quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Resumo do livro: Dom Casmurro Autor: Machado de Assis (1899/ Realismo)


D. Casmurro é o terceiro romance realista que faz parte da chamada "obra madura"de Machado de Assis ( os outros são Memórias Póstumas de Brás Cubas ( 1881) e Quincas Borba ( 1892) e , para os teóricos da Literatura é o mais importante e bem acabado romance do escritor.

Além disso, guarda dentro dele, a personagem mais inquietante daquele autor realista: Capitu, a que tem "os olhos de cigana oblíqua e dissimulada", os famosos "olhos de ressaca".

Cem anos passados desde a publicação, o romance continua sendo instigante e inovador e despertando nos leitores a sensação de que, para entender Machado de Assis, há muito, ainda, que se jogar com ele um bom jogo de xadrez.

O livro está disposto em 148 capítulos curtos e se inicia quando Bento Santiago, um advogado de 50 e poucos anos se dispõe a "atar as duas pontas da vida e restaurar na velhice a adolescência". Para isso, ele precisa contar com você, leitor. Precisa também engana-lo e seduzi-lo a fim de provar que Capitu o traiu, a fim de contar com você para concluir isso ou desculpar-se. Toma você, leitor, como um refém desde o segundo capítulo.

Narrado em primeira pessoa, o que significa sempre um perigo, o romance é integralmente contado por Bento Santiago que o conduz de maneira parcial e, ainda, leva o leitor a conhecera história por meio de alinearidade temporal. Ou seja: está aí obtida uma outra armadilha: enquanto quem o lê procura colocar em ordem temporal a narrativa, o narrador vai contando, como quem não quer nada, a sua história de suposições, ciúmes e desconfianças.Linearmente, a história é a seguinte: Quando Bento Santiago nasceu, a mãe prometeu que o daria como padre à Igreja se ele crescesse saudável ( ela havia perdido um outro filho, antes dele); o pai morreu em seguida e D. Glória criou o menino entre carinhos e mimos. Na casa, ficaram os adultos e seus problemas: a mãe viúva, ainda bonita, a prima Justina, o tio Cosme e n José Dias, um agregado, que tem as falas sempre marcadas por superlativos.

No início da adolescência, ainda em casa porque a mãe hesitava em manda-lo para o seminário, Bentinho se apaixona pela vizinha Capitu, amigos que eram desde a infância. E Capitu se apaixona por ele.Alertada por José Dias, D. Glória resolve mandar o filho ao seminário. Bentinho e Capitu são separados, então, para a grande tristeza de ambos. Mas no seminário, Bento Santiago conhece Escobar Ezequiel, que lá estava para estudar para o comércio, e este lhe sugere que fale com a mãe para pedir ao bispo uma troca: Bentinho deixaria o seminário e D, Glória pagaria a um menino pobre para estudar e ser padre.E assim foi feito. Livre para o amor de Capitu, Bento vai para São Paulo estudar Direito e de lá volta formado. Casa-se com Capitu no mesmo dia que Escobar casa-se com Sancha, a dileta e querida amiga de Capitu.

Desde o início da narrativa, Bento Santiago encarrega-se de algo detestável: dissiminar no leitor a desconfiança. Para tanto, conta episódios em que Capitu é vista como dissimulada ( o beijo, o jogo do sério...). Cria, a cada capítulo e com genial maestria, a desconfiança do leitor que, por fim, há de lhe dar razão quanto à traição da mulher.

Casados, não tinham filhos. Sancha e Escobar têm uma menina que, em homenagem à amizade, recebe o nome de Capitolina.Capitu engravida finalmente e nasce Ezequiel. É aí que começa a tormenta: para Bentinho, o menino se assemelhava, cada dia mais, ao amigo Escobar.

Um dia, tomado pela obsessão do ciúme, resolve ir à cidade e comprar um veneno: quer matar-se. Mas também vai ao teatro e vê Othelo, de Shakespeare, drama que trata da tragédia que a desconfiança faz nas criaturas. Ao voltar, depois de oferecer numa xícara de café o veneno ao pequenino Ezequiel e arrepender-se na última hora, briga com Capitu que o surpreende a dizer a Ezequiel que não é o pai dele. E, por fim, vão Ezequiel e Capitu para a Suíça, num exílio imposto pelo marido desconfiado e infeliz.

Capitu morre na Europa; Ezequiel, já adulto, vem visitar o pai. Mas, ao voltar para as escavações no norte da África, morre de uma febre esquisita.

No fim do romance, o narrador nos anuncia livre para escrever a História dos Subúrbios.

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