemeyer e Moacir Werneck de Castro, dentre outros. Sai do Partido Comunista, segundo explica, "porque queria voltar a escrever". Jorge Amado diz que sabia desde 1954 das atrocidades de Stalin, denunciadas publicamente neste ano no XX Congresso do PCUS. "Mas na realidade deixei de militar politicamente porque esse engajamento estava me impedindo de ser escritor", afirma.<br /><br />Viaja ao Oriente ao lado de Zélia, Pablo e Matilde Neruda, em 1957. "Terras do sem fim" é lançado em quadrinhos. Carlo Ponti, cineasta italiano, compra os direitos de "Mar morto"; mas o filme não chega a ser realizado. Conhece a mãe-de-santo Menininha do Gantois, a quem ficaria ligado até a morte dela, ocorrida em agosto de 1986.<br /><br />Na tranqüilidade de Petrópolis, em 1958, escreve "Gabriela, cravo e canela". O livro, publicado em agosto, esgota 20 mil exemplares em apenas duas semanas; até dezembro venderia mais de 50 mil exemplares. Sai o disco "Canto de amor à Bahia e quatro acalantos de Gabriela, cravo e canela", trazendo leituras de Jorge Amado e música de Dorival Caymmi.<br /><br />No ano seguinte, "Gabriela" coleciona prêmios: Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro; Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro e Luiza Cláudio de Souza, do Pen Club, são alguns deles. O romance ultrapassa a casa dos 100 mil exemplares vendidos. Recebe em Salvador, do Axé Opô Afonjá, um dos mais altos títulos do candomblé, o de obá orolu (também receberam tal distinção o compositor Dorival Caymmi e o artista plástico Carybé). "Obá, no sentido primitivo, é um dos doze ministros de Xangô", explica Jorge Amado. Funda a Academia de Letras de Ilhéus. Lança na revista Senhor, do Rio de Janeiro, a novela "A morte e a morte de Quincas Berro Dágua"; a idéia inicial era que este texto, de 98 páginas datilografadas e escrito em dois dias, integrasse o romance "Os pastores da noite". Naquela mesma publicação sairia o conto "De como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto".<br /><br />Na condição de vice-presidente da União Brasileira de Escritores, Jorge Amado promove, com o então presidente Peregrino Jr., o Festival do Escritor Brasileiro num shopping center de Copacabana, em 1960. A data do evento, 25 de julho; acabaria sendo consagrada, por decreto governamental, como "Dia do Escritor". Ciceroneia o casal Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir em sua estada no Brasil.<br /><br />Por unanimidade, é eleito, no dia 6 de abril de 1961, em primeiro escrutínio, para a cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras, que pertencia a Otávio Mangabeira. No mesmo mês estréia na Tv Tupi do Rio de Janeiro a adaptação de "Gabriela" feita por Antônio Bulhões de Carvalho e com direção de Maurício Sherman; no papel­título da novela está Janete Vollu de Carvalho e no de Nacib, Renato Consorte. A Metro Goldwin Mayer compra os direitos de adaptação para o cinema de "Gabriela". Com o dinheiro, Jorge adquire um terreno em Rio Vermelho, então na periferia de Salvador, e começa a construir lá uma casa. Anos depois, o escritor recompraria do estúdio americano os direitos do romance. Ele assegura que não se lembra mais de nenhum dos valores negociados com a Metro. A posse na ABL acontece no dia 17 de julho; lá Jorge Amado é recepcionado por Raimundo Magalhães Jr. Saí "Os velhos marinheiros", livro que comporta as novelas "A morte e a morte de Quincas Berro Dáguá" e "A completa verdade sobre as discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso". É eleito membro do Conselho da Presidência do Pen Club do Brasil. O presidente Juscelino Kubitschek convida-o para ser embaixador do Brasil na República Árabe Unida; o escritor recusa o convite. Homenagens no Rio, na Bahia e em outros estados por seus 30 anos de atividade literária; sua editora, a Martins, lança um livro alusivo à data. A revista francesa Les Temps Modernes publica a tradução de "A morte e a morte de Quincas Berro Dágua".<br /><br />Seu pai morre no Rio de Janeiro, aos 81 anos de idade, em 1962. Cria a Proa Filmes, companhia de cinema cujo primeiro e único trabalho é a adaptação de "Seara vermelha", com direção de Alberto D'Avessa e estrelada por Marilda Alves; o filme estrearia no ano seguinte. Saí, pela gráfica O Cruzeiro, o romance policial "O Mistério dos MMM", escrito por Jorge Amado, Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, José Condé, Guimarães Rosa, Antonio Callado, Orígenes Lessa e Rachel de Queiroz. Viagem a Havana, a convite da União dos Escritores Cubanos.<br /><br />"O cavaleiro da esperança" é apreendido pela polícia, em 1963. Instala­se na casa do bairro de Rio Vermelho (à Rua Alagoinhas, 33), onde reside até falecer.<br /><br />Lança "Os pastores da noite", em 1964.<br /><br />No ano seguinte publica o conto "As mortes e o triunfo de Rosalinda" na antologia "Os dez mandamentos", da editora Civilização Brasileira, do Rio de Janeiro. Graças à intervenção de Guilherme Figueiredo, então adido cultural do Brasil na França, Jorge Amado e sua família recebem autorização para poder entrar de novo naquele país. A Warner Brothers adquire os direitos de filmagem de "A completa verdade sobre as discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso".<br /><br />Mais de mil pessoas comparecem à primeira sessão de autógrafos de Jorge Amado em Portugal, em 1966, na Sociedade Nacional de Belas Artes. O escritor chega aos mil autógrafos no lançamento de "Dona Flor e seus dois maridos" na livraria Civilização Brasileira, em Salvador. O romance sai com tiragem de 75 mil exemplares. Uma segunda sessão de autógrafos é marcada na capital baiana para atender aos leitores que ficaram de fora da primeira.<br /><br />A União Brasileira de Escritores, presidida por Peregrino Jr., apresenta em Estocolmo a candidatura formal de Jorge Amado ao Prêmio Nobel de Literatura, em 1967, embora o escritor a recuse. Durante duas horas e meia, Jorge depõe para o arquivo do Museu da Imagem e do Som, na presença de James Amado, do crítico Eduardo Portella e do romancista Antonio Olinto, dentre outros.<br /><br />A UBE insiste em apresentar novamente a candidatura de Jorge Amado ao Nobel, em 1968. O escritor concorda, mas exige que ela seja feita junto com a do romancista português Ferreira de Castro, seu amigo. O cineasta polonês Roman Polanski visita o escritor na Bahia para "agradecer a alegria que seus livros me proporcionaram na juventude".<br /><br />No ano seguinte lança "Tenda dos milagres" (tiragem de 75 mil exemplares), livro que começou a escrever na casa de campo do pintor baiano Genaro de Carvalho. Jorge dizia ter sido este seu melhor romance.<br /><br />Recebe em São Paulo o Prêmio Juca Pato - 1970, da União Brasileira de Escritores, como "Intelectual do Ano". Lidera, ao lado do escritor gaúcho Érico Veríssimo, um movimento contra a censura prévia aos livros. Estréia o filme "Capitães da areia", produção americana dirigida por Hall Bartlett.<br /><br />Seu primeiro neto, Bruno, filho de João Jorge e Maria da Luz Celestino nasce em Salvador, em 1971. Divide com Ferreira de Castro o Prêmio Gulbenkian de Ficção, entregue na Academia do Mundo Latino, em Paris. Faz conferência no Instituto de Letras da Universidade da Pensilvânia.<br /><br />Sua mãe morre em Salvador, aos 88 anos de idade, em 1972. Nasce Mariana, a primeira neta, filha de Paloma e Pedro Costa. Sai "Tereza Batista cansada de guerra". A escola de samba Lins Imperial, de São Paulo, apresenta o enredo "Bahia de Jorge Amado". Numa viagem à Europa encontra, em Barcelona, o escritor colombiano Gabriel García Márquez, futuro Nobel de Literatura (1982).<br /><br />Nasce Maria João, filha de João Jorge e Maria da Luz, em 1973. Fernando Sabino dirige um documentário sobre Jorge Amado, "Na casa do Rio Vermelho".<br /><br />Inaugurado em Salvador o Hotel Pelourinho, com registro em placa da época em que o escritor morou naquele local, em 1974.<br /><br />A Martins, que havia pedido concordata no ano anterior, começa a lançar livros de Jorge Amado em co-edição com a Record, do Rio de Janeiro, em 1975. Marcel Camus leva para o cinema o romance "Os pastores da noite", que é exibido na França com o título de "Otalia da Bahia". Este é o ano também da estréia do maior sucesso do escritor na TV: a adaptação de Walter George Durst do romance "Gabriela, cravo e canela", levada ao ar pela Rede Globo, com direção de Walter Avancini, Sônia Braga no papel-título e Armando Bogus interpretando Nacib.<br /><br />Com o fechamento da Livraria Martins Editora, em 1976, Jorge passa a ser autor exclusivo da Record. Nasce a neta Cecília, filha de Paloma e Pedro Costa. Estréia no cinema "Dona Flor e seus dois maridos", de Bruno Barreto, com Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça. Após três meses de exibição o filme bate recorde de bilheteria — dez milhões de espectadores. Na Bahia, começa a escrever "Tieta do Agreste". Participa da Feira Internacional do Livro de Frankfurt; que neste ano é dedicada à literatura latino-americana. A pedido do filho João Jorge e do amigo Carybé, que faz as ilustrações, publica "O gato Malhado e a andorinha Sinhá".<br /><br />No ano seguinte, cercado de intensa campanha publicitária, é lançado no Rio o romance "Tieta do Agreste", que Jorge Amado concluíra em Londres. Também no Rio o autor, participa do ato de inauguração da rua Tieta do Agreste, localizada no Recreio dos Bandeirantes, zona sul da cidade. Recebe o título de sócio benemérito do afoxé Filhos de Gandhi. Estréia "Tenda dos milagres", filme de Nelson Pereira dos Santos. Interpreta um dos apóstolos de Cristo na cena da "Última Ceia" do filme A Idade da Terra, de Glauber Rocha. A casa onde o escritor viveu em Ferradas é tombada pela Prefeitura de Itabuna. Grava no Rio, para a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, trechos de seus romances "Os pastores da noite" e "Tereza Batista cansada de guerra".<br /><br />Em 1978, Glauber Rocha realiza documentário abordando a obra de Jorge Amado. O escritor oficializa, no dia 13 de maio, sua união com Zélia Gattai; a cerimônia acontece na casa do pintor Calasans Neto, em Itapuã.<br /><br />Sai "Farda fardão camisola de dormir", em 1979. Estréia na Broadway o musical Saravá, de Richard Nash e Mitch Leigh, baseado em "Dona Flor e seus dois maridos". Escreve, sob encomenda de um banco, para uma edição especial de fim de ano, o conto "Do recente milagre dos pássaros acontecido em terras de Alagoas, nas ribanceiras do rio São Francisco". Lança em disco, pela Som Livre, uma versão do livro "Bahia de Todos os Santos".<br /><br />Nasce João Jorge Filho, em 1980, outro neto que lhe é dado por João Jorge e Maria da Luz. A revista Vogue Brasil dedica um número a Jorge Amado, que escreve o texto "O menino grapiúna", onde conta reminiscências da época em que viveu na região cacaueira. Daí surgiu a idéia de "Tocaia Grande", que falaria do nascimento e desenvolvimento de uma cidade naquela área. Recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia. É condecorado como Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada pelo presidente português Ramalho Eanes. Participa, na condição de convidado especial, do programa L'apostrophe, da televisão francesa, comandado por Bernard Pivot.<br /><br />"O menino grapiúna" é lançado numa edição não-comercial, em 1981. O jornal francês Le Matin publica o conto "Do recente milagre dos pássaros acontecido em terras de Alagoas, nas ribanceiras do rio São Francisco". "Terras do sem fim" estréia na Tv Globo (adaptação de Walter George Durst e direção de Herval Rossano); na trilha sonora, Jorge Amado assina, com Dorival Caymmi, a música Cantiga de cego. No centenário de Ilhéus, o escritor é homenageado com uma placa e uma escultura de bronze numa rua que leva seu nome; uma outra rua ganha o nome de seu pai. É entrevistado em Salvador pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa, que à época apresentava, nas noites de domingo, um programa na TV de seu país.<br /><br />O autor passa a ser nome de rua em Itapuã, em 1982. É homenageado no carnaval de Salvador pelo bloco Dengo da Bahia, que apresenta o enredo Bahia de Jorge Amado. Começa a escrever "Bóris, o vermelho", que, por diferentes motivos, seria seguidamente interrompido e acabou não sendo concluído. Na primeira vez que adiou a redação de "Bóris", disse que foi "porque a idéia não estava bem amadurecida". Jorge Amado inicia "Tocaia Grande". A Caixa Econômica Federal lança seis milhões de bilhetes de loteria com a efígie do escritor. Zélia Gattai publica Um chapéu para viagem, onde conta como conheceu Jorge. Sai a edição comercial de "O menino grapiúna".<br /><br />Nasce Jorge Amado Neto, filho de João Jorge com sua segunda mulher, Rízia Vaz Coutrim, em 1983. Inaugurado em Ferradas um busto do escritor. Estréia o filme "Gabriela", co-produção Brasil­Itália dirigida por Bruno Barreto com Sônia Braga no papel-título e o ator italiano Marcello Mastroianni interpretando Nacib.<br /><br />Em 1984, publica "Tocaia Grande" (com uma anunciada tiragem inicial de 150 mil exemplares). Tenta retomar "Bóris, o vermelho", mas o deixa de lado para escrever "A guerra dos santos", título original do romance que se chamaria "O sumiço da santa". O presidente francês, François Mitterrand, outorga-lhe a comenda da Legião da Honra. Lança "A bola e o goleiro", uma história infantil. Começa a articular a criação da Fundação Casa de Jorge Amado. Zélia publica Senhora dona do baile, onde fala do primeiro exílio do escritor.<br /><br />Toma posse na Academia de Letras da Bahia (cadeira 21), em 1985. Recebe o título de Grão-Mestre da Ordem do Rio Branco, no grau de Grande Oficial, oferecido pelo governo brasileiro. Participa do Festival de Cinema de Cannes. É homenageado pelo Centro Georges Pompidou, de Paris, onde se realiza um debate sobre sua obra. Estréia na Rede Globo a minissérie "Tenda dos milagres" (adaptação de Aguinaldo Silva e Regina Braga e direção de Paulo Afonso Grisolli, Maurício Farias e Ignácio Coqueiro; no papel de Pedro Archanjo, Nelson Xavier).<br /><br />Morre, em 1986, aos 73 anos de idade, sua ex-esposa Matilde Mendonça Garcia Rosa. Participa, como presidente do júri, do VIII Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano, em Cuba; na ocasião, é homenageado por Fidel Castro. Decreto assinado pelo presidente José Sarney no dia 2 de julho, data de aniversário de Zélia Gattai, cria a Fundação Casa de Jorge Amado. Lança, pela Berlendis & Vertecchia, de São Paulo, "O capeta Carybé", sobre o artista plástico argentino, nascido Hector Julio Páride Bernabó, seu amigo desde os anos 50, quando se instalou na Bahia.<br /><br />Inaugurada, no dia 7 de março de 1987, a Fundação Casa de Jorge Amado, que passa a desenvolver intenso trabalho de preservação e divulgação da obra do escritor. Na presidência da entidade está Germano Tabacof e na diretoria executiva, Myriam Fraga. O símbolo da Casa é um exu desenhado por Carybé, que já vinha aparecendo nas edições dos livros de Jorge Amado. Segundo o escritor, exu é um deus dos mais importantes nas religiões fetichistas; se elas admitissem a existência do diabo, ele seria o diabo. Segundo as mães-de-santo, "exu é uma divindade travessa, uma criança, que adora pregar peças e, principalmente, não admite censura". Recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Lumière, da cidade francesa de Lyon. Lançamento da revista Exu, da Fundação Casa de Jorge Amado; o número de estréia traz uma bibliografia do escritor e um texto dele intitulado "O enterro do Yalorixá". Zélia lança o livro Reportagem incompleta, que reúne fotos que ela fez de Jorge Amado. O escritor recebe o título de sócio honorário do Pen Club do Brasil. Lançado 0 filme "Jubiabá", dirigido por Nelson Pereira dos Santos.<br /><br />Zélia Gattai publica, em 1988, Jardim de inverno, onde fala do exílio na Tchecoslováquia em companhia de Jorge Amado. A Orquestra Sinfônica da Bahia, sob regência do maestro Carlos Veiga, apresenta uma peça do compositor paulista Francisco Mignone inspirada em "A morte e a morte de Quincas Berro Dágua". Publica "O sumiço da santa". Recebe em Brasília o Prêmio Pablo Picasso, da Unesco, durante o Simpósio Internacional de Escritores da América Latina e do Caribe. Inauguração, em Ilhéus, da Casa de Cultura Jorge Amado.<br /><br />A escola de samba Império Serrano, do Rio de Janeiro, apresenta o enredo "Jorge Amado - Axé, Brasil", em 1989. Recebe o Prêmio Pablo Neruda, da Associação dos Escritores Soviéticos. Estréia na Rede Globo a novela "Tieta", com adaptação de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares e direção de Paulo Ubiratan, Reynaldo Boury e Luiz Fernando Carvalho; no papel-título, Bety Faria. Jorge Amado é entrevistado no programa do escritor Georges Simenon na TF1 (França). Escreve texto em favor da candidatura à Presidência da República, pelo Partido Comunista Brasileiro, do deputado federal Roberto Freire (PE). Estréia na Tv Bandeirantes a minissérie "Capitães da areia", com adaptação de José Louzeiro e Antonio Carlos Fontoura e direção de Walter Lima Jr.<br /><br />Em 1990, participa, como representante do Brasil, da comissão internacional que dará assessoria ao projeto de reconstrução da antiga biblioteca de Alexandria, no Egito. Aberto em Recife o arquivo do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) pernambucano, no qual o prontuário de número 6.172 trata das atividades políticas de Jorge Amado. Recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Israel e da Universidade Dagli Studi de Bari, Itália. Na Itália recebe os prêmios Cino del Duca, concedido por um júri presidido pelo escritor Maurice Druon, secretário-geral da Academia Francesa. A Universidade Livre de Berlim realiza o seminário "Cultura popular na obra de Jorge Amado".<br /><br />Paralelamente a "Bóris, o vermelho", escreve "Navegação de cabotagem", relato memorialístico, em 1991. Recebe o teatrólogo e novelista Dias Gomes na Academia Brasileira de Letras. Escreve, sob encomenda, para uma empresa italiana, a história "A descoberta da América pelos turcos", que deveria ser incluída num livro ao lado de textos do americano Norman Mailer e do mexicano Carlos Fuentes. Preside o 14° Festival Cultural de Asylah, Marrocos, cujo tema é "Mestiçagem, o exemplo do Brasil". Participa do Fórum Mundial das Artes em Veneza, Itália.<br /><br />Estréia na Rede Globo, em 1992, a minissérie "Tereza Batista" (com adaptação de Vicente Sesso, direção de Paulo Afonso Grisolli e Patrícia França no papel-título). Publica "Navegação de cabotagem". Uma série de eventos comemora os 80 anos do escritor. As principais homenagens, naturalmente, se concentram em Salvador: shows no Pelourinho, debates, exposições. Para festejar a data, a Fundação Casa de Jorge Amado publica o livro "Jorge Amado: 80 anos de vida e obra", organizado por Maried Carneiro e Rosane Canelas Rubim. Paloma Amado e Pedro Costa iniciam a revisão completa da obra do escritor, a fim de eliminar erros acumulados ao longo das sucessivas reedições de seus livros. É homenageado no Centro Georges Pompidou com a exposição Jorge Amado, écrivain de Bahia; no mesmo local participa do seminário "Reencontro de dois mundos", realizado para comemorar o quarto centenário do descobrimento da América.<br /><br />Publica, em 1994, no Brasil, "A descoberta da América pelos turcos" (o projeto do livro com Mailer e Fuentes não vingara, mas o texto de Jorge Amado já tinha saído em 1992 na França). "Gabriela, cravo e canela" inaugura a série de relançamentos revisados da obra do escritor.<br /><br />Recebe, dos governos brasileiro e português, o Prêmio Camões, em 1995. Começa a escrever um romance provisoriamente intitulado "A apostasia universal de Água Brusca", que focaliza a luta pelo poder entre a igreja e os coronéis do sertão baiano. Recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Pádua, Itália; também na Itália é contemplado com o Prêmio Vitaliano Brancatti. João Moreira Salles realiza o documentário "Jorge Amado".<br /><br />Em maio de 1996, o escritor sofre em Paris um edema pulmonar. Depois de dez dias de internação, recebe alta e viaja para Salvador, onde em julho comemora com os amigos os 80 anos de Zélia. Estréia "Tieta do Agreste", filme de Cacá Diegues, que também assina o roteiro, ao lado de João Ubaldo Ribeiro e Antonio Calmon. No papel­título, Sônia Braga. Em outubro, é submetido a uma angioplastia. A operação mobiliza atenções do país inteiro e é coroada de pleno êxito. Na saída do hospital o escritor anuncia que retomará "brevemente" seus projetos literários.<br /><br />O romance "Tieta do Agreste" é escolhido como tema do carnaval de Salvador, em 1997. No domingo de folia, o bloco "Amigos do Amado Jorge", liderado pelo cantor e compositor Caetano Veloso, desfila em homenagem ao romancista, que assiste à festa ao lado de Zélia Gattai no camarote da passarela da Praça do Campo Grande. A editora Record lança "Milagre dos Pássaros", livro com conto ainda inédito no Brasil.<br /><br />No Salão do Livro de Paris, em 1998, é uma das principais atrações e recebe o título de Doutor Honoris Causa na Sorbonne. Estréia na Rede Globo a mini-série "Dona Flor e seus dois maridos", adaptação de Dias Gomes para o romance de mesmo nome.<br /><br />Em maio de 1999, é hospitalizado para fazer exames de rotina e tratar de um mal-estar digestivo. Em junho, a Fundação Casa de Jorge Amado lança o livro "Rua Alagoinhas 33, Rio Vermelho", sobre a casa em que o autor vivia e sobre seu cotidiano.<br /><br />Cada vez mais recluso, face a seus problemas de saúde, comemora em agosto de 2000, com poucos amigos e a família, seus 88 anos. Vivia deprimido por se encontrar quase sem enxergar, sob dieta rigorosa, privando-se do que muito gostava: de escrever, de ler um bom livro e de um bom prato.<br /><br />No dia 21 de junho de 2001, Jorge Amado é internado com uma crise de hiperglicemia e tem uma fibrilação cardíaca. Após alguns dias, retorna à sua casa, porém, em 06 de agosto volta a se sentir mal e falece na cidade de Salvador às 19,30 horas. A seu pedido, seu corpo foi cremado e suas cinzas foram espalhadas em torno de uma mangueira em sua residência no Rio Vermelho.<br /><br />Leia a linda crônica escrita por João Ubaldo Ribeiro, "Jorge Amado e eu", onde nos fala da dor pela perda de seu grande amigo e incentivador.<br /><br /><br />Bibliografia<br /><br />Individuais<br /><br />Romances:<br /><br />- O País do Carnaval, 1931<br /><br />- Cacau, 1933<br /><br />- Suor, 1934<br /><br />- Jubiabá, 1935<br /><br />- Mar Morto, 1936<br /><br />- Capitães da Areia, 1936<br /><br />- Terras do Sem Fim, 1943<br /><br />- São Jorge dos Ilhéus, 1944<br /><br />- Seara Vermelha, 1946<br /><br />- Os Subterrâneos da Liberdade (3v), 1954 (v. 1:Os Ásperos Tempos; v. 2: Agonia da Noite; v. 3: A Luz no Túnel)<br /><br />- Gabriela, Cravo e Canela: crônica de uma cidade do interior, 1958<br /><br />- Os Pastores da Noite, 1964<br /><br />- Dona Flor e Seus Dois Maridos: esotérica e comovente história vivida por Dona Flor, emérita professora de Arte Culinária, e seus dois maridos — o primeiro, Vadinho de apelido; de nome Teodoro Madureira e farmacêutico o segundo ou A espantosa batalha entre o espírito e a matéria, 1966<br /><br />- Tenda dos Milagres, 1969<br /><br />- Teresa Batista Cansada da Guerra, 1972<br /><br />- Tieta do Agreste: pastora de cabras ou A volta da filha pródiga, melodramático folhetim em cinco sensacionais episódios e comovente epílogo: emoção e suspense!, 1977<br /><br />- Farda Fardão Camisola de Dormir:fábula para acender uma esperança, 1979<br /><br />- Tocaia Grande: a face obscura, 1984<br /><br />- O Sumiço da Santa: uma história de feitiçaria, 1988<br /><br />- A Descoberta da América pelos Turcos ou De como o árabe Jamil Bichara, desbravador de florestas, de visita à cidade de Itabuna, para dar abasto ao corpo, ali lhe ofereceram fortuna e casamento ou ainda Os esponsais de Adma, 1994<br /><br />- O Compadre de Ogum, 1995<br /><br />Novelas<br /><br />- A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua, 1959<br /><br />- A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua (publicada juntamente com Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do Comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, in Os velhos marinheiros, 1961<br /><br />- Os Velhos Marinheiros ou A completa verdade sobre as discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, 1976<br /><br />Literatura Infanto-Juvenil:<br /><br />- O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: uma história de amor, 1976<br /><br />- A Bola e o Goleiro, 1984<br /><br />- O Capeta Carybé, 1986<br /><br />Poesia:<br /><br />- A Estrada do Mar, 1938<br /><br />Teatro:<br /><br />- O Amor do Soldado, 1947 (ainda com o título O Amor de Castro Alves), 1958<br /><br />Contos:<br /><br />- Sentimentalismo, 1931<br /><br />- O homem da mulher e a mulher do homem, 1931<br /><br />- História do carnaval, 1945<br /><br />- As mortes e o triunfo de Rosalinda, 1965<br /><br />- Do recente milagre dos pássaros acontecido em terras de Alagoas, nas ribanceiras do rio São Francisco, 1979<br /><br />- O episódio de Siroca, 1982<br /><br />- De como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto, 1989<br /><br />Relatos autobiográficos:<br /><br />- O menino grapiúna, 1981<br /><br />- Navegação de cabotagem: apontamentos para um livro de memórias que jamais escreverei, 1992<br /><br />Textos autobiográficos:<br /><br />- ABC de Castro Alves, 1941<br /><br />- O cavaleiro da esperança, 1945<br /><br />Guia/Viagens:<br /><br />- Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e de mistérios, 1945<br /><br />- O mundo da paz (viagens), 1951<br /><br />- Bahia Boa Terra Bahia, 1967<br /><br />- Bahia, 1970<br /><br />- Terra Mágica da Bahia, 1984.<br /><br />Documento político/Oratória:<br /><br />- Homens e coisas do Partido Comunista, 1946<br /><br />- Discursos, 1993<br /><br />Livro traduzido:<br /><br />- Dona Bárbara (Doña Barbara), romance do venezuelano Rómulo Gallegos, 1934<br /><br />Em parceria:<br /><br />- Lenita (novela), com Edison Carneiro e Dias da Costa, 1929<br /><br />- Descoberta do mundo (literatura infantil), com Matilde Garcia Rosa, 1933<br /><br />- Brandão entre o mar e o amor, com José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz, 1942<br /><br />- O mistério de MMM, com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Rachel de Queiroz, José Condé, Guimarães Rosa, Antônio Callado e Orígines Lessa, 1962<br /><br />Publicações no exterior:<br /><br />Segundo a Fundação Casa de Jorge Amado, existem registros oficiais de traduções de obras do escritor para os seguintes idiomas: azerbaidjano, albanês, alemão, árabe, armênio, búlgaro, catalão, chinês, coreano, croata, dinamarquês, eslovaco, esloveno, espanhol, esperanto, estoniano, finlandês, francês, galego, georgiano, grego, guarani, hebraico, holandês, húngaro, iídiche, inglês, islandês, italiano, japonês, letão, lituano, macedônio, moldávio, mongol, norueguês, persa, polonês, romeno, russo, sérvio, sueco, tailandês, tcheco, turco, turcumênio, ucraniano e vietnamita (48 no total). Essas traduções foram publicadas no mínimo nos seguintes países: Albânia, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Armênia, Áustria, Azerbaidjão, Bulgária, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coréia do Norte, Coréia do Sul, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Eslováquia, Estônia, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Holanda, Hungria, Inglaterra, Irã, Islândia, Israel, Itália, Iugoslávia, Japão, Letônia, Lituânia, México, Mongólia, Noruega, Paraguai, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia, Rússia, Suécia, Tailândia, Turquia, Ucrânia, Uruguai, Venezuela e Vietnã; o Brasil também deve ser computado em função da edição nacional em esperanto, totalizando 52 nações.<br /><br /><br />Dados extraídos de livros do autor, portais da Internet, outros livros e revistas e, em especial, dos Cadernos de Literatura Brasileira publicados pelo Instituto Moreira Salles.<br /></div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-3462571156693957932009-03-04T12:17:00.000-08:002009-03-06T15:09:42.216-08:00VIDEO: A escrava Isaura<center><embed src="http://www.youtube-nocookie.com/v/Q5SGC46CCAU&hl=" fs="1&rel=" width="425" height="344" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"></embed></center>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-13419977612294272222009-02-26T17:38:00.000-08:002009-02-26T18:14:02.675-08:00<object class="BLOG_video_class" id="BLOG_video-FAILED" height="266" width="320" contentid="FAILED"></object>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-76847426352871690892009-02-26T16:57:00.000-08:002009-02-26T17:04:41.623-08:00Resumo do livro: Vidas Secas Autor: Graciliano Ramos (1938/Modernismo) versão 2<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6NJm1L0VixBpSrqBv2e8Mf5dfC_ldcK_kGtNEEWL-PHLCjt7aJwvBHtR-plspKdi6934mrUp1skjvgDM87lPfDwTQbKCZz-TWv0jNI5sF9zkcQMORWtDvmvDLrCNrWcdcWqK-9AXYr7tY/s1600-h/vidas_secas.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5307276651208295970" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 128px; CURSOR: hand; HEIGHT: 200px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6NJm1L0VixBpSrqBv2e8Mf5dfC_ldcK_kGtNEEWL-PHLCjt7aJwvBHtR-plspKdi6934mrUp1skjvgDM87lPfDwTQbKCZz-TWv0jNI5sF9zkcQMORWtDvmvDLrCNrWcdcWqK-9AXYr7tY/s200/vidas_secas.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">É largamente conhecida a história da carta que Graciliano escreveu, em 1944, a João Condé, para uma coluna que o mesmo mantinha na revista O Cruzeiro, explicando a construção do livro Vidas Secas, da qual retiramos um trecho:"... no começo de 1937 utilizei num conto a lembrança de um cachorro sacrificado na Maniçoba, interior de Pernambuco, há muitos anos. Transformei o velho Pedro Ferro, meu avô, no vaqueiro Fabiano; minha avó tomou a figura de Sinhá Vitória, meus tios pequenos, machos e fêmeas, reduziram-se a dois meninos..."Lembranças.Em Vidas Secas, Graciliano Ramos trata o mundo do sertão como impossibilidade. Por isso,e na obra podemos observar os temas:a marginalização do sertanejoa submissãoa incomunicabilidade com os opressoresa impotência do homem diante dos desígnios da naturezaa solidão dos seresa miséria física e intelectuala revolta interior do injustiçadoa zoomorfizaçãoa incapacidade da compreensão do mundoa consciência do existirGraciliano Ramos valoriza o psiquismo das suas personagens, capta-lhes, sobretudo na figura de Fabiano, as dores e desejos, seus amores e ódios, suas torpezas e vícios humanos, dando-lhes contornos íntimos profundos e firmemente delineados.É, entre todos os da sua geração, o mais perfeito e genial e Vidas Secas não é apenas um pequeno romance desmontável, ou uma novela; Vidas Secas é antes um repositório de almas, um universo de criaturas miseráveis e corajosas, ímpares na sua constituição.Cada coisa, ser ou fato é expressivo, complexo, e, quando desnudado, traz à tona todo o sofrimento e dor típicos de todos os seres humanos.Resumo do texto:A presente narrativa inicia-se com um capítulo chamado "Mudança":"Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça; Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra baleia iam atrás."Eis aí os componentes da nossa história: uma família de sertanejos nordestinos que migram à procura de um lugar para ficar, em plena seca.Aparecem, de repente, os juazeiros, uma fazenda abandonada. E, assim que lá chegam, começa a chover. Fabiano instala-se com a família na casa, mas aparece o patrão, que quer expulsá-lo. Fabiano apresenta-se como vaqueiro, o patrão entrega-lhe os ferros de marcar gado ( símbolo também, esta passagem, de marcar-se a si mesmo como gado, de deixar marcar-se como um desses animais...)Toda a história desenrola-se entre duas secas, a que os tange até ali e a que os levará em direção ao sul.Seres animalizados, perdidos dentro de si mesmos, estão agora arranchados na fazenda, que prospera. Enquanto Sinhá Vitória faz contas ( era uma esperta mulher), Fabiano aceita as do patrão e é sempre furtado por ele. Fala pouco, quase nem fala, mais murmura e gestua do que fala.Na cidade, um dia, quando vai à feira, é preso pelo soldado amarelo que, a fim de furtá-lo, joga com Fabiano o 31.Sinhá e Fabiano criam os meninos e neles já desponta a vontade de ser como o pai: vaqueiros. Há no romance uma personagem não acional: Seu Tomás da bolandeira, ex-patrão de Fabiano, homem bom e educado, que pedia "por favor"e agradecia. Sinhá Vitória sonha uma cama como a de seu Tomás; tal cama, na verdade, tão diferente da cama de vara onde dormiam, é o símbolo do homem não-nômade, o símbolo do que os brancos, com dinheiro, podiam comprar.Todo o romance dedica-se a visitar Fabiano pelo lado de dentro, seus pensamentos, frustrações e medos nos são revelados. Para isso, o narrador também se vale das descrições:"Vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais. Os pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se agüentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio.""Fabiano estava silencioso, olhando as imagens e as velas acesas, constrangido na roupa nova, o pescoço esticado, pisando em brasas. A multidão apertava-o mais que a roupa, embaraçava-o."(115)Pequenas alegrias cercam a família. Até que sobrevém nova seca. Esta, os alcança aos poucos, até que, rendidos, voltem a pensar em ir embora. Fabiano sabe que Sinhá Vitória tem razão: os meninos precisam aprender a ler, deve a família ir para o Sul, em busca de novas possibilidades.É o capítulo "Fuga"que fecha a narrativa. Não sabemos para aonde vão, sabemos que irão embora, buscando o lugar no mundo áspero como a paisagem sem chuva. </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-24790743808303310282009-02-26T16:56:00.000-08:002009-02-26T16:57:04.340-08:00Resumo do livro: Vidas Secas Autor: Graciliano Ramos versão 1<div align="justify">A obra se classifica entre o conto e o romance e fala do drama do retirante diante da seca implacável e da extrema pobreza que leva a um relacionamento seco e doloroso entre as personagens, quase um monólogo. Os participantes da história são: Fabiano o chefe da família, homem rude e quase incapaz de expressar seu pensamento com palavras; Sinhá Vitória, sua <a oncontextmenu="return false;" onmouseover="hw20553590972810(event, this, '-1096935916'); this.style.cursor='hand'; this.style.textDecoration='underline'; this.style.borderBottom='solid';" style="CURSOR: hand; COLOR: #006600; BORDER-BOTTOM: 1px dotted; TEXT-DECORATION: underline" onclick="hwClick20553590972810(-1096935916);return false;" onmouseout="hideMaybe(event, this); this.style.cursor='hand'; this.style.textDecoration='underline'; this.style.borderBottom='dotted 1px'; " href="http://www.mundocultural.com.br/resumos/vidassecas.htm#">mulher</a> com um nível intelectual um pouco superior ao do marido que a admira por isto; O menino mais novo, quer realizar algo notável para ser igual ao pai e despertar a admiração do irmão e da Baleia, a cadela; O menino mais velho, sente curiosidade pela palavra "inferno" e procura se esclarecer com a mãe, já que o pai é incapaz; A cadela, Baleia, e o papagaio completam o grupo de retirantes, na história; Representando a sociedade local, na história, estão o soldado amarelo, corrupto e arbitrário, impõe-se ao indefeso Fabiano que o respeita por ser representante do governo; Tomás da Bolandeira, dono da fazenda, onde a família se abrigou durante uma tempestade, e homem poderoso da região que impõe sua vontade. O livro tem l3 capítulos, até certo ponto autônomos, ligando-se por alguns temas. I - Mudança Este capítulo é o inicio da retirada, com as personagens citadas acima. Supõe uma narrativa anterior: "Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos." Tocados pela seca chegam a uma fazenda abandonada e fazem uma fogueira. A cachorra traz um preá: "Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as pálpebras, afastando pedaços de sonho. Sinhá Vitória beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensangüentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo," Fala da terra seca e do sofrimento. A comunicação é rara e ocorre quando o pai ralha com o filho e esse procedimento é uma constante no livro. Há uma intenção do autor de não dar nome aos meninos, para evidenciar a vida sem sentido e sem sonhos do retirante. "Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira duma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto." II - Fabiano "Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro. Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara - se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado." Contente dizia a si mesmo: "Você é um bicho, Fabiano." Mostra o homem embrutecido, mas capaz de auto-análise. Tem consciência de suas limitações e admira quem sabe se expressar. "Admirava as palavras compridas da gente da cidade, tentava reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas." III - Cadeia Na feira da cidade o soldado convida Fabiano para jogar baralho e depois desentende-se com ele e o prende arbitrariamente. A figura do soldado amarelo simboliza o governo e, com isto, o autor quer passar a idéia de que não é só a seca que faz do retirante um bicho, mas também as arbitrariedades cometidas pela autoridade. Ao fim do capítulo ele toma consciência de que está irremediavelmente vencido e sem ilusões com relação á sorte de seus filhos. "Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os <a oncontextmenu="return false;" onmouseover="hw16158995841810(event, this, '-1096935916'); this.style.cursor='hand'; this.style.textDecoration='underline'; this.style.borderBottom='solid';" style="CURSOR: hand; COLOR: #006600; BORDER-BOTTOM: 1px dotted; TEXT-DECORATION: underline" onclick="hwClick16158995841810(-1096935916);return false;" onmouseout="hideMaybe(event, this); this.style.cursor='hand'; this.style.textDecoration='underline'; this.style.borderBottom='dotted 1px'; " href="http://www.mundocultural.com.br/resumos/vidassecas.htm#">meninos</a> eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo." IV - Sinhá Vitória Enquanto o marido aspira um dia saber expressar-se convenientemente, a mulher deseja apenas possuir uma cama de couro igual a do seu Tomás da bolandeira, fazendeiro poderoso que é uma referência. Ela recorda a viagem, a morte do papagaio, o medo da seca. A presença do marido lhe dá segurança. V - O Menino Mais Novo Quer ser igual ao pai que domou uma égua e tenta montar no bode caindo e sendo motivo de chacota de irmão e da Baleia. O sonho do menino é uma forma de resistência ao embrutecimento, tal como a mãe que sonha com a cama de lastro de couro. VI - O Menino Mais Velho As aspirações da família são cada vez mais modestas. Tudo que o menino mais velho desejava era uma amizade e a da Baleia já servia bem: "O menino continuava a abraçá-la. E Baleia encolhia-se para não magoa-lo, sofria a carícia excessiva." VII - Inverno É a descrição de uma noite chuvosa e os temores e devaneios que a chuva desperta na família. Eles sabiam que a chuva que inundava tudo passaria e a seca tomaria conta de suas vidas novamente. VIII - A Festa É um dos capítulos mais tristes. É natal e a família vai à festa na cidade. Fabiano compara-se com as pessoas e se sente inferior. Depois da missa quer ir às barracas de jogo mas a mulher é contra porque ele bebe e fica valente. Acaba pegando no sono na calçada e em seus sonhos os soldados amarelos praticam arbitrariedades. A família toda sente a distância que os separa dos demais seres. Sinhá Vitória refugia-se no devaneio, imaginando-se com a cama de lastro de couro. IX - Baleia É um capítulo trágico. O autor faz uma humanização da cadela Baleia. Ela parece doente e será sacrificada. Desconfiada, tenta esconder-se. Não entende porque estão querendo fazer isso com ela. Já ferida ela espera a morte e sonha com uma vida melhor. Na história, a Baleia e sinhá Vitória são as personagens que conseguem expressar melhor os seus anseios. X - Contas Fabiano tem de vender ao patrão bezerros e cabritos que ganhou trabalhando e reclama que as contas não batem com as de sua mulher. Revolta-se e depois aceita o fato com resignação. Lembra que já fora vítima antes de um fiscal da prefeitura. O pai e o avô viveram assim. Estava no sangue e não pretendia mais nada. XI - O Soldado Amarelo É uma descrição dessa personagem. Ele aparece como é socialmente e não como é profissionalmente. A sua força vem da instituição que representa. Mais fraco fisicamente, arbitrário e corrupto, acovarda-se ao encontrar-se à mercê de Fabiano na caatinga. Fabiano vacila na sua intenção de vingança e orienta o soldado perdido. A figura da autoridade constituída é muito forte no inconsciente de Fabiano. XII - O Mundo Coberto de Penas O sertão iria pegar fogo. A seca estava voltando, anunciada pelas aves de arribação. A mulher adverte que as aves bebem a água dos outros animais. Fabiano admira-se da inteligência da mulher e procura matar algumas que servirão de alimento. Faz um apanhado da suas desgraças. O sentimento de culpa por matar a Baleia não o deixa. "Chegou-se á sua casa, com medo, ia escurecendo e àquela hora ele sentia sempre uns vagos tremores. Ultimamente vivia esmorecido, mofino, porque as desgraças eram muitas. Precisava consultar Sinhá Vitória, combinar a viagem, livrar-se das arribações, explicar-se, convencer-se de que não praticara uma injustiça matando a cachorra. Necessário abandonar aqueles lugares amaldiçoados. Sinhá Vitória pensaria como ele." XIII - Fuga A esposa junta-se ao marido e sonham juntos. Sinhá Vitória é mais otimista e consegue passar um pouco de paz e esperança. O livro termina com uma mistura de sonho, frustração e descrença. Fabiano mata um bezerro, salga a carne e partem de madrugada. "E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos." </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-69506172014300014572009-02-26T16:55:00.000-08:002009-02-26T17:06:06.377-08:00Resumo do livro: Urupês Autor: Monteiro Lobato<a href="http://www.iel.unicamp.br/cedae/Exposicoes/Expo_Lobato_BL/urupes.jpg"><img style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 252px; CURSOR: hand; HEIGHT: 378px" alt="" src="http://www.iel.unicamp.br/cedae/Exposicoes/Expo_Lobato_BL/urupes.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Urupês é basicamente uma série de 14 contos, tendo como ênfase a vida quotidiana e mundana do caboclo, através de seus costumes, crenças e tradições.Os faroleirosDois homens conversam sobre faróis, e um deles conta sobre a tragédia do Farol dos Albatrozes, onde passou um tempo com um dos personagens da trama: Gerebita. Gerebita tinha um companheiro, chamado Cabrea, que ele alegava ser louco. Numa noite, travou-se uma briga entre Gerebita e Cabrea, vindo este a morrer. Seu corpo foi jogado ao mar e engolido pelas ondas. Gerebita alegava ter sido atacado pelos desvarios de Cabrea, agindo em legítima pessoa. Eduardo, o narrador, descobre mais tarde que o motivo de tal tragédia era uma mulher chamada Maria Rita, que Cabrea roubara de Gerebita.O engraçado arrependido Um sujeito chamado Pontes, com fama de ser uma grande comediante e sarrista, resolve se tornar um homem sério. As pessoas, pensando se tratar de mais uma piada do rapaz negavam-lhe emprego. Pontes recorre a um primo de influência no governo, que lhe promete o posto da coletoria federal, já que o titular, major Bentes, estava com sérios problemas cardíacos e não duraria muito tempo. A solução era matar o homem mais rápido, e com aquilo que Pontes fazia de melhor: contar piadas. Aproxima-se do major e, após várias tentativas, consegue o intento. Morte, porém inútil: Pontes se esquece de avisar o primo da morte, e o governo escolhe outra pessoa para o cargo.A colcha de retalhos Um sujeito (o narrador) vai até o sítio de um homem chamado Zé Alvorada para contratar seus serviços. Zé está fora e, enquanto não chega, o narrador trata com a mulher (Sinhá Ana), sua filha de quatorze anos (Pingo d'Água) e a figura singela da avó, Sinhá Joaquina, no auge dos seus setenta anos. Joaquina passava a vida a fazer uma colcha de retalhos com pedacinhos de tecido de cada vestido que Pingo d'Água vestia desde pequenina. O último pedaço haveria de ser o vestido de noiva. Passado dois anos, o narrador fica sabendo da morte de Sinhá Ana e a fuga de Pingo d'Água com um homem. Volta até aquela casa e encontra a velha, tristonha, com a inútil concha de retalhos na mão. Em pouco tempo morreria...A vingança da peroba Sentindo inveja da prosperidade dos vizinhos, João Nunes resolve deixar de lado sua preguiça e construir um monjolo (engenho de milho). Contrata um deficiente, Teixeirinha, para fazer a tal obra. Em falta de madeira boa para a construção, a solução é cortar a bela e frondosa peroba na divisa das suas terras (o que causa uma tremenda encrenca com os vizinhos). Teixeirinha, enquanto trabalha, conta a João Nunes sobre a vingança dos espíritos das árvores contra os homens que as cortam. Coincidência ou não, o monjolo não funciona direito (para a gozação dos vizinhos) e João Nunes perde um filho, esmagado pela engenhoca.Um suplício moderno Ajudando o coronel Fidencio a ganhar a eleição em Itaoca, Izé Biriba recebe o cargo de estafeta (entregador de correspondências e outras cargas). Obrigado a andar sete léguas todos os dias, Biriba perde aos poucos a saúde. Resolve pedir demissão, o que lhe é negada. Sabendo da próxima eleição, continua no cargo com a intenção de vingança. Encarregado de levar um "papel" que garantiria novamente a vitória de seu coronel, deixa de cumprir a missão. Coronel Fidencio perde a eleição e a saúde, enquanto o coronel eleito resolve manter Biriba no cargo. Este, então, vai embora durante a noite...Meu conto de Maupassant: Dois homens conversam num trem. Um deles é ex-delegado e conta sobre a morte de uma velha. O primeiro suspeito era um italiano, dono de venda, que é preso. Solto por falta de provas, vem morar em São Paulo. Passado algum tempo, novas provas incriminam o mesmo e, preso em São Paulo e conduzido de trem ao vilarejo, se joga da janela. Morte instantânea e inútil: tempo depois, o filho da velha confessa o crime."Pollice Verso" O filho do coronel Inácio da Gama, o Inacinho, forma-se em Medicina no Rio de Janeiro e volta para exercer a profissão. Pensando em arrecadar dinheiro para ir a Paris reencontrar a namorada francesa, Inacinho começa a cuidar de um coronel rico. Como a conta seria mais alta se o velho morresse, a morte não tarda a acontecer. O caso vai parar na justiça, onde dois outros médicos velhacos dão razão a Inacinho. O moço vai para Paris morar em Paris com a namorada, levando uma vida boêmia. No Brasil, o orgulhoso coronel Inácio da Gama fala aos ventos sobre o filho que andava aprofundando os estudos com os melhores médicos da Europa.Bucólica Andando pelos pequenos vilarejos e sítios interioranos, o narrador fica sabendo da trágica história da morte da filha de Pedro Suã, que morreu de sede. Aleijada e odiada pela mãe, a filha adoeceu e, ardendo em febre numa noite, gritava por água. A mãe não lhe atendeu, e a filha foi encontrada morta na cozinha, perto do pote de água, para onde se arrastou.O mata-pau Dois homens conversam na mata sobre uma planta chamada mata-pau, que cresce e mata todas as outras árvores ao seu redor. O assunto termina no trágico caso de um próspero casal, Elesbão e Rosinha, que encontram um bebê em suas terras e resolvem adotá-lo. Crescido o menino, se envolve com a mãe e mata o pai. Com os negócios paternos em ruína, resolve vendê-los, o que vai contra os gostos da mãe-esposa. Esta quase acaba vítima do rapaz, e vai parar num hospital, enlouquecida.Bocatorta Na fazenda do Atoleiro, vivia a família do major Zé Lucas. Nas matas da fazenda, havia um negro com a cara defeituosa com fama de monstro: Bocatorta. Cristina, filha do major, morre justamente alguns dias depois de ter ido com o pai ver a tal criatura. Seu noivo, Eduardo, não agüenta a tristeza e vai até o cemitério chorar a morte da amada. Encontra Bocatorta desenterrando a moça. Volta correndo e, junto a um grupo de homens da fazenda, sai em perseguição a Bocatorta. Esse, em fuga, morre ao passar num atoleiro, depois de ter dado o seu único beijo na vida.O comprador de fazendas Pensando em se livrar logo da fazenda Espigão (verdadeira ruína para quem a possui), Moreira recebe com entusiasmo um bem-apessoado comprador: Pedro Trancoso. O rapaz se encanta com a fazenda e com a filha de Moreira e, prometendo voltar na semana seguinte para fechar o negócio, nunca mais dá notícias. Moreira vem a descobrir mais tarde que Pedro Trancoso é um tremendo safado, sem dinheiro nem para comprar pão. Pedro, no entanto, ganha na loteria e resolve comprar mesmo a fazenda, mas é expulso por Moreira, que perdeu assim a única chance que teve na vida de se livrar das dívidas.O estigma Bruno resolve visitar o amigo Fausto em sua fazenda. Lá conhece a bela menina Laura, prima órfã de Fausto, e sua fria esposa. Fausto convivia com o tormento de um casamento concebido por interesse e uma forte paixão pela prima. Passado vinte anos, os amigos se reencontram no Rio de Janeiro, onde Bruno fica sabendo da tragédia que envolveu as duas mulheres da vida de Fausto: Laura sumiu durante um passeio, e foi encontrada morta com um revólver ao lado da mão direita. Suicídio misterioso e inexplicável. A fria esposa de Fausto estava grávida e deu a luz a um menino que tinha um sinalzinho semelhante ao ferimento de bala no corpo da menina. Fausto vê o sinalzinho e percebe tudo: a mulher havia matado Laura. Mostra o sinal do recém-nascido para ela que, horrorizada, padece até a morte.Velha Praga Artigo onde Monteiro Lobato denuncia as queimadas da Serra da Mantiqueira por caboclos nômades, além de descrever e denunciar a vida dos mesmos.Urupês A jóia do livro. Aqui, Monteiro Lobato personifica a figura do caboclo, criando o famoso personagem “Jeca Tatu”, apelidado de urupê (uma espécie de fungo parasita). Vive "e vegeta de cócoras", à base da lei do menor esforço, alimentando-se e curando-se daquilo que a natureza lhe dá, alheio a tudo o que se passa no mundo, menos do ato de votar. Representa a ignorância e o atraso do homem do campo. </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-86455644925363389582009-02-26T16:54:00.000-08:002009-02-26T17:07:37.348-08:00Resumo do livro: Ubirajara Autor: José de Alencar<a href="http://i.s8.com.br/images/books/cover/img6/1085326.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 180px; CURSOR: hand; HEIGHT: 180px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://i.s8.com.br/images/books/cover/img6/1085326.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Esta obra trata-se da formação da grande nação Ubirajara. Jaguarê , um caçador da nação araguaia procura um inimigo terrível para vencê-lo em combate de morte e ganhar nome de guerra. Para conseguir essa façanha, ele deixa sua taba e a presença de Jandira, sua futura esposa. Depois de alguns dias na selva, à beira do rio Tocantins-Araguaia, onde a nação Tocantim dominava, ele encontra Araci, filha desta valente nação. Jaguari propõe a Araci que retorne a sua nação e "diga aos seus guerreiros que eu os desafio ao combate". Mas, antes de Araci retornar, Pojucã, seu irmão, encontra com Jaguarê que propõe um combate leal. Depois de muito tempo de combate, os dois perceberam que eram iguais em força e valentia e se convenceram que nenhum derrubaria o outro, e para finalizar, eles resolveram disputar uma corrida. Quem chegasse primeiro na lança venceria o combate. Os dois tocaram juntos na lança, porém, esta ficou na mão de Pojucã. Ao arremessar a lança para matar Jaguarê, ela se voltou contra Pojucã e esse recebeu-a no peito. Logo, Jaguarê se torna o vencedor, leva Pojucã como prisioneiro para a festa da vitória, onde será reconhecido como Ubirajara. Na festa a nação araguaia, depois de Pojucã relatar o feito heróico de Ubirajara, Camacã, o grande chefe da nação araguaia e pai de Ubirajara, reconhece que seu filho passou por uma grande prova e o nomeou chefe da nação. Com a nomeação de guerreiro, Ubirajara no dia seguinte pegaria Jandira e a levaria para a cabana nupcial. Como Ubirajara não apareceu, ela partiu em busca de seu noivo. Na noite anterior, Ubirajara sonhara com Araci e foi ao seu encontro, sendo interrompido por Jandira. Então, ele disse a Jandira que ainda não escolhera o seio que geraria seu primeiro filho. Sendo um ritual, Ubirajara escolhe uma esposa digna de acompanhar o herói inimigo nos seus últimos dias e ter um filho de guerra, e Jandira foi a escolhida. Inconformada com a decisão e com o abandono, sujeitava-se a morte, por isso, fugira da cabana de Pojucã, antes da volta de Ubirajara para matar o prisioneiro. Ao chegar à grande taba dos Tocantins, como hóspede Ubirajara é acolhido por Itaquê o grande chefe dos Tocantins. Sendo de costume ele não poderia perguntar a origem nem o nome do hóspede. Então, Ubirajara tinha que escolher um nome, e o nome escolhido foi Jurandir. Araci avistou o caçador araguaia e adivinhou que ele viera a cabana de Itaquê para disputar sua beleza aos guerreiros Tocantins. Foram feitas muitas festas para o estrangeiro, mas, através da Lei de Hospitalidade, Araci não podia revelar o segredo do visitante. Depois de festas, Jurandir, conduzido pela virgem foi ao encontro de Itaquê, dizendo que viera servir ao pai de Araci, pois queria disputar aos outros guerreiros o seio de esposa de Araci. A partir daí, Jurandir deixou de ser estrangeiro e passou a fazer parte da cabana de Itaquê como servo do amor, trabalhando para o pai de sua noiva. Jurandir era o maior caçador e o melhor pescador, tudo estava em abundância na cabana do chefe dos Tocantins. Quando Araci foi procurar as plumas para fazer o cocar do amor, encontrou-se com Jandira. Araci quase foi atacada por Jandira, mas Jurandir chegou a tempo de impedir. Então, ele amarrou a mão de Jandira e as deixou a sós. Ficaram então competindo e defendendo o amor por Ubirajara. Depois de algum tempo, Araci desata os braços de Jandira e dá a ela a liberdade. Chega o dia do combate nupcial, os noivos de Araci estavam disputando sua posse. Depois de muitas provas típicas do costume indígena, Jurandir se consagra vencedor, mas antes de receber a esposa, devia declarar quem era, pois fora recebido como visitante e ninguém o conhecia. Itaquê pede a Jurandir que se identifique, pois ele não deixaria sua filha Araci, entrar numa taba onde habituasse quem tivesse ofendido um só de seus guerreiros. Sendo assim Jurandir se apresenta-se como Ubirajara, o chefe da grande nação Araguaia. Contou aos Tocantins o seu encontro com Pojucã, o combate que o venceu e que voltara no sol seguinte para assistir ao combate da morte. Nisso, Itaquê reconhece o matador de seu filho Pojucã, que havia partido para rastejar a marcha dos Tapuias. Mas não podia vingar seu filho pois o matador era seu hóspede e não admite que sua esposa Jacamim chore na frente de Jurandir o matador de seu filho. Itaquê disse a Ubirajara que nunca iria ofendê-lo em sua taba pela lei da hospitalidade e despede-se dele. Ubirajara ao partir propõe a guerra à Itaquê como inimigo, pois queria restituir a sua esposa. Então, Ubirajara vai até a sua nação buscar seus guerreiros, nisso liberta Pojucã e dá a ele a chance de lutar com sua nação. Depois de cinco sois, o chefe dos Araguaias volta à taba dos Tocantins, mas, antes de chegar encontra-se com os Tapuias que iam vingar Pojucã que havia incendiado a taba dos Tapuias. Como não era certo lutar as três tribos ao mesmo tempo , Itaquê, Ubirajara e Canicrã decidem que o vencedor de Tocantins X Tapuias iria combater com os Araguaias. Durante o combate entre Canicrã e Itaquê, Itaquê é atingido nos olhos por Pãa e atinge Canicrã, arrancando-lhe a cabeça. Então Ubirajara viu-se sem os guerreiros para vencer, mas viu Pãa, e mandou que Abeguar o apanhasse para ser escravo de Itaquê. Nisso, a nação Tocantim ficou sem o grande guerreiro Itaquê que ficara cego. Os Tapuias voltaram, com Agná à frente de sua nação, para vingar a morte de Canicrã seu irmão. Mas os Tocantins estavam sem um grande chefe que pudesse abrir-lhes o caminho da guerra já que Itaquê estava cego e Pojucã não agüentava brandir o arco de seu pai e jamais empunharia outro arco chefe menos glorioso. Então, com sua experiência Itaquê pede a Ubirajara e propôs a ele que empunhasse o arco de Itaquê e conquistasse por heroísmo uma esposa e uma nação. Então Ubirajara uniu a nação dos Tapuias e formou a grande nação dos Ubirajaras tendo duas esposas, Araci pelos Tocantins e Jandira pelos Araguaias que seriam mães de seus filhos. </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-19349948910028260542009-02-26T16:53:00.000-08:002009-02-26T16:54:09.457-08:00Resumo do livro: Triste fim de Policarpo Quaresma Autor: Lima Barreto versão 2<div align="justify">Policarpo Quaresma era um grande admirador e patriota do Brasil. Prezava tudo que era do país. Chegou a estudar violão com o trovador Ricardo Coração dos Outros, por acreditar que as modas de tal instrumento representava bem a nacionalidade. Vivia ele com a irmã Adelaide e com o criado Anastácio. A paixão por sua terra faz com que Quaresma, servidor público, sugerisse a adoção do tupi-guarani como <a oncontextmenu="return false;" onmouseover="hw6820674721634(event, this, '-1096935916'); this.style.cursor='hand'; this.style.textDecoration='underline'; this.style.borderBottom='solid';" style="CURSOR: hand; COLOR: #006600; BORDER-BOTTOM: 1px dotted; TEXT-DECORATION: underline" onclick="hwClick6820674721634(-1096935916);return false;" onmouseout="hideMaybe(event, this); this.style.cursor='hand'; this.style.textDecoration='underline'; this.style.borderBottom='dotted 1px'; " href="http://www.mundocultural.com.br/resumos/tristefimdepolicarpoquaresma_2.htm#">idioma</a> oficial do país, o fazendo virar motivo de chacota. Após passagem num hospício, Quaresma se retira para o campo, acompanhado por Adelaide e Anastácio. Torna-se proprietário de um sítio, o “Sossego”. Tal idéia fora proferida por Olga, sua afilhada. Empolgado com a possibilidade de se tornar exemplo, a fim de se emplacar um próspero Brasil agrícola, Quaresma emprega recursos financeiros, intelectuais e físicos. Na roça enfrenta dificuldades como o ataque de pragas e os empecilhos de se vender a produção. No Rio de Janeiro, navios de esquadras revoltosas exigem a renuncia do então presidente Floriano Peixoto. A esta altura, muitos idolatravam a nascente República e concordavam com um governo que a consolidasse. Quaresma pensa então em um governo forte que através de medidas inteligentes tornaria o Brasil uma potência. Logo se dispõe a somar-se as tropas oficiais atuando como Major. Até o fim da revolta, Quaresma reflete com tudo o que viu. Admitia que a pátria estava no caminho errado. Truculento, Floriano, “mão de ferro”, havia derramado muito sangue. Por se posicionar contrário a algumas atitudes Quaresma é preso em um calabouço à espera da morte. Ricardo e Olga tentam ajudá-lo, em vão. Não obtém o apoio necessário. Nesse momento da pátria, os brasileiros, antes idealizados por Quaresma, buscavam apenas defender os seus interesses pessoais. </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-1913753329387778542009-02-26T16:52:00.000-08:002009-02-26T17:08:55.132-08:00Resumo do livro: Triste fim de Policarpo Quaresma Autor: Lima Barreto versao 1<a href="http://i.s8.com.br/images/books/cover/img9/223989.jpg"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 222px; CURSOR: hand; HEIGHT: 216px" alt="" src="http://i.s8.com.br/images/books/cover/img9/223989.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Este romance é a sua obra-prima. Verdadeira epopéia cômico-trágica de um "Dom Quixote" nacional, conta à história do major Policarpo Quaresma, um patriota ardoroso e ingênuo, que leva ao extremo o seu fanatismo nacionalista.Inicia por uma tentativa de REFORMA CULTURAL, dedicando-se a infrutíferas pesquisas folclóricas e chegando até mesmo a propor a adoção do tupi-guarani como língua oficial do Brasil. Devido ao exagero de suas esquisitices nacionalistas, é internado como louco num hospício.Quando sai de lá, resolve fazer uma REFORMA AGRÍCOLA. Compra um sítio para pôr em prática a sua teoria de que as terras brasileiras eram as mais férteis do mundo, capazes de saciar a fome nacional. Maior do que a luta contra os elementos da natureza, é o seu confronto com as deficiências administrativas, os impostos, a burocracia, a politicagem.Sua derradeira tentativa é a REFORMA POLÍTICA: adere ao "governo forte" de Floriano, em quem vê o "salvador da pátria". Mas, com a "Revolta da Armada", fica indignado contra a violência do tratamento dado aos derrotados. Escreve uma carta-protesto. Considerado, por isso, um traidor, Quaresma é preso e condenado à morte. Enquanto aguarda sua execução, Quaresma faz uma lúcida autocrítica de seu nacionalismo ingênuo, compreendendo a distância que havia entre seus ideais patrióticos e a realidade mesquinha de sua época. </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-1245115659534397382009-02-26T16:51:00.000-08:002009-02-26T17:11:22.781-08:00Resumo do livro: Senhora Autor: José de Alencar<a href="http://i.s8.com.br/images/books/cover/img5/1028775.jpg"><img style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 221px; CURSOR: hand; HEIGHT: 194px" alt="" src="http://i.s8.com.br/images/books/cover/img5/1028775.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div align="justify">Senhora, de José de Alencar, é um romance passado na primeira metade do século XIX e que expõe ao leitor, como pano de fundo, valores e costumes da aristocracia escravista do Segundo Reinado. O romance conta-nos à vida de uma bela moça desiludida e rancorosa chamada Aurélia Camargo. Aurélia passou uma infância pobre junto à mãe doente e um irmão que veio a falecer na adolescência. Narrado em terceira pessoa; o Preço), narra os episódios atuais, enquanto que a Segunda parte (Quitação), fala-nos do passado de Aurélia, seguem os capítulos: Posse e Resgate. Aurélia foi o fruto da união entre o filho de um rico fazendeiro e uma órfã pobre. Seu pai, Pedro de Sousa Camargo, era o filho natural de Lourenço de Sousa Camargo, um homem prepotente e severo que vivia isolado em suas terras. Lourenço, apesar de não reconhecer o filho como herdeiro, mantinha-o no Rio de Janeiro com uma boa vida enquanto estudava Medicina. Foi na corte que Pedro conheceu a mãe de Aurélia, Emília Lemos, pobre e órfã e por quem apaixonou-se. Emília morava com um irmão mais velho, Manuel José Correia Lemos que, tão logo soube do romance entre a irmã e o estudante, oportunistamente tratou de exigir do moço um documento que legitimasse sua condição de herdeiro se quisesse casar com Emília. Diante desta impossibilidade devido à conflituosa relação que mantinha com o pai, Pedro decidiu fugir e casar às escondidas com Emília. O velho Lourenço, sabendo que o filho vivia com uma moça de família raptada, ordenou-lhe que largasse a Corte e regressasse à fazenda. Pedro manteve em segredo sua paixão assim como seu casamento, e teve de viver separado da esposa. Não teve escolha. O pai o abandonaria sem herança caso soubesse a verdade. Após ter passado um ano da separação, Pedro consegue ir ao Rio em visita. Lá retorna sua forte relação com Emília e conhece seu primeiro filho, Emílio, de dois meses. Mantêm em sigilo seus encontros com a esposa e o faz intercalando meses passados na fazenda com o pai e semanas no Rio, com sua família. Nessas circunstâncias nasce Aurélia. Certo dia, Lourenço comunica ao filho da sua intenção em que se case com uma moça rica da região. Pedro resolve então partir para unir-se á sua esposa e filhos. Ao fugir acaba morrendo em um rancho. O dono do rancho, de posse de uma maleta que Pedro levava consigo, guarda-a com a intenção de entregá-la a Lourenço. O que de fato ocorre, porém muitos anos mais tarde. Aurélia vai crescendo ao desamparo, quase à míngua. A condição humilde em que vive, e a mãe doente precisando de cuidados não lhe traz alternativas a não ser expor-se à janela na tentativa de arranjar um casamento. Imposição da própria mãe. Aurélia, que por sua estonteante beleza atraía os mais finos moços da Corte, sente-se humilhada ao submeter-se a galanteios vulgares. Seu próprio tio lhe faz uma proposta indecorosa para que se torne prostituta oferecendo-se como seu mediante. Apesar da descida de sua reputação, é estimada por dois rapazes da sociedade: Eduardo Abreu e Fernando Seixas. Aurélia e Fernando apaixonam-se; ele pedindo-a em casamento. Mas a felicidade para Aurélia dura pouco. Apesar da intensa relação amorosa, Fernando, possuidor de personalidade interesseira, se vê tentado a casar-se com outra moça, Adelaide, em que receberia um dote de trinta contos. O pai de Adelaide queria impedir que a filha se casasse com Dr. Torquato Ribeiro, por quem nutria profunda antipatia. Fernando desmancha o namoro com Aurélia para casar-se com Adelaide. Manuel Lemos, tio de Aurélia, fora o agente catalisador desta trama de interesses; queria a sobrinha disponível, pois intentava tirar proveito econômico de sua beleza. A essa altura, Lourenço Camargo recebe do dono do rancho em que o filho faleceu, a tal maleta que por tantos anos estava guardada. Abrindo-a, Lourenço encontra uma extensa carta que Pedro lhe escrevera contando toda a verdade sobre seu amor por Emília e pedindo-lhe perdão. O pai, após ler a carta e com o coração enternecido, decide reparar seu erro por ter sido tão rígido com o filho. Vai ao Rio de Janeiro procurar Aurélia e os netos e a faz herdeira de sua fortuna. Algum tempo depois morre Emília Lemos. Aurélia, enquanto aguarda os trâmites da herança que a fará milionária, recebe o apoio de sua parenta distante, D. Firmina Mascarenhas e do Dr. Torquato. De posse da fortuna que lhe fora destinada e tendo como tutor seu tio Lemos, Aurélia incube-o da administração dos negócios. Sente-se então, a partir daí, livre para seguir seus caprichos. A primeira parte do livro: O Preço, narra o período atual em que vive Aurélia, cercada de riquezas. A vida opulenta que passa a ter leva-a a freqüentar os salões aristocráticos da época. Nesta parte do livro, há um brilho de linguagem que se assemelha ao brilho deste novo ambiente, mantido através de gestos calculados, diálogos estudados e corteses e todo um jogo de interesses, oculto atrás de aparências. Aurélia, após ter-se estabelecido confortavelmente em suntuosa mansão, ordena ao tio Lemos que dê trinta contos ao Dr. Torquato Ribeiro, possibilitando-o de efetuar seu casamento com Adelaide Amaral. Para Fernando Seixas, pede ao tio, que ofereça a quantia de cem contos para casar-se com uma moça desconhecida, rica e jovem. Fernando não aceita a proposta, sentindo-se ultrajado. Mas no dia seguinte a conversa com Lemos, a mãe pedira-lhe vinte contos para o enxoval de Nicota, a filha caçula. Fernando se vê então preso a uma dívida doméstica, pois já havia usado quase toda a poupança da família com os próprios gastos. Resolve então aceitar a proposta de Lemos desde que lhe sejam adiantados vinte contos. Lemos concorda e Fernando entrega o dinheiro à mãe. Quando Lemos apresenta a noiva a Fernando, este entra em êxtase por se tratar de Aurélia. Outrora a abandonara, porém nunca deixou de amá-la. Sente-se um felizardo. Mal sabendo ele que tudo não passa de um engodo, um plano de Aurélia para vingar-se do ex-namorado que no passado a abandonou. O iludido rapaz, sem desconfiar, vai abrindo seu coração à noiva até o dia em que se casam e então sofre a grande decepção de sua vida. Fernando apesar de não ser rico, era aceito pela sociedade aristocrática por sua beleza e suas maneiras elegantes. Escrevia crônicas e era funcionário público. No Segundo Reinado eram comuns casamentos por conveniências. Acontecia que, muitas vezes, o amor germinava mesmo em tais circunstâncias. Fernando segue confiante até a primeira noite do seu casamento, quando Aurélia o leva a seus aposentos finalmente decorados e comunica-lhe com frieza que dormirão em quarto separados, além do que não haverá nenhuma intimidade entre eles. Aurélia prossegue em seu discurso deixando-lhe bem claro o papel de marido comprado apenas para manter as aparências na sociedade. E que a relação entre ambos será de senhora e objeto possuído. Fernando, nesta noite, não dorme. Não toca em nada do que lhe é oferecido. Decide continuar trabalhando na repartição mesmo contra a vontade de Aurélia. Guarda os oitenta contos. Na terceira parte do livro: Posse, a narrativa transcorre em torno do conflito entre Fernando Seixas e Aurélia Camargo. Desenvolve-se entre o casal um ódio mórbido recíproco, enquanto tentam manter uma falsa felicidade. Certa ocasião Aurélia contrata um artista para pintar o retrato do marido. Desejava colocá-lo ao lado do seu na parede da sala. A obra não a agradou, pois as feições de Fernando denotavam abatimento. Ordenou ao artista que suspendesse o trabalho. A contragosto do artista, que alega ter pintado a alma do modelo, o quadro é interrompido. A partir daí Aurélia empenha-se em amenizar a relação com Fernando porque o quer com o semblante tranqüilo. Fernando, mais uma vez iludido com as seduções da mulher, perde a dureza da expressão. Aurélia pede ao pintor que retorne a obra. Este, por sua vez, capta as novas feições suavizadas de Fernando e ainda, sob a orientação de Aurélia, pinta-o com as roupas que usava quando conheceram-se em Santa Tereza. O trabalho concluído é colocado na parede do seu quarto enquanto o outro retrato em que o marido aparece com a expressão dura, é exposto na sala de visitas. Certo dia, Aurélia leva Fernando ao seu quarto e mostra-lhe o quadro, dizendo-lhe que ali estava o homem que ela ainda amava. O artista conseguira captar a alma deste homem. Continua a lhe falar que quando ele voltasse a ter essa pureza, tornaria a amá-lo. Tem um orgasmo involuntário diante da obra deixando Fernando perplexo. "Seixas estava atônito. Sentindo-se ludíbrio dessa mulher, que o subjugava a seu pesar, escutava-lhe as palavras, observava-lhe os movimentos e não a compreendia. Chamava a si a razão, e esta fugia-lhe, deixando-o estático”.Nos tempos de Santa Tereza, Eduardo apaixonara-se perdidamente por Aurélia. Rumou para a Europa na tentativa de esquecê-la. Depois de casada, Aurélia, sabendo que o rapaz havia caído em miséria e estava preste a cometer suicídio, intercedeu e passou a ajudá-lo desde então com dinheiro e atenção. Um dia, ao chegar em casa, Fernando surpreendeu-os conversando. Enciumou-se. Aurélia, por sua vez, cismava que ainda existia algo entre o marido e Adelaide, pois encontrara um antigo presente da moça junto às coisas de Fernando. As brigas em torno dessas desconfianças chegam a um alto grau de ofensas mútuas quando Fernando comunica que quer formalizar a separação. Aurélia tenta justificar-se, mas Fernando é inflexível, quer restituir-lhe o dinheiro do contrato imediatamente. Fernando fizera economias com o salário da repartição e ainda conseguira ganhar mais quinze contos de um antigo negócio que só agora lhe rendera lucro. Devolve à Aurélia o que lhe pertence, os cem contos, e reconquista sua liberdade de ser. Pronto para deixá-lo, Aurélia detém-se para dizer-lhe que após terem se tornado, ambos, estranhos um ao outro, ter-lhe submetido às suas ofensas e humilhando-o durante onze anos, ainda assim seu amor continua intacto. Ajoelha-se a seus pés e suplica-lhe que aceite seu amor. "-Aquela mulher que se humilhou, aqui a tens abatida, no mesmo lugar ode ultrajou-te, nas iras de sua paixão. Aqui a tens implorando teu perdão e feliz porque te adora, como o senhor de sua alma”.Fernando ergue-a em seus braços e beija-a com paixão. Mas, possuído por um pensamento desesperançoso, afasta seu rosto do dela, olha-a com profundo pesar e diz: "- Não Aurélia! Tua riqueza separou-nos para sempre".Aurélia, então solta-se do marido, vai até o toucador e volta com um envelope contendo seu testamento. "Ela despedaçou o lacre e deu a ler a Seixas o papel. Era efetivamente um testamento em que ela confessava o imenso amor que tinha ao marido e o instituía seu universal herdeiro. - Eu o escrevi logo depois do nosso casamento; pensei que morresse naquela noite, disse Aurélia com gesto sublime. Seixas contemplava-a com os olhos rasos de lágrimas. - Esta riqueza causa-te horror? Pois faz-me viver, meu Fernando. É o meio de a repelires. Se não for o bastante eu a dissiparei”. </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376433568287688123.post-22231270182486080782009-02-26T16:50:00.000-08:002009-02-26T16:51:11.541-08:00Resumo do livro: Quincas Borba Autor: Machado de Assis<div align="justify">A História gira em torno da vida de Rubião, amigo e enfermeiro particular do filósofo Quincas Borba (maruja em "MP de BC"-1881). Quincas Borba vivia em Barbacena e era muito rico, e ao morrer deixa ao amigo toda a sua fortuna herdada de seu último parente.Trocando a pacata vida provinciana pela agitação da corte, Rubião muda-se para o Rio de Janeiro, após a morte de seu amigo, causado por infecção pulmonar.Leva consigo o cão, também chamado de Quincas Borba, que pertencera ao filósofo e do qual deveria cuidar sob a pena de perder a herança. Durante a viagem de trem para o Rio de Janeiro, Rubião conhece o casal Sofia e Palha, que logo percebem estar diante de um rico e engenuo provinciano.Atraído pela amabilidade do casal e, sobretudo, pela beleza de Sofia, Rubião passa freqüentar a casa deles, confiando cegamente no novo amigo. Palha, este novo amigo, se destaca como um esperto comerciante e <a oncontextmenu="return false;" onmouseover="hw10282323670238(event, this, '-1096935916'); this.style.cursor='hand'; this.style.textDecoration='underline'; this.style.borderBottom='solid';" style="CURSOR: hand; COLOR: #006600; BORDER-BOTTOM: 1px dotted; TEXT-DECORATION: underline" onclick="hwClick10282323670238(-1096935916);return false;" onmouseout="hideMaybe(event, this); this.style.cursor='hand'; this.style.textDecoration='underline'; this.style.borderBottom='dotted 1px'; " href="http://www.mundocultural.com.br/resumos/quincasborba.htm#">administra</a> a fortuna de Rubião, tirando parte de seus lucros. Com o tempo, Rubião sente-se cada vez mais atraído por Sofia, que mantém com ele atitude esquiva, encorajando-o e ao mesmo tempo impondo uma certa distância. Por Outro lado, a ingenuidade de Rubião torna-o presa fácil de várias outras pessoas interessadas e oportunistas, que se aproximam dele para explorá-lo financeiramente. Aos poucos, acompanhando a trajetória de Rubião, percebe-se como funciona a engrenagem social da época. Como ocorre a disputa entre as pessoas, as lutas pelo poder político e pela ascensão econômica da época, dessa maneira, o romance projeta um quadro também bastante crítico das relações sociais da época. A Corte era a capital, o Rio de Janeiro, cuja a moda era ditada pela tendência Francesa. Depois de algum tempo, Rubião começa a manifestar sintomas de loucura, que o levara a morte, a mesma loucura de que fora vítima o seu amigo, o filósofo Quincas Borba, de quem herda a fortuna. Louco e explorado até ficar reduzido à miséria, o destino trágico de Rubião exemplifica a <a oncontextmenu="return false;" onmouseover="hw9565646151238(event, this, '-1096935916'); this.style.cursor='hand'; this.style.textDecoration='underline'; this.style.borderBottom='solid';" style="CURSOR: hand; COLOR: #006600; BORDER-BOTTOM: 1px dotted; TEXT-DECORATION: underline" onclick="hwClick9565646151238(-1096935916);return false;" onmouseout="hideMaybe(event, this); this.style.cursor='hand'; this.style.textDecoration='underline'; this.style.borderBottom='dotted 1px'; " href="http://www.mundocultural.com.br/resumos/quincasborba.htm#">tese</a> do Humanitismo. Seguindo a trajetória do Humanitismo, a filosofia inventada por Quincas Borba, de que a vida é um campo de batalha onde só os mais fortes sobrevivem. Os fracos e ingênuos, como Rubião, são manipulados e aniquilados pelos mais fortes e mais espertos, como Palha e Sofia, que no final, estão vivos e ricos, tal como dizia a teoria do Humanitismo. Esse Principio de Quincas Borba: nunca há morte, há encontro de duas expansões, ou expansão de duas formas. Explicando de uma melhor maneira, criou a frase: "Ao vencedor às Batatas!", principio este, que marcou e é o enfoque principal do enredo. </div>Literaturahttp://www.blogger.com/profile/14691110560437850821noreply@blogger.com0